CAT POWER NA ESTAÇÃO PARAÍSO DO METRÔ – COMO FOI

De surpresa, Cat Power anunciou numa rede social que iria fazer um mini-show gratuito numa estação de metrô em São Paulo, assim como já haviam feito Rodrigo Amarante e Marcelo Jeneci, dias antes, pra promover o Popload Festival, que acontece dias 28 e 29 de novembro de 2014. O anúncio foi feito apenas uma hora e meia antes da apresentação começar.

Estava marcado pras cinco e meia da tarde, estação Paraíso do metrô, uma das mais movimentadas da rede, pouco antes da hora do rush. Previsões: lotação e tumulto; som prejudicado pelo ambiente; mais curiosos do que fãs, que nem conseguiram saber do evento a tempo, e, por isso, muitas reclamações.

Todas as previsões se confirmaram. Cheguei à estação quinze minutos antes da apresentação e já havia uma enorme aglomeração em frente ao diminuto palco montado na rota entre as linhas Verde e Azul. Àqueles fãs à espera de Cat Power, juntavam-se muitos curiosos, gente que passa por ali todos os dias naquele horário, de volta pra casa.

O ruído dos trens também soava alto e quem acompanha o Floga-se, sabe que esse ambiente todo contribui pra experiência (lembra-se deste show?).

Porque não se trata apenas de um espetáculo musical artístico. Não há condições técnicas pra se desfrutar das músicas singelas da cantora num ambiente desse – desconfio que não haja condições nem mesmo pra um Einstürzende Neubauten. E não se trata só de promover o festival, embora seja basicamente pra isso. Se trata, por outra, de levar a música, um outro tipo de música, àquelas pessoas que passam por ali todos os dias. É democratizar a arte, um estilo específico de música que aqui no Brasil vive fechado num grupinho, num gueto.

E pra esse fim, não importa se o som estava bom ou não, ou quem está lá pra ver, ou se o palco era baixo demais pra todos assistirem, ou se os ruídos de trens, pessoas ou sistema de som da estação vão atrapalhar. Simplesmente não importa. Ali, as pessoas teriam acesso gratuito a uma artista cujo ingresso pro show no festival custa quatrocentos e sessenta reais (por dia), ou cuja música muita gente jamais pensou em ouvir.

Sim, o som estava tenebroso. O sistema de som da estação e o ruídos dos trens realmente interferiram brutalmente na apresentação. A própria artista parecia, vez por outra, bem incomodada com a deficiência técnica. Mas as pessoas não. Nenhum problema importava e o público estava certo em não se importar. Todos se sentaram no chão da estação, se amontoaram desconfortavelmente, e compartilharam vinte minutos de uma grande artista – mesmo que muitos não fizessem a menor ideia de quem se tratava.

Só Cat Power e um violão, sua voz e sua interpretação corporal.

Ela exibiu poucas canções, em pouco mais de vinte minutos. Era, afinal, um pocket show.

Foi um bom aperitivo pra quem desembolsou uma pequena fortuna pra ir ao Audio Club vê-la, junto com tantos outros bons nomes. Pra quem não tem grana pra isso, valeu o gostinho, a experiência de ficar perto do ídolo. Vinte minutos de sossego no caos da metrópole.

Numa cidade como São Paulo, sempre cruel e massacrante com as pessoas, dar às pessoas um pequeno respiro é algo pra se aplaudir.

1. Great Expectations
2. Naked, If I Want To (Moby Graper cover)
3. Bully
4. (I Can’t Get No) Satisfaction (The Rolling Stones cover)
5. Metal Heart
6. Fool

Veja “Naked, If I Want To”:

E veja a sequência com “(I Can’t Get No) Satisfaction”, “Metal Heart” e “Fool”:

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Comentários

comentários

Um comentário

  1. ñ vi por esse lado, de tocar pra quem ñ conhecia…mas msm assim, no metrô, c/ o povo empurrando é phoda!

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