DEPRESSA MOÇO – MÚSICA PARA COMERCIAIS, CURTAS METRAGENS & OUTRAS COISAS

Há um frescor exalante na música do DEPRESSA MOÇO, projeto do carioca Carlos Otávio Vianna. Nas treze canções de “Música Para Comerciais, Curtas Metragens & Outras Coisas”, ele trafega pelo eletrônico, folk, pop, synthwave e poesia de uma maneira leve e, digamos, colorida, quente, ensolarada.

O disco foi lançado dia 30 de maio de 2016, via Crooked Tree Records, com produção do próprio Carlos Otávio (exceto a faixa “Na Estrada Ao Entardecer”, por Eric Brandão e Carlos Otávio Vianna).

As canções nunca agridem, nunca incomodam. São sempre amigáveis e convidativas, trazem calma e tranquilidade, embalam uma certa alegria. O próprio Carlos concorda: “gosto de Kruder & Dorfmeister, Thievery Corporation… galera chill out! Às vezes complicamos muito as coisas e deixamos a vida ainda mais pesada; às vezes, é bom ouvir um som porrada pra aliviar, mas minha vibe agora é mais calma”.

Além de Kruder & Dorfmeister e Thievery Corporation, o ouvinte identificará uma boa e interessante mistura de Kraftwerk, Moby (ouça “My Little Underworld”) e Massive Attack. “Adoro esses artistas, além de folk, Neil Young, J Mascis. Apesar de ter muitas referências eu não me guio muito pra fazer o trabalho. O titulo do disco define o que quis fazer mesmo. Associo muito música com imagem, um momento da vida que fica registrado na memória, como vídeo”.

Uma das faixas de destaque vem desses momentos registrados na memória e é um tanto “fofo”. “Conversa Sob O Pessegueiro” utiliza-se do sampler de uma cena de “Kung Fu Panda”, o desenho que se tornou um mega sucesso do cinema. No filme, Po (o panda) encontra com Mestre Oogway sob o pessegueiro e recebe o conselho na forma de um conhecido provérbio chinês: “o ontem é história; o amanhã é um mistério; mas o hoje é uma dádiva, é por isso que se chama presente” (veja a cena aqui).

“Eu tenho um filho de 10 anos e sempre gostei de desenhos animados, então pra mim foi natural brincar com aquilo. Depois de uma certa idade o tempo parece passar mais rápido, aí temos que aproveitar bem o presente”, diz.

É um provérbio que define o Depressa Moço! e a carreira musical de Carlos Otávio, um carioca de 45 anos, tecnologista da Fiocruz e atualmente envolto em pesquisas do zika vírus. Ele começou a fazer música lá em 1992 – como todo jovem, na garagem. Em 2002, os amigos formaram a Toledos y Peixotos, “um trabalho autoral baseado em rock de garagem, punk rock, hardcore e… pop”. Daí pra frente, experiências.

“Comecei a ir pra estúdio gravar ideias que não se encaixavam na proposta da banda. Preparava loops a partir de bases de outros artistas e gravava baixo, violão, guitarras e teclados. Tudo com apoio de Eric Brandão, o cara que era o técnico de som e produtor. Ele me ensinou algumas manhas pra gravar, que utilizei depois como Depressa Moço! Gravei dezessete músicas em uns cinco anos. Nesse período, resolvi mexer em aplicativos no iPad e no notebook. Aprendi a fazer colagens e utilizar o GarageBand. Arrisquei a fazer músicas eletrônicas e rock tudo com o iPad como ferramenta final de edição. Conheci André Buda no trabalho e apresentei a ele minha primeira canção feita no iPad, “Árvores E Nuvens”, que está no álbum “Playlist”, que foi lançado pela Crooked Tree Records (em fevereiro de 2016 – ouça aqui). Recebi uma boa crítica de uma comunidade do Facebook de Portugal! Isso me animou a fazer mais coisas. No disco seguinte, que é esse, decidi misturar eletrônica com músicas acústicas, tudo com um pouco mais de refinamento”, conta.

Ouça na íntegra:

“Música Para Comerciais, Curtas Metragens & Outras Coisas” é o segundo disco como Depressa Moço!. Antes, teve o citado “Playlist”, mas na página do Bandcamp, você pode achar “Fora Da Área De Cobertura” (ouça aqui) e outros.

O nome do projeto tem uma explicação vinda de outra referência, segundo conta Carlos: “sou fã de Depeche Mode; quando começamos a Quadria, minha nova banda, eu brinquei que faria um projeto eletrônico onde as coisas seriam feitas rapidamente. Aí encaixei Depressa Moço! Resumia a intenção e homenageava o Depeche (com as iniciais)”.

“Faço tudo sozinho (o que facilita). Tenho bases e loops, além de apps no iPad pras bases eletrônicas e ‘masterização’. Meus instrumentos são violão e guitarra. As músicas, na maioria, são feitas e gravadas em casa. Voz sempre direto no iPad, assim como captação do violão. Tenho um Macbook antigo, com um ‘jam pack’ com samples de bateria, teclados, baixos, efeitos, bem completo… Às vezes, edito os samples outras vezes não”, diz.

Ainda em 2016, vem mais um EP do Depressa Moço!: “se chamará ‘Entortando’, em homenagem à Crooked Tree, e não será convencional, será bem eletrônico com uma surpresa fora desse padrão. Fazer a música com o equipamento que tenho não é tão fácil, e requer um bom tempo e minimo de qualidade… Sou chato com isso. Um dia pretendo comprar um equipamento mais ‘profissional'”.

Apesar da produção ligeira e frutífera do Depressa Moço!, Carlos pretende se voltar à sua nova banda, a Quadria, calcada no rock de garagem, indie e pop: “será minha prioridade, vou dar uma parada com o DM!. No momento, vou voltar às raízes roqueiras”.

Enquanto isso, apresse-se em conhecer leveza do Depressa Moço!.

01. Nós Que Ficamos Mudos
02. Adrenalina
03. My Little Underworld
04. Como Quiser Syd!
05. Cinema Fora Da Lei
06. Cadentes
07. Doce De Cogumelo
08. Os Lugares Do Meio
09. Escapando Da Cena Do Crime
10. Na Estrada Ao Entardecer
11. Eu E Minha Viola Fora Da Área De Cobertura
12. Conversa Sob O Pessegueiro
13. Oferenda

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