LÊ ALMEIDA NA CASA DISSENSO – COMO FOI

Não, ninguém puxou houve um coro de “parabéns a você”. Talvez, Lê Almeida, que completou 27 anos no dia 31 de julho, nem fizesse questão. Naquela noite, o que ele queria de presente (ou um dos presentes) estava sendo dado por ele mesmo e por alguns amigos: um show decente, cheio de “noise”, como ele mesmo diz, num palco com som profissa – e na Casa Dissenso é sempre assim – e com uma plateia repleta de entusiastas.

Se ele ficou satisfeito, é difícil dizer. Posso falar pela plateia, que foi agraciada por mais um show divertido e barulhento, daqueles de deixar os ouvidos zunindo por algum tempo.

As apresentações de Lê Almeida são típicas: quase três dezenas de músicas, muitas delas de poucos segundos de duração, uma penca de coveres (normalmente do Pavement e/ou do Guided By Voices), um frontman tímido e uma banda que parece fazer aquilo como relaxamento, um hobby pessoal pra aliviar o estresse diário.

Engana-se, porém, quem pensa que ver um show do Lê Almeida é o mesmo que já ter visto todos. Eles seguem essa mesma estrutura, mas sempre há algo minimamente diferente. Pode ser a tal meia cobrindo o microfone – pra evitar choques (!!??). Pode ser a touca que ele está usando agora. Podem ser as coveres. Podem ser os convidados especiais. Alguma coisa vai ser diferente.

Nesse último sábado, na Casa Dissenso, teve tudo isso: a meia; a touca; a guitarra que precisou ser trocada, o que fez o grupo tocar duas coveres sem ele; e os convidados especiais, que aqui foram Gabriel Mattos e Danilo Sevali, ambos do Hierofante Púrpura, banda que tocou pouco antes de Almeida. Só não teve bolo e “parabéns pra você”. Mas fez falta? É fato que não.

A empolgação foi tanta, que Lê Almeida acabou por apagar sua própria voz do equilíbrio sonoro. O volume da guitarra foi aumentado de tal maneira que seu vocal quase não podia ser ouvido. A perda foi sentida, entretanto a porcentagem a mais de distorções e a entrega pro show acabaram compensado.

É que embora Lê Almeida pareça perfeccionista no discurso, na prática ele se entrega mais à vontade do que à forma. Pode ser coisa de quem ainda está nos trinques, comemorando apenas 27 anos, pode ser que seja seu apreço pelo lo-fi, num arroubo de estilo, pode ser mera empolgação, pode ser o eco de um tremendo “dane-se”. O fato é que ele deve ficar feliz não só por comemorar as bodas de um jeito bacana, mas também por uma apresentação entusiasmada.

É aquela velha e repetida história: ele é quem fez aniversário, mas quem ganhou o presente foi todo mundo.

a

01. Transpopirações
02. Jamais Saberei Dos UFOs
03. Canção Pro Beto Guedes
04. Espaçonavecida
05. Procuro Um Sono
06. Micropontes
07. Jardim Da Tarde
08. Curso De Datilografia
09. Run Run (Second Come Cover)
10. Eles Estão Na Minha Rua
11. Bike Never Die
12. Nunca Nunca
13. Pé De Amoras
14. Sonho K
15. 22 Anos
16. Mestre
17. Semi Hippie
18. Debris Slide (Pavement Cover)
19. Loretta’s Scars (Pavement Cover)
20. Má Bike Pt. 1 E 2
21. Amigo Comprimido
22. Por Favor Não Morra

“Debris Slide” (Pavement Cover), com participação especial de Danilo Sevali, do Hierofante Púrpura:

“Micropontes”:

“Jardim Da Tarde”:

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