QUANTO VALE A MÚSICA?

Está provocando uma bela discussão esse lance do Radiohead permitir o download do seu próximo disco, “In Rainbows”, pelo preço que o fã quiser pagar. Sim, depende de quanto você quer pagar (it’s up to you!”).

Alguns sites pelo mundo afora fizeram enquetes pra saber quanto as pessoas estão pagando pelo disco. Pode acreditar: a média está dando cinco libras, algo em torno de 20 reais. Justo? Nunca vamos daber. Um dos fãs deu uma desculpa matemática para ter pago £1,22: na Inglaterra, o preço “normal” de um CD é em torno de nove libras; a gravadora fica com 25% (ou £2,25), o que sobra £6.75; já o artista fica com 18% disso (em média), dando £1,215; portanto ele arrendondou pra cima e mandou o preço anunciado.

Na Venezuela, Hugo Chavez não permite o câmbio com o dólar e essa foi a desculpa de um fã para pagar… hã… nada! Zero libras. O que na verdade é impossível, já que foi preciso pagar pelo menos o custo da transação do cartão de crédito, £0,45.

A questão que todos estão levantando é quanto de fato vale a música de seu artista preferido. Muita gente vai baixar de graça o disco, quando ele for liberado. Mas muita gente, muita gente mesmo, está pagando pelas novas músicas, não sei se pela novidade, não sei se por achar que o Radiohead merece. O fato é que está dando certo. A banda teve custo zero para colocar o disco à disposição do “mercado”: bastou disponibilizar na Internet. E terá uma surpresa agradável em dois momentos, quando lançá-lo oficialmente, nas lojas, e quando voltar a fazer shows.

Muita gente admite comprar o CD novamente nas lojas, só pra ter a arte da capa, do encarte. E o mais óbvio, mas que a indústria e a maioria dos artistas ainda não conseguiram perceber, é que quando a turnê desse disco começar, todos estarão com as músicas na ponta da língua. Ir a um show em que as músicas são conhecidas e você realmente gosta vale mais, muito mais. O Radiohead captou a mensagem e fez o que fez.

Vai ganhar acima do que se imagina com essa, digamos, ousadia. Um tapa na cara das gravadoras, importadoras e executivos musicais que acham ser insubstituíveis. Até o momento eles ainda são importantes. Mas vão cair em desuso, vão virar menos importantes que uma vitrola. E as bandas vão continuar faturando com sua música.

Esse é o mundo ideal para quem gosta de música: pagar por ela quanto ela vale (ou quanto você acha que vale) e ainda dar uma grana pro seu artista favorito continuar produzindo. O melhor da história pode ser a seleção natural: as bandas ruins deixando os “fãs” pagarem quanto eles quiserem (quanto elas valem) podem sumir, por perceberem o quão inúteis são. Seria uma maravilha. Talvez por isso ainda existam gravadoras, para fazer com que os ouvintes não percebam o quanto esse lixo é lixo.

Seria um final feliz?

P.S.: A propósito, paguei uma libra pelo CD do Radiohead e, sim, vou comprá-lo quando sair na loja, em 2008, a infelizes 40 reais provavelmente.

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