REFLEXÃO

Música. O assunto deste blog é música. Música e algumas outras besteiras, mas o foco é sempre música.

É música porque gosto e sobre música que eu gosto. E que, no final das contas, se você lê isso, é sobre música que você também gosta.

Não quer dizer que seja sobre música boa, porque esse é um conceito muito pessoal. É sobre música boa para mim. Ou nem sempre isso, admito.

O que importa, além da música ser boa para mim, é que ela seja jovem. Não juvenil, não nova e nem sempre original, mas só jovem. Ainda gosto (de vez em quando) de Led Zeppelin, de U2, de Oasis, de Nirvana, de Radiohead, mas não são bandas que toquem com aquela vontade e vitalidade com que tocavam quando tinham 18 anos. Por outro lado, são bandas para as quais a gente corre sempre que quer ouvir algo realmente bom. Mas isso é outra história.

O que eu quero dizer tem, ao menos para justificar esse preâmbulo, algo a ver com o Radiohead. Ou com os shows que a banda fará no Brasil daqui a 20 dias.

Um amigo comprou o ingresso há poucos dias. Comprou só agora porque decidiu só agora ir. Não é dos maiores fãs, percebe-se. Não entrou naquela correria que imaginava-se aconteceria em dezembro, quando do começo da venda dos ingressos.

Correria que agora sabe-se não aconteceu.

E não aconteceu mais coisas do que se imaginava. A informação que deram a ele foi que havia ainda cerca 40% de ingressos disponíveis em São Paulo e mais da metade no Rio de Janeiro. O que isso quer dizer é muita coisa.

Primeiro que, como sempre, a maioria dos brasileiros tem uma mania chata de deixar tudo pra última hora. Torço para que seja isso mesmo e que a lotação esteja esgotada. Shows como esse precisam fazer sucesso para que se repitam sempre.

Mas é preciso perceber que há uma certa supervalorização dessas bandas. O Radiohead para 30 mil aqui no Brasil parece-me demais. Ainda mais com Kraftwerk. O Los Hermanos pode ser uma tentativa de salvar a pátria em termos populares.

Os produtores talvez leiam demais alguns blogueiros de rock – ou se baseiam em informações de vendas de discos que desconheço. Ou apenas gostam mesmo da banda. Esse blogueiros enaltecem algumas bandas, baseados em textos de publicações inglesas que nada mais fazem do que procurar a “nova grande banda”. É assim que vemos os CSS da vida surgirem.

A lista de bandas que tocaram para casas com público pela metade da lotação é respeitável. O Radiohead talvez entre nessa lista e repito: torço para que não. Agora, por conta disso, acham que o Radiohead é o U2 e lota estádios.

Eu levo na brincadeira os exageros desses colunistas. Exagerar é legal nesses casos. Falar que uma bandinha de nada, que imita bandas que a gente gosta, é a salvação do rock é bacana. Faz as pessoas ouvi-la. Não se pode levar a sério esse tipo de coisa. Enquanto virar papo de boteco, ok, dureza é quando vira base para negócios.

Numa lógica comercial, há um agravante: é preciso entender o Brasil como um mercado diferente dos da Europa, Japão e Estados Unidos. Aqui, a música independente, que por definição já atinge menos pessoas que o mainstream, sofre uma concorrência desigual. Temos axé, samba, pagode, sertanejo, MPB, bossa nova, dance, músicas folclóricas, chorinho, uma série quase interminável de estilos concorrentes, o que faz com que ainda menos pessoas tenham acesso, tempo, saco e grana para gostar desse tipo de música.

Aqui no Floga-se, tenho um bocado essa tendência, só por diversão. Mas sei que as bandas não são nada originais, que imitam outras que eu gosto. Falo de bandas novas porque é como se as que eu sempre curti ficassem mais jovens com essas imitações, lançando discos novos. Mas não há nenhum fundamento lógico, matemático ou preciso. Embora as notas musicais sigam um padrão matemático, longe de querer ser “catedrático” no assunto.

Mais uma vez: não se pode levar a sério.

Se você leva a sério, leia outra coisa.

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