THE BRIAN JONESTOWN MASSACRE NO CINE JOIA – COMO FOI

brian-jonestown-massacre-cine-joia

Finalmente, Anton Newcombe e sua turma vieram se apresentar no Brasil, após uma discografia de vinte discos nas costas, o mais recente de 2023, “The Future Is Your Past” (faça um favor a você mesmo e ouça aqui). Talvez não haja mais tantas guitarras bacanas e relevantes quanto a do Brian Jonestown Massacre – quer dizer, há, mas vivem nos subterrâneos por aí. As guitarras não são mais protagonistas comerciais, viraram coisa de nicho.

Mas no Cine Joia, neste 20 de abril de 2023, elas se basearam tanto em memória quanto em uma radiante euforia. Muito por conta da feliz escalação do que virou um pequeno festival: abrindo, a banda Bike, que tem o mérito de se manter ativa e persistente (vem disco novo aí), mas que fez pouca gente se impressionar, já o que o som, pra variar (algo constantemente irritante no Joia, um dos piores lugares pra ver show em São Paulo), estava terrível; e a grande surpresa do Trio Mocotó, com João Parahyba, Nereu Gargalo e Skowa se apresentando após quatorze anos de ausência dos palcos.

Se o som estava horrível também, não pareceu que o pessoal se importou muito, afinal a música do trio é divertidíssima, sem frescuras, sem pose, e com aquelas canções que sabe que conhece mas não lembrava de onde. Beleza, beleza, beleza!

bike-cine-joia

trio-mocoto-cine-joia

O problema foi o encaixe. Com a estatura do Trio Mocotó, ficou difícil até mesmo pra turma do Newcombe. A plateia estava lá pra ver o Brian Jonestown Massacre em ação, jogo ganho – esse é o tipo de público que a “sua banda preferida” pode cuspir na cabeça da audiência que vai ser aplaudida – a vitória viria de qualquer maneira. O BJM não é o tipo de banda que “se conecta” (desculpe-me pelo termo) muito com a plateia. O show é deles pra eles. Quem quiser curtir, a música taí, as viagens estão aí, a doideira está aí, é só manter os ouvidos atentos.

A banda de nove integrantes no palco usava uns aditivos durante a apresentação e parecia mesmo que estava tocando numa garagem qualquer, num estúdio qualquer.

Sorte da plateia, o som estava finalmente limpo (ou quase isso) e era possível distinguir (quase) todos os instrumentos, o que nesse caso é especialmente importante. Durante as duas horas de show, o que se viu foi uma conversa entre os músicos, trocando notas, acordes, distorções, viagens longas e esperando (mas não torcendo) a audiência entrar no jogo.

Nem sempre foi possível. Algumas pessoas simplesmente se encheram e resolveram ir embora após dois terços de apresentação. Perderam o melhor, que foi deixado pro final. Seis guitarras (Glenn Branca aprovaria, talvez, quem sabe) e todas elas fazendo algo diferente. Um tipo de som ao mesmo tempo compacto e envolvente nos poros, que literalmente passou a hipnotizar até os mais cansados até aquela altura.

O Brian Jonestown Massacre é aquele tipo de grupo que não escreve canções de fácil assimilação e digestão, mas que também não repelem o ouvinte. Ora, os anos 1960 não são tão difíceis assim musicalmente. Só que ao vivo se transforma numa força hipnotizante (insisto nessa força de expressão) pra sensações pouco experimentadas em uma só vida. A satisfação final é ver como as guitarras ainda podem usar seu poder, mesmo jogadas pra escanteio pelo consumidor atual.

Quem insiste nelas, no que elas podem oferecer, ganhou do Brian Jonestown Massacre um belo exemplo do que elas são capazes, multiplicadas por seis e potencializadas pela grande forma de um grupo que não se cansa jamais.

01. #1 Lucky Kitty
02. The Real
03. Fudge
04. Do Rainbows Have Ends?
05. Wait A Minute (2.30 To Be Exact)
06. Pish
07. Your Mind Is My Cafe
08. Don’t Let Me Get In Your Way
09. You Think I’m Joking?
10. Forgotten Graves
11. The Mother Of All Fuckers
12. Nightbird
13. Anemone
14. Servo
15. Sailor
16. Nevertheless
17. A Word
18. Abandon Ship

Leia mais:

Comentários

comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.