THE PINK LIGHTNING – THE RHYTHM OF OOZE

O picanço-barreteiro é o pássaro-símbolo de Saarbrücken, capital do menor estado da Alemanha, Sarre, que fica no sudoeste do país, na fronteira com a França. Seu pio é agudo e recortado, mas não muito alto. Numa cidade como Saarbrücken, com quase duzentos mil habitantes, apesar de tranquila e bem arborizada, os pássaros acabam passando desapercebidos.

O som de carros, bicicletas, ônibus, o zumzumzum característico de grandes aglomerações humanas está mais propício a guitarras e cantos graves. Como o da THE PINK LIGHTNING, uma dupla formada por Christian Berghoff e Sebastian Haas em Saarbrücken, dez anos atrás, em 2007.

Seu som está intimamente ligado com a neo-psicodelia ácida entregue pelo Wooden Shjips ou pelo Black Angels (citando o nome mais reconhecível), com guitarras circulares e nunca limpas, bateria sem viradas, órgão vintage e vocal espacial. É um som contemporâneo-voltado-ao-passado, como o rock adora fazer (é um estilo que procura sempre reverenciar o passado, afinal de contas).

Com dois discos cheios lançados, “There Are Witches In The Woods” (2012, ouça aqui) e “A Magic Lane Of Light And Rain” (2015, ouça aqui), a dupla chega em 10 de novembro de 2017 com o terceiro trabalho, “The Rhythm Of Ooze”, pela sempre atenta Fuzz Club Records (conheça mais).

Um garage blues rock ora pesado, ora viajante, coloca o ouvinte mais no sul dos Esteites do que numa fronteira bucólica Alemanha-França, mas não é algo a se deixar enganar. O Pretty Lightning também tem premissas kraut que processam corretamente a dupla no mapa. Alguns críticos pelo mundo fazem também uma ligação ao som que o Black Keys entregou nos dois primeiros discos, um blues sujo e revigorante.

O caso é que Saarbrücken se pinça no mapa não só por sua história de quase independência – estado que alcançou durante dez anos, ligada à França, após a II Guerra Mundial, antes de ser devolvida à Alemanha – e pela sua beleza, mas pela sua forma de reler um tipo de sonoridade nascida milhares de quilômetros dali, do outro lado do Atlântico.

Ouça “Willow Valley Blues”:

Ouça “This Machine Is Running”:

01. Thunder Mountain Return
02. Willow Valley Blues
03. Tangerine Steam
04. Loops
05. The Rhythm Of Ooze
06. This Machine Is Running
07. Rainbow Fantasies
08. Pale Yellow
09. Moles
10. Born To Snooze

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