CAMARONES ORQUESTRA GUITARRÍSTICA E TALMA&GADELHA NO INSTITUTO CULTURAL ITAÚ – COMO FOI

Uma “invasão potiguar” em pleno coração financeiro de São Paulo, a Avenida Paulista. O pessoal da DoSol, produtora, selo, estúdio de Natal, conseguiu quatro noites na bela e bem estruturada sala do Instituto Cultural Itaú pra mostrar oito bandas do cenário local. Escolhi a de sexta-feira, dia 10 de abril de 2015, por um motivo: Camarones Orquestra Guitarrística.

O quarteto já é bem rodado, com turnê internacional, quatro discos lançados, e uma experiência que vai além da própria banda. Ela é o coração da DoSol, a partir do casal Ânderson Foca e Ana Morena, e uma das bandas mais ativas do subterrâneo brasileiro. Nunca havia visto o grupo ao vivo, seria uma boa oportunidade. De quebra, tinha Talma&Gadelha.

A bem da verdade, nunca simpatizei muito com os discos da Camarones. Faltava algo que pegasse no coração. Mas, bem, ao vivo sempre é possível se surpreender. E foi exatamente o que aconteceu aqui. Que baita show, que baita vibração ao vivo! E que banda!

Ânderson Foca, guitarrista e teclas, com eventuais gritos, líder do movimento todo, fica à direta do palco. Do outro lado, o outro guitarrista, Fausto Alencar. Atrás, o vigoroso baterista Yves Fernandes. E ao centro… ah, ao centro… Ana Morena, a baixista, parece ser a alma voraz da banda. Que energia! Como disse, não vi outros shows do grupo, não sei se é sempre assim, mas ela, sempre com um sorriso contagiante no rosto, pula, dança, suinga, provoca os companheiros, se diverte e entusiasma a plateia.

Shows de rock devem ser assim também – e não só provocativos. Precisam ser divertidos. A música da Camarones tem esse grande poder de divertimento, um psychbilly instrumental sessentista, tarantinesco, e Ana Morena potencializa tudo com sua energia.

O grupo está lançando seu novo disco, o quarto, “Rytmus Alucynantis”, de 2015 (baixe-o e os anteriores, de graça, aqui), e é esse trabalho a base dos quase cinquenta minutos de show. “Silêncio, Barulho À Vista”, “Apocalypso”, “Cat Friend”, “Down The Ball”, “Rytmus Alucynantis” e “Xadrez Com Karpov” são metade da apresentação, que ainda percorre os outros discos.

São músicas vigorosas que explodem ao vivo, divertidíssimas (repito), que de alguma maneira não se mostram tão assim nas gravações de estúdio, mas são suficientes pra que eu reveja esse conceito e (re)ouça os discos com outro entusiasmo.

De tal sorte, o show no Instituto Cultural Itaú me incentivou a procurar novamente a banda pela agenda cultural e ver novamente ao vivo, dessa vez em pé, sem ser sentadinho numa confortável poltrona, como foi aqui. Tenho certeza que será ainda mais vibrante. Há poucas bandas como a Camarones no subterrâneo brasileiro. Aproveite e vá ver assim que possível.

Algo que fica ainda mais latente na comparação imediata com a banda seguinte, Talma&Gadelha. O quinteto também está lançando disco novo, no caso o terceiro, “Mira” (ouça aqui na íntegra), e sem empolga com a possibilidade de tocar num lugar tão bacana, com som legal, luz, palco, tudo.

Mas algo nessa banda não funciona. O romancê oitentista, com um jeitão meio Blitz séria, sem aquela papagaiada da banda carioca, é bem acessível, bem pop, e certamente agrada ouvidos mais fáceis. Só que cansa. Não fosse as invencionices noise do guitarrista Adriano Sudário, às vezes insano na condução das cordas, não haveria nada a chamar atenção aqui.

Sudário parece deslocado ali, mas é sua guitarra que sustenta a vitalidade do quinteto, ele que quebra a monotonia das canções meio teatrais de amor.

Não é pra mim, infelizmente.

Setlist Camarones Orquestra Guitarrística
01. Rock De Roqueiro
02. Silêncio, Barulho À Vista
03. Apocalypso
04. Corra Bátima
05. Terror Em Burzaco
06. Cat Friend
07. Down The Ball
08. Festa Dos Gatos
09. Rytmus Alucynantis
10. Xadrez Com Karpov
11. Caça Ao Lobisomem
12. Pipa

Setlist Talma&Gadelha
01. Valentina
02. Meu Croissant
03. Saquei
04. Ioiô
05. Babalú
06. Porque Todo Coração É Burro
07. Halls Preto
08. Me Beija
09. O Amor É Meu Vício
10. Homem De Lata
11. Me Fudi
12. Bons Conselhos

Veja a Camarones mandando “Cat Friend”:

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Comentários

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Um comentário

  1. Assisti a um show do Camarones em Natal, uns 4 anos atrás, na “casa” deles. E pelo que vc relata, posso dizer que sim, é sempre assim: a Morena é pura eletricidades no palco; a força motriz da banda. O Risu me disse que uma hora vem tocar em Maringá. Tô esperando ele cumprir a promessa!

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