LEAL – DON’T HYPE THIS

Leal é Vinícius Leal, guitarrista e vocalista da The John Candy, grande banda dos subterrâneos do Rio de Janeiro e uma das preferidas aqui da casa. O músico segue os passos do companheiro de banda Guilherme Almeida, que assina como Electric Lo-Fi Seresta (ouça o mais recente disco aqui), e apresenta seu disco-solo, “Don’t Hype This”.

O lançamento do dia 4 de setembro de 2017, via The Blog That Celebrates Itself Records, apresenta oito canções escritas, produzidas, executadas e gravadas por Leal, que são um convite a uma “delicada viagem intimista pelo mundo dos sonhos”.

Na apresentação oficial da obra, Leal fala sobre saudade: “melancolia, guiada por cintilantes melodias, que muitos conhecem como Dreampop, Leal, criou sua obra, se distanciando das conexões básicas de sua banda, abandonando o guitar pop, pra dar origem a uma doce e cândida experiência exalando o sentimento maior que resume o disco, a Saudade”.

O disco é bem bonito e de fato o adjetivo “cândida” talvez seja o mais apropriado pra descrever a obra, cujas canções não variam muito entre si – uma guitarra límpida e melancólica, com vocais sussurrados bem ao fundo e uma bateria eletrônica apenas de marcação – mas constroem uma linha melódica bem particular.

Há cenários idílicos que podem ser construídos a partir da audição dessas canções. Se o Electric Lo-Fi Seresta se aninha no terreno belíssimo do The Durutti Column, Leal é mais próximo da sua banda original, mas como se dela limpássemos todo peso e distorção e nos aproximássemos de um Teenage Fanclub de “Words Of Wisdom And Hope”, sem o vocal declamado de Jad Fair (“Play This Song” pode ser uma boa ligação entre os dois discos). Em ambos os casos, de Leal e do Electric, o ouvinte é transportado a tais cenários que ele mesmo cria, baseados em experiências prévias, baseados em… saudades!

“Don’t Hype This”, apesar do título aparentemente contracultural pros dias de hoje em que tudo precisa ser superlativado, mostra que há sentimentos que não precisam de adjetivações ou aos quais deveriam ser evitados adjetivações. Saudade é o mais forte deles – é uma dor que pode ser boa ou não, precedida de memórias agradáveis ou ruins. É melhor não tentar descrever e, por isso, Leal se expressa através da música, que também pode ser passageira (“6”, instrumental e a mais bonita e simples do disco, é o que se pode chamar de pop-anti-pop: bonita, de fácil assimilação e audição, mas sem apelos de retorno), como os momentos que queremos guardar.

Ouça na íntegra:

Curiosamente, a sensibilidade de “Don’t Hype This” não pode passar desapercebida e alguém precisaria superlativá-lo de alguma forma, com pena desse belo disco ficar renegado às sensações de poucos. Cantar a saudade não é um esforço que se deva depositar num pequeno nicho. Senão, ela passa e deixa de ser o que é.

1. Throwing Back Life
2. 15 Years
3. Little Cake
4. Play This Songs
5. Psyche This
6. 6
7. Chance To Blame Me
8. Spinning Back

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