PIXIES NO HAMMERSMITH APOLLO – COMO FOI

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Nunca é tarde pra conhecer uma banda. E quando há a oportunidade disso é há vontade, não há de se privar do prazer. O que vemos no relato abaixo, da correspondente do Floga-se na Inglaterra, Caroline De Carvalho, é que ela finalmente, vinte e seis anos após a banda lançar o primeiro registro, “Come On Pilgrim”, em 1987, pôde conhecer o Pixies e, melhor, ao vivo.

O show aconteceu nesse dia 24 de novembro de 2013, no Hammersmith Apollo, em Londres. Custou trinta libras (algo em torno de R$ 110,00) e, mesmo com o rigoroso inverno londrino se aproximando, era uma grande oportunidade. E ela, predisposta, resolveu encarar o frio pra abraçar a causa.

O Pixies, mesmo sendo acusado de estar fazendo hora extra na carreira (ainda mais sem Kim Deal – e já com Kim Shattuck), tem o poder de encantar e arregimentar novos fãs. Não é uma ex-banda em atividade (embora o último show, no primeiro SWU, tente nos dizer isso com insistência na memória, com exceção aos fãs): segue na ativa esgotando ingressos, lançou material novo em 2013 (ok, ruim: “EP 1”) e volta ao Brasil pro Lollapalooza 2014.

Se for como essa apresentação no Hammersmith Apollo, valerá a pena ir ao Autódromo de Interlagos pra vê-los. Aqui, a banda tocou por duas horas, trinta e cinco canções. No Lolla, provavelmente, terá no máximo uma hora, uma hora e quinze – tocará bem menos – e estará num habitat que não se sente muito bem, os festivais.

Mas com a vitalidade apresentada em Londres, com o fôlego que o novo lançamento deu a eles, talvez tenhamos em solo brasileiro um Pixies mais próximo do que encantou e encanta uma multidão de fãs por mais de duas décadas, e que conseguiu mais um: a própria correspondente.

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UMA BANDA DELICIOSAMENTE BIPOLAR
Texto e fotos: Caroline De Carvalho
Foto de abertura do post: The Line Of Best Fit

Era domingo e a noite estava fria, mais precisamente 2ºC.

Foi difícil sair de casa. Mas criei coragem, afinal ia assistir o Pixies pela primeira vez. E não comprei esse ingresso, que custou trinta libras, uns dois meses atrás, porque Pixies é uma das minhas bandas favoritas. Comprei, porque comecei a prestar mais atenção e conhecer um pouco mais desta banda com o Floga-se e companhias.

Sim, queria ver um show do Pixies e ver qual que é que a maioria das pessoas com gosto musical bacana, na minha opinião, via tanto ali. E antes de sair de casa fiz um pouco de lição: passei o final de semana lendo um pouco sobre a banda e ouvindo algumas músicas. Na enciclopédia do grande oráculo, diz que o “Pixies é uma banda norte-americana de rock alternativo formada em Boston, Massachusetts em 1986. O grupo separou-se em 1993”. É a Wikipidia.

Isso explica muito a minha falta de atenção com esta banda interessantíssima. Durante esta época eu até tinha um ouvido e gosto musical bacana (de novo, na minha opinião… mesmo porque gosto não se discute) mas não entrava música inglesa, americana, canadense, australiana e por ai vai no meu repertório musical. Eu curtia MPB, samba (veja bem, samba, não pagode) e ponto. Aí, a partir de 93 até 96 era o tal do samba, da MPB, o tal do reggae, do The Doors e ponto.

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Voltando ao Pixies. Li também: “a sua música foi muito influenciada pelo punk e surf rock, e embora fosse bastante melódica, também era capaz de conter material mais pesado”. Na minha pequena experiência de Pixies, pra mim, ela é uma banda deliciosamente bipolar! Desde a melodia mais “suave” de canções como “Here Comes Your Man”, “Monkeys Gone To Heaven”, “Where Is My Mind”, “Hey”, até a mais “pesada” do punk, ou hard rock, ou trash, sei lá – os especialistas que me corrijam – “Nirmrod’s Son”, “Head On”, “Bagboy”, e outras tantas mais pesadas que não consigo citar por não ter tanta intimidade com a banda.

O que não significa que eu não tenha respeito e admiração por ela. O que eu mais curti deste show foi observar o comportamento do público grisalho punk e alternativo que era jovem nas décadas de 80 e 90. O povo na frente do palco estava descontrolado. Mas um descontrolado consciente, à procura de resgatar o passado. Você via coroas super dispostos fazendo o tão famoso crowd surfing e chutando um ao outro alegre e educadamente.

E o vocalista Black Francies é um simpático, mas não um simpático que gosta de conversar com o público. Ele quer é mais tocar e entreter o público com música boa. Acho que “boa noite” foi a sentença mais longa que ele proferiu. Mas está certo, o público foi ao show pra cantar, escutar, dançar e não conversar.

O mais bacana era que quando eu já estava meio que cansada da barulheira, dos loucos surfando na pista e dançando, pá, de repente vem a melodia surfistinha de “Here Comes Your Man” pra pegar fôlego. O público cantou em coro várias músicas mas as que soaram mais alto foram “Hey”, “Here Comes You Man”, “Monkeys Gone To Heaven”, “Where Is My Mind” e as duas primeiras do bis, “Caribou” e “Wave Of Mutilation” (WTF?). O show começou às nove horas. Cheguei bem a tempo do Pixies, que tocou incansavelmente, sem interrupção, com apenas um “boa noite”, por duas horas.

E realmente foi uma boa noite, bem boa, pra um domingo de frio e pra finalmente adentrar no mundo dessa grande banda!

01. Bone Machine
02. Gouge Away
03. Broken Face
04. Magdalena 318
05. Bagboy
06. Levitate Me
07. Cactus
08. Crackity Jones
09. Head On (The Jesus and Mary Chain cover)
10. Ed Is Dead
11. Monkey Gone To Heaven
12. Distance Equals Rate Times Time
13. I’ve Been Tired
14. No. 13 Baby
15. Brick Is Red
16. Blue Eyed Hexe
17. Dead
18. River Euphrates
19. Another Toe In The Ocean
20. Hey
21. Velouria
22. Havalina
23. What Goes Boom
24. U-Mass
25. In Heaven
26. Andro Queen
27. Indie Cindy
28. Winterlong (Neil Young cover)
29. Vamos
30. Nimrods Son
31. Here Comes Your Man
32. Where Is My Mind

BIS
33. Caribou
34. Wave Of Mutilation
35. Planet Of Sound

Veja como foi “Hey”:

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