ALAMBRADAS – AMARGO EP

Oito minutos e cinquenta e quatro segundos. Esse é o tempo de duração do segundo EP da Alambradas de Nicole Patrício, “Amargo” (veja tudo o que já publicamos sobre a Alambradas). O primeiro EP foi o “EP?”, do comecinho de 2013.

Aqui são apenas três músicas, todas mixadas e masterizadas por Emygdio Costa, do Fábrica e Sobre A Máquina. O grande destaque é bela e densa “Estação”, que fecha o trabalho.

A capa, limpa, é da própria artista, que acabou influenciando na escolha do título do EP também, segundo ela mesma conta: “na verdade, o nome nem era pra ser ‘Amargo’, mas mudei de ideia depois que vi esse quadro numa exposição do Waldemar Cordeiro. Achei incrível esse destaque pro ‘amar’ e estava – ainda devo estar – justamente nesse clima, de amar seja lá o que for e receber nada de volta. Não sei se foi exatamente essa a intenção dele, mas dá-se a entender que amar é amargo. ‘Bingo!’, pensei. Eis o nome”.

“Amargo” foi lançado gratuitamente na Internet, no Soundcloud, dia 6 de dezembro de 2013.

Pra baixar o disquinho gratuitamente, clique aqui. Faça isso. Ou ouça na íntegra, aqui:

Aqui, a própria Nicole conta um pouco sobre o disco, e faz um faixa a faixa:

“O ‘Amargo’ surge por duas necessidades: desabafo e encontro. Desabafo porque, a partir do momento em que percebi que esse ano tem sido um dos, senão o pior ano da minha vida, senti que precisava fazer ao menos uma música sobre isso; e encontro porque a Alambradas ainda tá tateando o mundo pra achar seu espaço, sem que seja estereotipada como ‘fofa ou sei lá o quê. Isso acabou me incomodando, porque alguns falam dela como se fosse uma princesa da Disney, que acorda sorridente, coloca seu vestido cor de rosa e brilhante e vai pra janela cantarolar ‘bom dia’ pros passarinhos. A intenção nunca foi essa, então o EP vem pra, também, tentar quebrar esse paradigma bobo. Vai da pessoa, acho (perceber se as músicas são ‘fofas’ ou não). Levam em conta a minha voz, por certo. Rola todo um ‘clima chantily’ por parte de alguns que a ouvem, sabe? De se derreter e dizer ‘que lindo!'”.

“(gostaria de ser percebida com esse EP) Como eu mesma. Ou como ela mesma, já que digo que a Alambradas é meu alter-ego. Ela tem uma coragem e audácia que eu, Nicole, não acho que tenha. Mas, apesar desse aspecto ‘personagem’, eu e ela estamos de mãos dadas em ‘Amargo’, ela transformou em música a minha exaustão e descontentamento”.

“Sobre ‘Virada’: ela foi pensada pra ser o que ’03 de outubro’ é: música de começo, meio e fim; mas acabou que, enquanto a escrevia, não consegui sair do ‘passados e repletos de planos incompletos’, daí, veio a ideia pra ser intro. O ‘incompleto;’ dela viria a se concretizar na próxima. Ela retrata parte dos meus planos-mor na passagem de ano 2012-2013”.

“Sobre ’03 De Outubro’, essa é a letra mais direta que já escrevi. Foi feita numa canetada só, enquanto estava num shopping perto de onde eu trabalho. A melodia dela tava engavetada há um tempo, daí, depois de revisitar as ideias, decidi fazer algo com ela. Sempre quis fazer uma música com várias vozes ao mesmo tempo, e só elas. E com ’03 de outubro’, eu consegui exatamente o que imaginava, na gana de passar meu sentimento de confusão em todos esses dias, de não estar onde se quer, de não estar bem com isso. Sobre o nome, bem… pra bom entendedor, uma data basta (risos – a data marca o primeiro show da Alambradas)”.

“‘Estação’ foi criada e, dias depois, gravada no piano da Estação da Luz (em São Paulo). Resolvi fazer jus ao lugar de onde ela surgiu porque, além de ter um som bem bonito, eu passo por lá todos os dias. Por isso, também, os sons do metrô, das portas abrindo e fechando, dos avisos. Chega a ser irônico, até, porque eu digo na ’03 De Outubro’ que ‘eu pensei que a vida fosse mais do que a estação’, e lá estou eu. Mas bem, usei o trajeto de quase duas horas em ida e volta a meu favor. Sobre a música ser mais ambient, não sei se é um caminho, não. Mas, se for, ‘Estação’ foi um bom piloto pra isso, acho. Eu mesma gravei (os ruídos ambientes), em julho, aliás. Quis dar a sensação de entrada e saída do metrô, sabe? Tanto que, preferi fazer isso na linha amarela porque é onde os avisos são mais compreensíveis. Isso não daria pra ser captado numa linha 3 – vermelha – ou na linha azul, já que os próprios condutores ditam as estações seguintes e, ou falam devagar, ou rápido demais”.

“Antes mesmo de tudo concretizado, perguntei pro Emygdio se ele podia mixar e masterizar ‘meu segundo EP’, pra ter certeza, sabe? E ele aceitou de bate-pronto, sim, soltou até um ‘que bonito!’ depois que perguntei (ri). Nesse meio tempo, apareceu gente querendo trabalhar comigo dum jeito mais, digamos, profissional. Mas senti que ainda não era a hora, senti, principalmente, que o EP não teria o mesmo sentido, não passaria a mesma mensagem se fosse gravado num estúdio, sabe? Ele é bem pessoal, mesmo. Fiquei com cisma de passar as ideias pra outra pessoa e tudo voltar distorcido. Mas bem, o Emygdio deu uns poucos pitacos que não fugiram da ideia toda. Isso é algo que preciso desenvolver, essa coisa de trabalho em equipe. Porque, por sempre fazer as músicas sozinha, acabei criando um bloqueio/orgulho quando alguém me chega e diz ‘vamos fazer alguma coisa juntos’. Eu tenho um jeito de compor que não sei se entenderiam, principalmente por ser 90% intuitivo, entendo praticamente nada de teoria, então fico no receio de parecer um bicho do mato ou coisa assim”.

1. Virada
2. 3 De Outubro
3. Estação

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