BTS: UM SUCESSO TÃO GRANDE QUE VAI PARAR NA BOLSA DE VALORES

bts

Talvez seja preciso definir um parâmetro: quando se fala em “música pop” (de popular mesmo!), deveríamos esquecer todo o resto e basicamente tratar do grupo de k-pop BTS.

Nenhum artista musical pode ser comparado a esse, em termos de sucesso midiático e, claro, de business.

Sim, esqueça os Beatles. Deixe pra lá os Rolling Stones, o U2, Beyoncé, Britney Spears, os cantores e cantoras country, que vendem horrores nos Esteites. Esqueça Michael Jackson, Madonna, Prince, Guns’N Roses, Nirvana.

Ok, alguém poderia argumentar que seria como comparar Pelé com Messi. São dois brilhantes jogadores de épocas diferentes. Pelé seria tão genial se jogasse hoje em dia? Messi seria ainda melhor no tempo do futebol permissivo de Pelé?

Impossível saber.

Como é impossível saber o que fariam todos esses artistas citados se tivessem atingido o auge do sucesso numa época em que as métricas são diferentes, como hoje.

Seu vídeo recente, “Dynamite”, de 20 de agosto de 2020, atingiu cem milhões de execuções no YouTube nas primeiras vinte e quatro horas. Já está em trezentos milhões.

Isso supera o recorde anterior, estabelecido pela banda também de k-pop Blackpink, cuja música “How You Like That” acumulou 86,3 milhões de visualizações em 24 horas em junho.

“Dynamite” é também o primeiro vídeo a atingir 100 milhões de visualizações em um dia.

Mais de três milhões de fãs também assistiram à estreia ao vivo do clipe – quase o dobro do recorde anterior, também detido por “How You Like That”, de Blackpink.

Entenda, não é uma questão de “gostar” ou “não gostar”. Não é uma questão de ser “música boa” ou “música ruim”. Esqueça isso. É negócio. E negócio gigante.

De acordo com a Official Chart Company, “Dynamite” alcançou 1,7 milhão de streams no Reino Unido em suas primeiras quarenta e oito horas.

A música atingiu 7.778.950 execuções em um dia e bateu o recorde anterior de Taylor Swift de 7,742 milhões com “Cardigan”. Agora, o BTS detém o título de maior estreia do Spotify em 2020.

Além disso, BTS é o primeiro grupo de k-pop indicado ao Billboard Music Award – e, você sabe, de alguma forma as pessoas ainda se importam com esse tipo de coisa. É também o primeiro grupo de k-pop a chegar ao número um da Billboard, com seu terceiro disco, “Love Yourself: Tear”, de 2018.

É o primeiro artista desde os Beatles a ter três números um da Billboard em um ano.

A trilogia “Love Yourself” terminou com “Love Yourself: Answer” (2018) vendendo meio milhão de unidades fazendo o BTS a se tornar o primeiro artista coreano a receber uma certificação de álbum de ouro pela Recording Industry Association of America (RIAA).

Menos de três meses o disco registrou 2,03 milhões de cópias vendidas no Gaon Music Chart da Coreia (basicamente, a versão coreana das paradas da Billboard), tornando-se o álbum mais vendido da história na Coreia do Sul.

É o primeiro artista asiático a superar cinco bilhões de execuções no Spotify, marca que veio junto com “Map Of The Soul: Persona”, de 2019.

A banda possui mais de vinte milhões de seguidores no Twitter e é a conta a atingir mais rápido um milhão de seguidores no TikTok, a rede social que mais importa pros jovens, no momento – foram três horas e trinta e um minutos.

Não à toa, manipuladora de todo esse sucesso, a produtora Big Hit Entertainment, na quarta-feira, 2 de setembro de 2020, entrou com um pedido de oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).

A empresa disse no processo que ofereceria mais de sete milhões de ações a um preço entre US$ 88,50 e US$ 113,31.

O processo ainda está em estágio inicial e até o dia 25 de setembro, vai levantar possíveis investidores. Não deve ser difícil conseguir seu intento. A Big Hit Entertainment deve ser listada na bolsa principal da Coreia do Sul, a Kospi, em outubro.

Big Hit ganhou US$ 492,9 milhões em receita em 2019, com seu lucro operacional atingindo US$ 82,843 milhões, um aumento de 94,8% e 23,5%, respectivamente, em relação ao ano anterior.

Apesar da pandemia de coronavírus em curso, a agência de entretenimento registrou US$ 246,76 milhões em vendas e US$ 41,04 milhões em receita operacional no primeiro semestre deste ano.

Os investidores parecem estar cada vez mais atraídos pelas ações de entretenimento da Coreia do Sul.

Alguns analistas de mercado prevêem que a Big Hit continuará o impulso criado no mercado graças às ofertas da empresa farmacêutica SK Biopharmaceuticals e da editora de jogos Kakao Games.

A empresa de jogos para celular Netmarble, que detém 25,04% da Big Hit, viu suas ações subirem 14,74%, para US$ 167, quinta-feira, 27 de agosto.

A ação da Netmarble estava em cerca de US$ 83,93 em 1º de julho, mas desde então disparou pra atingir o dobro.

Esse é um dos impactos que causa a sensação BTS.

A ação do estúdio de produção Chorokbaem Media, que deve produzir um programa de TV com BTS, também aumentou rapidamente nos últimos meses. O preço de suas ações, que está em tendência de alta desde meados de agosto, subiu 15,12% na última semana, pra US$ 1,56.

DPC, cuja subsidiária STIC Investment detém 12% das ações da Big Hit, e a agência de entretenimento Keyeast também ganharam alguns holofotes. A SMC, subsidiária da Keyeast no Japão, é a agência do BTS desde 2017.

Espera-se também que os membros do septeto se tornem grandes interessados, visto que agora detêm um total de 478.685 ações da Big Hit – 68.385 ações para cada um dos sete membros.

“A empresa decidiu dar ações ordinárias aos artistas em uma tentativa de fortalecer uma parceria de longo prazo e aumentar seu moral”, disse a Big Hit.

Caso o preço seja fixado pelo topo no IPO, ou US$ 113,31, cada membro da BTS teria mais de US$ 20,144 milhões.

Nada mal pra sete garotos que, embora seja submetidos a um regime desumano de trabalho, fazem dezenas de milhões de meninas e meninos suspirarem mundo afora.

A notícia, entretanto, não pegou de jeito os investidores. Emocionou também os fãs da boy band em todo o mundo, conhecidos coletivamente como “Army”.

Pros organizadores da bolsa Kospi (Korea Composite Stock Price Index), que possui mais de 700 empresas listadas e cujo volume diário negociado ultrapassa US$ 1 bilhão, ter a Big Hit pode significar atrair mais investidores novos.

E pode significar uma “leveza” que o mercado de ações não tem perante os olhos da juventude. As duas pontas estão, assim, quebrando barreiras.

Há analistas que acreditam inclusive que se a Big Hit quisesse continuar sendo uma empresa fechada e fizesse IPO apenas do BTS, o resultado de excitação no mercado seria o mesmo.

Mas os jovens crescem, ganham responsabilidades e observam outras prioridades. Esse é o calcanhar de aquiles da senhora arte. É preciso, portanto, continuar criando produtos tão atraentes como o BTS, pras crianças que vêm por aí.

Leia mais:

  • Nada relacionado

Comentários

comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.