DANGER CITY – EVERYTHING IS A MENACE IN DANGER CITY

O Japanese Bondage acabou (lembre da banda aqui). A banda de São Paulo, porém, já tem um “filhote”. Pedro Gesualdi criou a DANGER CITY, que lança seu primeiro disco, “Everything Is A Menace In Danger City”.

É um som um tanto diferente da JB, misturando Faith No More, Recounteurs, Queens Of The Stone Age, blues e outros temperos.

“Basicamente não tava mais rolando, as visões de mundo e de como fazer as coisas eram diferentes, algumas incompatibilidades musicais também… Esse som novo era o que eu queria fazer desde o começo. Se você for ver, tem muito mais a ver com aquele primeiro EP da Japanese (homônimo, de 2011, ouça aqui), que foi gravado com os mesmos caras que o Danger City, do que o álbum em si tinha, gravado com a banda que se formou depois”, contra Gesualdi ao Floga-se.

O Danger City é menos uma banda e mais um projeto pessoal de Gesualdi. Pra “Everything Is A Menace In Danger City”, ele se uniu mais uma vez a Piettro Torchio e Ricardo Cifas, que cuidaram do primeiro EP da Japanese Bondage, além de Alexandre Pereira e uma enorme lista de convidados, pra dar vazão a suas ideias.

A produção ficou por conta de Gesualdi, Torchio e Cifas, que também tocaram no disco baixo e bateria, respectivamente. Pereira é o responsável pelos teclados.

A lista de convidados é enorme. Segura: Samir Bravo (da FlügeenÜgen – baixo, em “11:46 AM”), Brunno Cunha (The Gramophones – teclado, em “11:46 AM” e “It Ain’t What You Saw”), Luiza Pereira (Inky – voz, em “Black Leggings” e “Overpriced”), Carlos Eduardo Freitas (Orange Disaster – voz, em “Black Leggings”), Julio Cesar Magalhães (Orange Disaster – voz, em “Overpriced”) e muito mais gente, incluindo Bruno Bonemer (guitarra) e Francisco Borelli (sintetizador), ambos da Japanese Bondage, em “A Cigarette Burn”.

“Eu fui chamando a galera, já conhecia todo mundo, já tinha tocado com eles em algum ponto da Japanese Bondage, fui terminando as bases e pensando o que cada música precisava e quem podia tocar – na primeira, era pra ter um trio de metais, mas como não rolava pagar ninguém, acabamos fazendo umas guitarras no lugar deles (risos)”, conta.

“Todo mundo aceitou participar numa boa, e aí eles colavam lá no estúdio pra gravar. Foi uma época em que eu larguei o emprego pra terminar o disco, então tava disponível meio que o dia inteiro, era só marcar. A gente gravou na Zastrás, que é uma produtora de áudio e estúdio e que ficava ali na Associação Cecília, um lugar que tem tido uns shows, bem foda, tem restaurante, estúdio de tattoo, varias coisas”.

Foi um trabalho que durou nove meses pra se completar, de setembro de 2014 a maio de 2015. Gesualdi conta que a ideia era ficar tudo bem produzido mesmo: “o que eu queria era fazer um disco bem produzido, diverso, com detalhe, dinâmica… E isso até agora ninguém disse que não tem. Gostar das canções em si é muito particular…”

“Sou só um cara tentando fazer música dos anos 90, 2000 com o senso de espaço dos anos 70”, diz. “Tem uma coisa minha, as bandas e discos que eu sempre mais gostei foram os mais diversos, vai de uma balada delicada pra uma pesadaria, que as musicas emendam, se entrelaçam. Os próprios Faith No More, o QOTSA, Pink Floyd faziam isso de alguma forma, apesar de serem linear… Muito singer songwriter também faz isso, pela questão de não depender daquele denominador comum que as bandas têm”.

A capa do disco chama atenção. Ela é fruto de uma paixão de Gesualdi, a ilustração. Ele criou alguns personagens e colocou cada um deles na capa de uma unidade do disco. Ou seja, serão capas diferentes no formato físico do trabalho.

“Eu desenho também. Não digo que sou ilustrador porque não faço isso profissionalmente, eu já venho assinando os desenhos há muitos anos e daí achei que Danger City é um bom nome pra banda, porque ‘danger city’ dá uma imagem mais concreta (uma cidade perigosa) pra mais ou menos o que é o mood do que eu quero fazer, uma coisa meio caos, meio quadrinhos, e a capa é um super herói olhando com cara de ‘deu merda’ – quer coisa melhor, ou pior, pra uma cidade perigosa?”.

Veja alguns exemplos:

Sobre a resposta do disco e conseguir lugar pra se apresentar, Gesualdi assume uma postura sem grandes expectativas: “eu não tô muito preocupado, eu quero me divertir tocando, sabe? Não tenho mais a ambição de antes, quero fazer só um negócio direitinho, deixar um material legal, já ficou bem claro que hoje pra fazer sucesso é uma questão de conhecer e se relacionar com as pessoas certas e infelizmente eu sou caipira e caseiro pra cacete, então não vejo muito motivo em ficar me matando pra ser aprovado pelos outros, e consequentemente fazer muitos shows, porque honestamente sei que isso é secundário na nossa cena, quando rolar um show, a gente vai destruir tudo, dar tudo de si, se divertir pra cacete, o que vier é lucro”.

“Everything Is A Menace In Danger City” não é um disco que agrade totalmente. Soa reverencial demais. De rifes setentistas a Faith No More (como em “Black Leggings”), de porrada a la QOTSA a tranquilidades semi-acústicas (as três últimas faixas), o disco tem virilidade e pujança, mas parece carecer de uma identidade própria, algo que não remeta diretamente a ninguém. É difícil conseguir tal feito hoje em dia, ser “original”, mas mesmo o artista não querendo isso (é um direito absoluto), alguma impressão digital ele há de deixar. “Green Or Brown” é a que mais foge do usual.

Falta perigo no disco, provocação, musicalmente falando. Mas ele não é condescendente, tão pouco. Apenas arrisca não ser reconhecido.

Por outro lado, num mundo perigoso como o nosso de hoje, quando os “sensatos” buscam a contemporização e evitam o confronto, o Danger City é um projeto bem-vindo por dar de ombros à crítica. Não se importar com as pauladas e produzir pelo prazer de produzir é também um ato de coragem e rebeldia. O simples ato de fazer já pode ser perigoso demais.

Ouça na íntegra:

1. 11:46 AM
2. Black Leggings
3. Average Overall
4. Your Lungs
5. Mother Nurture/Proud Of My Scars
6. Overpriced
7. It Ain’t What You Saw
8. Green Or Brown
9. A Cigarette Burn

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