DUYI – WE ARE DUYI EP

Quando Al Schenkel me mostrou essa banda, fiquei meio desconfiado, porque, afinal, era um lance tecnopop oitentista demais. Acontece que o DUYI é bem mais do que isso. Ou pelo menos, bem mais promissor do que isso.

A banda é de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, e é formada por Danilo Schneider (voz, baixo, piano, synths e eletrônicos, violão, guitarra) e Fernando Fischer (voz, guitarra, baixo e violões), com apoio de João Augusto (ex-Stratopumas/Volantes/Bidê ou Balde, nas guitarras, baixos e synths adicionais). Um baterista vem por aí, em breve.

O projeto é um avanço/derivação do trabalho anterior, o L.A.B. (abreviação de “less a bulshit”). Se o nome da banda anterior era bacana, esse também tem uma história curiosa, contada por Fischer: “nós gostamos muito do nome ‘dui’ (em chinês, ‘contra’, e também tem varios significados em outras linguas e dialetos). Parecia ser uma palavra universal. Também pilhamos muito na idéia de soar pareccido com ‘do it!’ (risos). O problema é que ‘dui’ relaciona a muitas outras coisas nada a ver com o projeto, tipo, de cara, já aperece um mega restaurante chinês de Sampa (no Google), entre várias outras coisas… Aí, adicionei o ‘y’ pra continuar com a sonoridade da palavra e não ser apenas ‘dui'”.

Ser “do contra” ou “contra algo” não é exatamente um objetivo criativo pro Duyi, que foi buscar na sonoridade oitentista seu propósito musical, um porto-seguro por assim dizer, mas resume um pensamento e um caminho adversativo próprio, de ir contra o que já é, produzindo sempre, o máximo possível. No release pra imprensa, a banda cita “Talking Heads, Flaming Lips, Electric Light Orchestra, The Smiths, The Cure, Bomb The Bass, New Order, John Frusciante, TV On The Radio” entre suas referências. Não há tudo isso no som deles, pelo menos não em “We Are Duyi”, o primeiro lançamento, agora de outubro de 2011 (a partir de 10 de outubro, a banda lançou uma faixa por dia; e dia 17, o EP completo). Mas há a intenção de.

“Com certeza é intenção chegar lá… Quando fizemos o realese até discutimos sobre colocar ou não varias influências, referências ou o que seja… Até porque uma banda que soasse igual a todas que constam ali soaria meio estranha, eu acho. Mas essa é a nossa primeira apresentação. Não queremos prometer nada surpreendente ou tipo “nossa, como é moderninho e bombástico!”. Só posso dizer que já temos um carrinho de supermecado cheio de músicas novas e elas estão bem legais (risos). Acho que realmente estamos encontrando um lugar e muito em breve lançaremos mais material”, diz Fischer, anunciando que prevê o Duyi em constante mutação, “contra a sua própria história”, eu resumiria.

Daí é que se percebe uma virtude além-musical da banda: essa urgência de querer produzir, criar, divulgar. Assim, nasceu o “We Are Duyi”. E o que tinham pra esse lançamento muito se baseia no gosto pelo o que era produzido nos anos 1980, embora Fischer, com 25 anos, não tenha vivido essa época com fervor. Schneider, com 36, é que mostrou algumas obras do período: “o Dan é fanzaço do Bomb The Bass! Hoje também sou, mas porque ele me apresentou (risos)”, diz Fischer.

Bomb The Bass realmente aparece em “Changing Your Toys”, com os mesmos samplers de “Dragnet” que aparecem em “Beat Dis”. “Esse (sampler) foi ele que escolheu. Tem outro da Juliete Lewis no (filme) ‘Natural Born Killers’, nessa mesma música. (…) O cinema sempre foi uma grande fonte de inspiração pra nós dois. A ideia de colagens de referencias pop, tanto na música quanto no cinema nos atrai muito”, revela Fischer.

As letras falam sobre o cotidiano da dupla e são todas em inglês. Mas uma delas é especial. “Mary” é sobre Mariana, a irmã de Fischer, que tá trabalhando nos Esteites. Uma homenagem.

Mas as letras serem em inglês não parece ser uma opção: é apenas apropriado pro que se ouve, ou seja, parece-me natural. A batida inicial de “Everything You Think So Fun” é tão New Order que causaria uma tremenda estranheza não digerível se viesse moldada com qualquer outra língua.

“(…) Depois desse primeiro EP, sentimos uma carga alta de synthpop dos 80. As performances ao vivo vão ajudar a dar um novo caminho, acredito. O Dan sequencia as bateras da Duyi. Nas novas até nessas bateras o Dan procurou por algo mais simples, mais orgânico”, antecipa-se Fischer, justificando que o caminho asfaltado por “Mequetrefe Nonstop”, “Mary”, “Run!” e em quase todas as canções, numa parte ou outra, será utilizado bastante pela banda. É uma procura saudável pelo equilíbrio entre o eletrônico e o orgânico.

“We Are Duyi” é o cartão de visitas da banda. Shows, vídeos, outras formas de expressão vêm por aí. O que estamos vendo é só o começo. O Duyi se apresentou, pra ficar.

1. Changing Your Toys
2. Everything You Think So Fun
3. Shame And Tears
4. Mequetrefe Nonstop
5. Mary
6. Run!
7. Changing Your Toys Wacka Wacka (Duyi Silent Disco Remix)

Ao baixar o disco, de graça, você receberá as capas de cada uma das músicas. Sim, cada música tem uma capa. Segundo o release, “as artes dos singles e EP são imagens de Messias Schneider, fotógrafo brasileiro que reside atualmente em Nova Iorque. O projeto gráfico é de Fernando Fischer. A mixagem e masterização ficou a cargo de Danilo Schneider”.

Pra baixar “We Are Duyi”, é só clicar aqui. Faça isso.

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