EU, MORTO – EU, MORTO

A insônia é uma dádiva pros artistas, aparentemente. O assimnasceumfantasma, projeto solo de Israel Rolim, do Bela Infanta; o Cacique, projeto do Felipe Mattos, do Búfalo; vários do Cadu Tenório, do Sobre A Máquina; e tantos outros nasceram assim, da necessidade de produzir algo enquanto o sono não vem.

O mesmo vale pra escritores, que acomodam um caderninho no criado-mudo, pras inspirações noturnas na luta pelo sono.

Paulo Caetano, do Bemônio, é mais um a tirar proveito da deficiência noturna. Numa noite sem dormir, resolveu colocar as ideias pra fora da cabeça e saiu um disquinho de três faixas, ao qual ele atribuiu o curioso nome de “Eu, Morto” (projeto e EP).

Não há muita diferença ao seu trabalho no Bemônio, como ele mesmo disse, exclusivo ao Floga-se: “ah, não deve ter, não; de repente, pode complementar e no show do Bemônio, ter resquícios do Eu, Morto. Não tento buscar novos estilos mas, sim, o que gosto e foco”.

Ele completa, falando da maneira inusitada que o disco surgiu: “a necessidade é apenas pessoal de alguém, eu no caso, que mudou o turno do trabalho à noite e numa única noite ter tido insônia e deu nisso… Repetições, numa onda mantra e só usando synth e sampler. Sem pedais. Nem sei se vai pra frente – só se eu não conseguir dormir (ri)”.

As três músicas foram gravadas na casa de Caetano, numa só noite. Os títulos delas, inclusive, fazem referência a isso, numa curiosa amostragem de padrão de criação: são as horas em que elas ficaram prontas. E aí, o ouvinte pode notar, elas foram ficando prontas exatamente num intervalo de uma hora entre uma e outra.

“Sem pensar, ia produzindo e gravando direto a música, ao vivo.”, diz.

O nome do projeto também é uma brincadeira: “‘Eu, morto’ de cansaço de um dia de trabalho (ri); tava tão cansado que não dormia, a cabeça tava acelerada, sabe?”

Sensato, expões a falta de ambição do “Eu, Morto”: “não sou músico… Conheço muito estilo musical, mas minha experiência sempre vai estar no drone, doom e noise. Tem até faixas que são parecidas, mas a ideia foi de conseguir dormir e com as repetições peguei no sono (ri)”.

Ouça. Normalmente, falar que a música é uma “cura pra insônia” não é algo elogioso. Nesse caso, é.

1. 2:46
2. 3:46
3. 4:46

Não, o EP não tem uma capa.

Ouça as músicas:
“2:46”

“3:46”

“4:46”

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