FAITH HEALER – COSMIC TROUBLES

Jessica Jalbert é uma canadense fofinha, com um pé na loucura sessentista de Velvet Underground e companhia. Ela cresceu numa fazenda no interior do país e hoje trabalha numa loja de discos em Edmonton, Alberta. Ela vive imersa na música há um bom tempo – lá se vão oito anos nesse emprego.

Em 2011, lançou seu primeiro disco, “Brother Loyola”, assinando como Jessica Jalbert (ouça aqui). Mas não era uma garota tocando violão. Era uma banda – formada por Liam Trimble (guitarra), René Wilson (teclado, bateria e baixo), Doug Hoyer (baixo) e ela mesma (guitarra, vocal), além de um bocado de outros amigos.

O principal deles: Renny Wilson, produtor e engenheiro de som.

É com Wilson que Jalbert se juntou pra fazer “Cosmic Troubles”, seu segundo disco, agora assinando como FAITH HEALER: “comecei a trabalhar com Renny há muito tempo. Temos um bocado de amigos em comum, ele tocou na minha banda, quando eu assinava com meu nome. Ele gravou meu primeiro disco e realmente adorei trabalhar com ele por conta da sua maravilhosa personalidade. Aprendi muito com ele”, disse ela, em entrevista à Rookie.

“Então, sabia o que ia conseguir com Renny. Gravamos o disco no porão da casa de seus pais, que tinha realmente uma grande atmosfera. Seus pais são maravilhosos – bem pacientes e dispostos a deixar crianças na casa dos vinte anos fazendo um bocado de barulho. Rimos um bocado. Estive em muitos estúdios antes e às vezes a atmosfera é realmente intimidante, onde você não sente que pode tentar nada, ou arriscar, porque as pessoas acham que você não sabe nada, que você não presta. Não me sinto assim com Renny. É uma pessoa divertida de se trabalhar”, revela.

E com “Cosmic Troubles”, Jessica resolveu mudar e assumir um “nome de banda”, por assim dizer. Virou Faith Healer, numa tiração de sarro de sua criação altamente religiosa.

Por que mudar de nome? Ela responde, na mesma entrevista: “a razão principal é por conta do estigma de ser confundida como uma cantora-compositora, especialmente sendo uma garota. Automaticamente as pessoas acham que é folk. Sou fã de folk music, mas o disco não é folk. Falava com promotores de shows e eles me diziam ‘yeah, ouvi seu nome e achei que você era folk‘, e eu queria fugir disso. E, além disso, queria que as pessoas soubessem que se trata de uma banda, é só minha banda”.

Eis que “Cosmic Troubles” é o primeiro trabalho assinado com esse nome. E que trabalho! Lançado dia 31 de março de 2015, une onze canções indie, psych, noisy e muitas vezes pop.

“Acid”, a primeira, é irmã gêmea de “Sweet Jane”, do Velvet Underground, cujo disco “Loaded” Jessica admitiu ter ouvido à exaustão. “Again” segue a mesma linha, embora bem mais pop, bem como “Fools Rush In”, igualmente velvetiana. Sua voz é quase preguiçosa e segue sem sobressaltos por todo o disco. Mas o disco não continua assim tão tranquilo.

Há guitarras espaçadamente barulhentas aqui e ali, há distorções (como na lânguida “Canonized” e em “No Car”), há um tanto de esporro juvenil e até de melancolia, como na balada “Angel Eyes”, cujo final mergulha num looping de barulhinhos (o mesmo vale pro final de “Universe”, um indie agradável). Vê-se: ela é “fofinha”, mas nem tanto – vale revelar que os dentes da capa do disco são dela.

Outros caminhos são apontados. “Infinite Return” é um lampejo dream pop delicioso. “Was, Is and Is To Come”, um dramalhão semigospel num crescente bem construído. E “Until The World Lets Me Go”, um rockinho inocente.

Percebe-se que Jessica e Wilson sabem se comportar com suas influências mais agudas. “Cosmic Troubles” é um retrato disso. Acredite na música do Faith Healer pra alegrar seu dia:

Pra comprar o disco, vá aqui.

01. Acid
02. Again
03. Canonized (clique aqui pra ver o vídeo)
04. Cosmic Troubles
05. Fools Rush In
06. Angel Eyes
07. Infinite Return
08. No Car
09. Universe
10. Was, Is and Is To Come
11. Until The World Lets Me Go

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