FELIPE ZENÍCOLA – PHERSU

Em 2015, Felipe Zenícola, baixista do Chinese Cookie Poets, lançou “Arcanos”, seu primeiro trabalho solo (leia e ouça aqui). Em 2016, ele e seu comparsa de banda, o guitarrista Marcos Campello, lançaram “Paris, 1924” (leia e ouça aqui). Em 2017, Zenícola chega ao seu segundo disco solo, “Phersu”, dia 8 de março, via Seminal Records.

O disco tem uma única faixa de improvisação contínua, com dezessete minutos e meio, que leva o nome da obra, elaborada, produzida e executada pelo próprio Zenícola, que aqui toca apenas um “baixo elétrico com afinação flácida”.

Segundo o informe oficial do autor à imprensa, “é o universo em torno do termo etrusco Phersu que orienta sua atual pesquisa. Incorporados à obra e à sua fruição – som, imagem e texto – servem de guias pra um percurso meditativo por si, imerso na mitologia etrusca”.

E segue uma explicação didática: “phersu (feɦ.su) s.s.g. 1. id. Etrusco [Origem etimológica do latim persona] 2. etnol. Máscara ritual ou cênica [Modelagem da face tomada] 3. rit. Entidade cerimonial genérica mascarada [Conduzir a dança comunicando os diversos planos] 4. arqueol. Autoescavação crispada/massageada em camadas independentes [Prioridade aos espaços próprios entre] 5. nat. Imitação disforme de rostos representando as forças da natureza [A tempestade em cólera quebra a voz da cascata] 6. hist. Viagem ao núcleo ígneo da Terra [Lavar o rosto da criança petrificada em Pompéia] 7. biol. O entérico-ambiental [Alimentar-se de identidades e aprofundar-se meditativo: continuidade] 8. med. O movimento relativo da transformação [O cavalo do vazio cavalga o vazio]”.

São muitos os significados, mas “Phersu” se mostra mesmo numa virada total em relação ao contemplativo, sombrio e denso “Arcanos”: aqui, o baixo de Zenícola se retorce em ruídos incômodos e insistentes, o harsh noise toma conta e provoca o ouvinte (o que dá mais força ao item 5 – “Imitação disforme de rostos representando as forças da natureza [A tempestade em cólera quebra a voz da cascata]”.

Apesar do baixo trepidar em distorções mais ásperas, uma “autoescavação crispada/massageada”, Zenícola sugere que o ouvinte aprecie a obra “confortavelmente em um ambiente escuro”, olhando “fixamente pra máscara (da capa elaborada por Pedro Barassi e Arthur Lacerda), fechar os olhos e contemplar a si”.

Ouça na íntegra a obra aqui:

1. Phersu

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