JUSTINE NEVER KNEW THE RULES – OVERSEAS

O Justine Never Knew The Rules é daqueles grupos que cabem na definição de “internacional”, “sem fronteiras”, é música sem identidade nacional, porque você não precisa de fato ser “brasileiro” na sua arte. Precisa só fazer a sua arte.

O quarteto, formado por Bruno Fontes, Marcel Marques, Maurício Barros e Gabriel Wiltemburg, de Sorocaba, interior de São Paulo, faz um som que transita entre o Black Rebel Motorcycle Club, o Teenage Fanclub e algum pós-punk perdido do novo século, sem batuques e reverências verde-e-amarelas, se apresenta com aqueles vocais arrastados (“From The Basement” não deixa dúvidas) e guitarras espreguiçadas, com melancolia e certo mojo – as irmãs gêmeas distantes são a Poltergat (ouça aqui), a The John Candy e a Quarto Negro.

É o que os detratores podem chamar de “genérico”. Sem nenhuma vergonha disso, bateria no peito e afirmaria, com orgulho. Não é preciso ser original. É preciso só fazer a sua arte, pois.

“Overseas” é o primeiro disco da banda. Foi gravado entre janeiro e setembro de 2016 (finalmente!), depois de alguns lançamentos curtos e esporádicos, e lançado dia 17 de outubro de 2016, via OWYES! Records e a espertíssima midsummer madness. A produção das nove faixas é do próprio quarteto, com mixagem de Marcel Marques e Gabriel Wiltemburg. A bonita capa é de Rafael Carozzi, outro bom nome do nosso subterrâneo, com seu Kid Foguete e Readymades.

O que faz de “Overseas” um disco pra se ouvir são suas canções de aparente despretensão. Digo “aparente” porque nunca se sabe, mas uma banda que vai na contramão do esperado pelo mercadão e até mesmo pela imprensa subterrânea merece um crédito. A beleza do baixo da balada “Just Like Yesterday” brilha, tanto quanto o rife simples da guitarra de “Get Out” ou a sujeira da já conhecida e ótima “Coming Down”.

Não, “Overseas” não é o “disco do ano”. Talvez seja esquecido semana que vem, ou no dia seguinte à leitura desse artigo ou à audição da obra, mas ele tem a pureza de um trabalho sem intenções tais. Já é um bocado nesses tempos de pretensões nada puras. É um álbum com canções pro ouvinte voltar sempre, pra ouvir sozinho em momentos melancólicos, pra dançar sozinho em casa, até mesmo pra assobiar, por que não? Canções que servem pra isso não precisam de identidade nacional, precisam só existir.

1. French Film Girl
2. From The Basement
3. Muff
4. Cat Song
5. Just Like Yesterday
6. Get Out
7. 77º F
8. Coming Down
9. 16

Leia mais:

Comentários

comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.