NOISE WAVES #22: SONIC JESUS

Você acha que a Itália vive somente de Paolo Rossi, Milan, pizza e derivados? Não, não mesmo, muito pelo contrário, meu caro: a Itália vem anunciando o final dos tempos sob a alcunha de Sonic Jesus. Soa estranho a você? Então, sugiro que tome cuidado.

Insanidade, caos, delírios, esquizofrenia, brutalidade é o apocalipse regado a tons negros e mantras pesados, encharcados de desespero e agonia, a música do Sonic Jesus é perigosa e extremamente viciante, e é exatamente aí que mora o perigo.

Pros iniciados, uma historinha. O Dead Skeletons é talvez a banda mais impressionante dos dias atuais. Não à toa, Nonni Dead, o homem por trás do conceito do Dead Skeletons, abençoou o Sonic Jesus como foi me confidenciado nos vários bate-papos entre eu e Marco Baldassari, o guru do combo italiano. Tanto que a arte da capa do debute do Sonic Jesus foi elaborada pelo mentor, Mr. Nonni Dead. Não tá de bom tamanho?

Psicodelismo negro, algo como se o Sonic Jesus tivesse estuprado o Spacemen 3 que por sua vez estuprou o Velvet Underground. Não fui eu quem disse: são palavras do próprio Sonic Jesus.

Óbvio que este que vos escreve tornou-se amigo e confidente não somente de Marco, mas de Tiziano (Veronese, vocal e guitarra), Simone (Russo, bateria) e Lorenzo (Mancini, baixo – a banda ainda tem Fabio Perciballi, vocal, guitarra e percussão). Coisa de italianos, se é que me entendem, tutte buena gente.

“Underground”, “It’s Time To Hear”, “Lost” e “Monkey On My Back”, fazem parte do claustrofóbico EP homônimo lançado pela espetacular gravadora Fuzz Club Records, no ano passado (2012), e esse pequeno currículo credenciou os italianos a criarem toda essa aura de misticismo envolta em sua imagem. Mesmo assim, os caras realmente são gentis e cordiais, o que não condiz com sua música, vide a ode ao desespero chamada “Underground”. Mas confie em mim, pode chamá-los pra uma macarronada de domingo com a família que imagino que não haverá problemas maiores.

No ano passado, dentre as inúmeras conversas, através do TBTCI, ajudei pessoalmente a banda a divulgar seu debute ao entrevistá-los. Com isso, meu amigo, o negócio foi ficando mais bacana mesmo, faltou só tomarmos um vinho.

Mas enquanto ainda não surgiu a oportunidade, fechamos eu e Marco a participação do Sonic Jesus na compilação The Psychedelic Sounds of TBTCI, sendo que na minha opinião a versão arrasa-quarteirão deles pro clássico da era flower power, “Somebody To Love”, do Jefferson Airplane, virou um mantra brutal.

Agora, o seguinte, o aviso da Noise Waves é: os caras estão em estúdio, criando o que tornar-se-á o seu primeiro álbum. Pelo o que já ouvi, 2013 ficará pequeno perante o poder da catarse que se aproxima. Eu, particularmente, só espero que dê tempo pro brinde com meus amigos tutte bonna gente, porque depois vai arder – e, daí, já era mesmo!

Álbum – Sonic Jesus EP
Lançamento – 11 de outubro de 2012
Selo – Fuzz Club Record
Tempo total – 20 minutos e 19 segundos
Produção – Sonic Jesus

1. Monkey On My Back
2. Lost
3. Underground
4. It’s Time To Hear

Renato Malizia é editor do blogue The Blog That Celebrates Itself.

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