NOSSO QUERIDO FIGUEIREDO – NOSSA CIDADE ’16

“Nossa Cidade ’16” não é um disco “novo” do Nosso Querido Figueiredo. É uma reformulação da obra de 2012, um EP de mesmo nome.

“O EP era pra ter sido, na verdade, um álbum cheio. Era um projeto ambicioso de minha parte, um ciclo de canções inspirado em minha cidade-natal, Tapes, mas que também se projetava pra além do interior do Rio Grande do Sul pra tratar da decadência dos pequenos municípios através de fatores não necessariamente políticos (migração de jovens pra grandes centros urbanos acarretando uma população cada vez mais idosa e menos produtiva, desvalorização de terrenos, zonas periféricas infladas demograficamente ainda que economicamente insustentáveis, aumento da criminalidade etc)”, diz Matheus Borges, o NQF.

E continua: “a verdade é que eu não tinha muita fé no que eu tinha feito em geral, achava que ia ser complicado de explicar pras pessoas o quê exatamente era esse álbum, mas depois eu ouvi o ‘Fortaleza’, do Cidadão Instigado, e pensei ‘puxa vida, eu estava errado’. As letras tinham uma relação com a cidade que era muito honesta. quando eu lancei o EP, fiquei muito contido, achei que algumas faixas não cabiam por falarem de um jeito que não era o mais adequado. Mas o ‘Fortaleza’ é muito honesto. Então, ouvi o ‘Fortaleza’ e decidi resgatar essas outras canções. Aliás, o ‘Fortaleza’ e o ‘Existe Alguém Aí?’, do Wander Wildner (ambos de 2015), dois álbuns sobre cidades. Gravei o ‘Nossa Cidade’, a princípio, tentando fazer o meu ‘Rain Dogs’ (ri), mas esses dois álbuns me fizeram retornar a ele. A única diferença é que eu sou o único entre todos esses cantando sobre uma cidade com pouco mais de 18 mil habitantes (risos)”.

Matheus se diverte com a ideia de “apresentar” Tapes pro mundo: “eu espero que dê certo, porque é um pacto muito maluco com quem ouve: 1. você precisa aceitar que essa cidade existe; 2. você precisa aceitar que essas canções são sobre ela; 3. mesmo sem referência alguma, você precisa estabelecer as conexões, por isso fiz um documento de apoio, porque se não tivesse esse apoio, ia ser uma grande piada interna”.

O tal documento contém as letras com comentários (“notas do Figueiredo”) sobre elas, pra situar o ouvinte, explicando referências geográficas e históricas. “Cada faixa mostra um aspecto da cidade, cada canção é cantada a partir de uma voz diferente”, explica.

No disco original (que Borges chama de “EP”), eram dez faixas. Agora, são dezessete. Sete inéditas. A ordem das faixas também foi alterada com relação ao original (ouça o EP aqui).

Todo o trabalho é obra de Borges, que compõe, produz, grava e mixa. Com “Nossa Cidade ’16”, um trabalho tão pessoal, não poderia ser diferente.

Você pode ouvir o resultado final, lançado no Bandcamp do artista (onde você pode baixar gratuitamente o pacote completo), em 10 de março de 2016, aqui:

01. O Cidadão (Parte 1)
02. A Cerca Da Cidade (Passe Por Cima De Mim)
03. Meu Nome É Tapes (Terra De Prosperidade)
04. Tempo De Glória (Tanto Arroz)
05. Cidade Paralítica (Um Ano Ruim Para Cada Buraco)
06. O Que Minha Família Sempre Quis (Bons Meninos)
07. Veraneio (Cidadão Honorário)
08. Ouro Branco (Verão De 92)
09. Pura Dinamite (Puta Que Pariu)
10. O Que Me Resta (Nessa Cidade)
11. Não Voltar (Nem Dentro De Um Caixão)
12. Além Do Cemitério (Há Noite No Outono)
13. Na Rua Dos Cachorros
14. O Cidadão (Parte 2)
15. Isoler La Ville (Passe-toi Sur Moi)
16. O Que Me Resta (Ensaio Punk)
17. O Que Me Resta (Sludge)

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