OBJETO AMARELO – DIA VERMELHO

“Dia Vermelho” talvez seja o disco mais “fácil” do Objeto Amarelo de Carlos Issa. O trabalho saiu dia 15 de setembro de 2016 pelo sempre indispensável Dama Da Noite Discos e apresenta oito poesias musicadas. Sim, em “Dia Vermelho”, Issa se mostra mais poeta, as letras são mais “importantes” do que a música em si.

Em trabalhos como “Trapézio”, de 2009 (ouça aqui), o músico experimentava com os ruídos, texturas e repetições, e adicionou o jazz em “Eclusa” (com Rob Mazurek), de 2013 (aqui). “Dia Vermelho” também não se aproxima muito de “Lado De Fora”, o mais recente trabalho, lançado em 2015, pelo selo Meia-Vida. “Dia Vermelho” é poesia musicada e cantada.

Falando assim pode parecer chato. Não é.

Girando numa temática “espacial”, o disco apresenta letras (é uma pena que elas não estão impressas no Bandcamp) com frases curiosas, que aproxima Issa de versos de um Wander Wildner, escrachados, enigmáticos, reflexivos e divertidos. Em “Cai Do Espaço”, ele canta “cai do espaço a pedra que virou meu coração”, enquanto suas teclas viajam em efeitos setentistas. “Mágica De Abutre” mostra a morte como um velho hábito, com um reconfortante vocal e sonoridade anti-pânico.

“Dia Vermelho” é uma viagem humana pelo espaço, uma viagem não-química, com sentimentos, com depressão e felicidade, preocupações e decepções. Os sons são como emitidos por robôs dos tempos do “Perdidos No Espaço”, por computadores cheios de luzinhas, mas a mensagem é de um humano que inventa, cria, interpreta (“nosso objetivo é perdurar, pra isso corremos, e chegamos lá, num mundo mágico, nosso destino é crepuscular”), que ama e se relaciona (“você reflete o sol, eu recolho os raios”, na melhor do disco, “Propostas Solares”).

Issa mostrou aqui que tem uma facilidade impressionante de expor ideias a partir da simplicidade de sentenças. A interpretação é livre, claro, mas não ele não deixa muita margem, o que é louvável como poder de comunicação.

A viagem pelo universo do Objeto Amarelo ganhou uma nova paisagem, dando amplitude à sua constelação de sons. Esse eletrônico de “Dia Vermelho” é diverso aos trabalhos diretamente anteriores, mas estão ligados. Em todos eles, Issa convida o ouvinte a experimentar pela sua arte.

1. Dia Vermelho
2. Cai Do Espaço
3. Mágica De Abutre
4. Gigante
5. Rotatória
6. Crepuscular
7. Propostas Solares
8. Amigo Nuclear

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