PIN UPS – LONG TIME NO SEE

O disco mais recente do Pin Ups era “Lee Marvin”, de 1998. Vinte e um anos depois, a banda mais barulhenta do Brasil nos anos 1990 aparece com um novo trabalho, “Long Time No See”, o sexto da discografia, nesse dia 14 de junho de 2019, via Midsummer Madness.

O quarteto Alê Briganti (baixo e vocal), Zé Antônio Algodoal (guitarra e baixo), Adriano Cintra (guitarra, ex-Cansei De Ser Sexy e Thee Butchers ‘Orchestra) e Flávio Cavichioli (bateria) apresenta onze novas canções que fazem a gente correr pro calendário e ver em que ano estamos. Pro Pin Ups, parece que o tempo não passou, ainda estamos todos com vinte anos, sem responsabilidades, podendo encher a cara todo dia e fazer barulho o quanto puder. Boletos são coisas pra um futuro indefinido.

No momento em que se aperta “play” na primeira faixa, “You Can Have Anything You Want”, há um inequívoco sabor de nostalgia, mas “Long Time No See” está bem longe de ter um único tempero. Seria um disco bom em 1991, é um disco bom em 2019, porque discos bons não dependem nada de datas. Seria um disco bom feito por pessoas com vinte anos, é um disco bom feito por cinquentões, porque discos bons não dependem de carteira de identidade.

Depois de dois singles divulgados nas semanas anteriores, “Spinning” e “Mexican Tale”, ficou-se com a sensação de que “Long Time No See” seria homogêneo na época nostálgica, mas conforme as outras faixas vão desenrolando, como “Ballad For Samuel And Tobias” e “Damn Right”, percebe-se que há também um refrescante sabor sessentista acalorado. Teclas e baixo assumem protagonismos que antes só enxergávamos em guitarras e pedais. Há até uma baladinha lamuriosa, “Gone Tomorrow”.

“Crazy” é a mais Spacemen 3 das faixas, numa espiral bem construída de notas simples subindo até o cérebro. A entrada do baixo dá uma boa ideia de como o instrumento assumiu a linha de frente pra deixar a música uma da preferidas entre essas novas: a vibração dos graves não bate no peito, mas amacia, faz tremer por dentro, numa curiosa impressão de “aconchego psicodélico”. Pena que é curtinha. Nas mãos de Sonic Boom, essa ideia aí renderia ao menos uns quinze minutos de doideira.

O disco fecha com a curiosa faixa-título. Uma música sobre saudade (uma canção de amor?), que também remete ao Spacemen 3, porque saudade é um sentimento que não tem idade, é atemporal, não tem trilha-sonora pré-determinada e não segue nenhum roteiro ou regra definida. É mais ou menos como o Pin Ups, um grupo que é mais do que a junção de pessoas com instrumentos fazendo música: é uma ideia, é um sentimento, é algo que vale experimentar de vez em quando, pra se sentir vivo.

Ouça na íntegra:

As músicas foram todas escritas por Zé Antônio Algodoal, Alê Briganti e Adriano Cintra, gravadas no Estúdio Autora, em São Paulo, com produção de Algodoal e Cintra. A mixagem e a masterização têm assinatura de Ignácio Sodré.

O disco tem participações especiais de Pedro Pelotas nas teclas; Jim Wilburn, guitarrista do Superchunk, em “Mexican Tale”; Eliane Testone, ex-integrante do Pin Ups, nos vocais de apoio e guitarra de “Portraits Of Lust” e “Little Magic”; Amanda Buttler, da Sky Down, nos vocais de apoio de “ou Can Have Anything You Want” e “Mexican Tale”; e a dupla Antiprisma, nos vocais de apoio de “Ballad For Samuel And Tobias” e “Damn Right”.

01. You Can Have Anything You Want
02. Portraits Of Lust
03. Little Magic
04. Separate Ways
05. Spinning
06. Ballad For Samuel And Tobias
07. Mexican Tale (clique aqui pra ver o vídeo)
08. Damn Right
09. Gone Tomorrow
10. Crazy
11. Long Time No See

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