SOBRE A MÁQUINA NA AUDIO REBEL – COMO FOI

Sexta-feira, dia 29 de julho de 2011, o Sobre A Máquina subiu ao palco do Audio Rebel, no Rio de Janeiro, pro lançamento do seu novo disco, “Areia”. Era um momento especial pro trio carioca, mais ainda do que pra qualquer banda que oferece ao crivo do público o trabalho finalizado, afinal nada é fácil pro Sobre A Máquina.

A ideia inicial era que o Dorgas abrisse a noite. Mas em vista da mão-de-obra que foi acertar o som – quase três horas pra isso! – e uma série de outros problemas menores que o SAM teve que enfrentar, o Dorgas acabou fechando os trabalhos. Não que isso tenha afetado de fato a noite ou algo que o valha, mas é termômetro suficiente pra mostrar que Cadu T, Ricardo G. e Emygdio C nunca tiveram vida fácil pra um evento ao vivo e devem sempre se valer de criatividade pra improvisar de bate-pronto.

“Ficamos quase três horas passando som e montando as coisas pra ficar do jeito que gostaríamos”, diz Cadu Tenório, “infelizmente não temos como tocar sem boas condições, não temos como fazer show em qualquer lugar e também não é conveniente tocarmos em festivais com muitas bandas (por causa do difícil acerto de som) e isso é meio broxante, porque limita muito”, completa.

Tudo isso, porque, segundo Cadu, “precisamos posicionar e ajeitar os volumes pra que não dê microfonia, dentre várias outras coisas que precisam ser passadas… É claro que três horas de passagem foi algo absurdo, conseguimos ver todos os detalhes, mas digo que precisamos de cerca de uma hora pra arrumar o palco. Como lidamos com algumas coisas pré programadas, via placa de som, precisamos ajeitar o volume de tudo”.

De qualquer maneira, depois de tudo ajeitado, a coisa fica apoteótica. Tanto que no final de “Garça”, a música que fecha o disco e encerrou o show, a bateria programada quase não podia ser ouvida: “resolvemos criar a parede sonora mais surreal possivel e fechar de forma monstruosa”, conta Cadu.

“Areia” foi tocado na íntegra, com algumas diferenças: o saxofonista original do disco, o russo Alexander Zhemchuzhnikov, estava de visita à terra natal e foi substituído por Emerson Costa; Cassius Augusto, baixista do Dorgas, tocou baixo em “Barca”; e a banda fez um “Improviso”, no meio do set, inspirando em “Acknowledgement”, de John Coltrane (do disco “Love Supreme”, de 1965), no melhor estilo jazzístico que aproxima o Sobre A Máquina de alguns desses deuses adorados.

A tímida plateia que compareceu ao Audio Rebel pra esse show pode nem ter se dado conta do quão raro é um show do Sobre A Máquina, diante de tantas dificuldades nos bastidores. Mas deveria ter percebido estar diante de algo raro em termos de talento e ousadia dentro do cenário musical alternativo brasileiro, não pelo perfeccionismo na montagem e na tentativa de execução de canções complexas e sublimes, mas pelo improviso diante das inevitáveis falhas na apresentação, na busca por retomar o rumo proposto. Um show ao vivo está sujeito a isso, por mais tempo e por mais suor que se verta programando-o e planejando-o.

O que se aprende nesse emaranhado de dificuldades que o trio encontra a cada apresentação é que é possível agradar na vontade e no talento. A técnica está à mão de todos. A qualidade, não.

1. Língua Negra
2. Foz
3. Barca
4. “Improviso”
5. Garça

Aqui, o registro em vídeo da banda tocando “Garça”:

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