THE CULT OF THE DEAD BIRD – THE CULT OF THE DEAD BIRD

Você conhece Régis Garcia como baixista do The Sorry Shop, banda shoegaze/dreampop do Rio Grande do Sul, que tem dois bons discos no currículo, “Bloody, Fuzzy, Cozy”, de 2012; e “Mnemonic Syncretism”, de 2013.

Garcia apresenta agora um projeto pessoal chamado THE CULT OF THE DEAD BIRD, também baseado em guitarras e distorções, mas sem vocais e bem mais soturno, com muita ambiência.

O disco lançado em 18 de setembro de 2015 oferece sete canções climáticas, com camadas de guitarras, todas escritas e executadas por ele.

“Pra ser bem honesto, uma boa parte já eram ideias que eu tinha pra lançar com a The Sorry Shop. Mas eram ideias muito lado B, daquelas que eu pensei que nunca caberiam num disco da TSS. Eu gostava bastante delas e resolvi fazer esse lance pra esvaziar a cabeça da vontade de mostrar elas”, diz Garcia, em conversa com o Floga-se. “Com a The Cult Of The Dead Bird posso brincar, especialmente, com guitarra e textura”.

Apesar de serem embriões de ideias que não se encaixaram no estilo mais acessível da banda principal, as músicas não haviam sido trabalhadas ainda, de modo que o músico resgatou os pedaços, juntou e gravou tudo de uma vez. “Escutei algumas coisas que tinha engavetado de pequenas frases e de texturas que eu gostava. Aí, fui e gravei o disco numa sentada, mas sem pressa, pra experimentar mesmo. Na ‘Sweet Summer Breeze’, por exemplo, tem até ventilador”, conta.

Nas experimentações sonoras não há vocal, não há poesia escrita. A atenção do ouvinte é direta: “não gosto de cantar e não queria envolver mais ninguém. Deixei sem e gostei do resultado”.

A comparação com a The Sorry Shop é esperada, afinal ela também plana nos ares do shoegaze. Mas enquanto a banda tem um apelo mais pop e acessível, a The Cult Of Dead Bird é soturna e enigmática. As texturas dão o tom, não as melodias. É uma diferença marcante, gritante.

A discrepância talvez tenha embasamento na saída da caixinha do próprio Garcia, que largou o baixo e empunhou a guitarra aqui: “eu comecei a experimentar coisa nova quando comecei a TSS e, pra mim, aquilo era tudo super diferente e, até certo ponto, ousado. Mas eu, que nunca tinha sido guitarrista, fui descobrindo muita coisa que me interessava, especialmente os barulhos e os detalhes. O Sorry Shop novo, em relação ao Dead Bird, vai ser dreampop, sem dúvida. E isso é bom, eu acho. São duas posturas diferentes, duas experiências. E eu acho que vou gostar bastante dessa possibilidade de trabalhar cada uma delas”.

A diferença, pra ele, entre trabalhar com baixo ou guitarra na composição está na “possibilidade de brincar com umas afinações diferentes e de fazer umas coisas que não soem tão convencionais, apesar de eu ter certeza de que não tem nada de novo aqui. Eu raramente componho com o baixo. O baixo, a grosso modo, vai aparecer como pano de fundo em tudo que eu faço. E eu gosto assim, mas também tenho vontade de fazer alguma coisa fundamentada no baixo hora dessas, algo em que eu possa explorar umas coisas que ainda não tive coragem de fazer”.

O nome também encampa a estética do trabalho. Garcia conta que recentemente encontrou numa área externa do estúdio o esqueleto do passarinho que está na capa do disco. É uma área que ele pouco acessa, de modo que quando encontrou o pássaro ele já estava decomposto. Fascinado com aquela imagem, Garcia pegou o esqueleto, limpou, cuidou e guardou num cantinho especial, como num pequeno altar.

“No fim das contas tem um pouco de relação com a estética do disco, eu acho. Uma coisa meio sombria, mas que, apesar de um pouco melancólica, nunca me entristece ou incomoda”, diz Garcia.

A ideia do músico é manter o The Cult Of The Dead Bird como um projeto paralelo ao The Sorry Shop, que segue como seu principal foco criativo. Mas as ideias sombrias que novamente não couberem lá podem dar nova vida ao esse pássaro morto.

Ouça na íntegra:

1. Silver Dusk
2. Autumn Mantra
3. Love Fear (And In Between)
4. Humdrum
5. Lazy Star
6. Colored Void
7. Sweet Summer Breeze

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