THROE – THROEMATISM

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Quatro músicas, quarenta e um minutos. Assim é a estreia do Throe, banda-de-um-homem-só de Vinicius “Vina” Castro, da Huey.

Claro que “Throematism” é muito mais do que “quatro músicas” em “quarenta e um minutos” (e quatorze segundos). O primeiro disco de Vina como Throe é, digamos, o princípio básico de todo músico: fazer o que quer, como quer, pra quem quiser.

A “ferida” causada pelo traumatismo de jogar suas dores em notas é algo que só ele pode sentir. Mas sua guitarra induz o ouvinte a quebras, lesões na música, que, sim, são sentidas. É um “de repente” geral, especialmente na gigante faixa-título, onde as quebras são mais notáveis, entre uma base melódica até viciante (daquelas de se pegar assobiando depois), que pode dar sobressaltos ao ouvinte – e isso, veja, no bom sentido.

A música do Throe martela esporadicamente, num de repente, e machuca ao dar lembrança a algumas dores nossas. E não há quem não as tenha. Pode ser por isso que o disco seja tido como “difícil” (não é), mais ainda do que pela ausência de vocais, letras, refrões e convites a dancinhas. Ninguém gosta de lembrar das próprias dores ou feridas.

“Throematism é um nome criado a partir de um neologismo do psicanalista francês Jacques Lacan, em que ele combina as palavras trou (buraco, em francês), e traumatisme (traumatismo)”, explica o informe oficial à imprensa. “Foi com essa invenção que ele inseriu o trauma no campo da linguagem, caracterizando-o como aquilo que escapa de qualquer representação, inclusive nos deixando sem palavras”.

“Throematism é a forma de tentar nomear, ainda que na forma de tentativas, algumas dores inclassificáveis de nosso tempo”, diz.

Apesar do tema e da execução, acredite, não é um disco deprê. Claro que isso depende do humor de cada um ao ouvir, mas essencialmente “Throematism” mantém (tirando os “de repente”) o aspecto de paisagem sonora, tão caro ao shoegaze, por exemplo, ou ao dreampop, embora não seja um disco nem de um estilo nem de outro. E em quarenta e um minutos há tempo suficiente pra imergir – o que cada pessoa vai fazer e tratar nessa imersão é problema de ordem pessoal. Os traumas são dessa natureza.

As quatro faixas foram compostas, produzidas e executadas por Vina, com co-produção de Marco Nunes, que assina a mixagem e a masterização.

O lançamento é de 11 de novembro de 2021, pelos braços da Abraxas Records e da Sinewave Label. Pra ouvir, vá à sua plataforma preferida (enquanto não chega ao Bandcamp).

1. Neon Star
2. Throematism
3. Gone
4. Último Céu

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