VERMES DO LIMBO – O SOL MAIS ESCURO

É possível que você tente executar uma certa propensão à criatividade ao tentar rotular o que o Vermes Do Limbo faz. É um jazz-rock-free-pop-noise-sei-lá-o-quê-não-importa. Ou não é. Porque não importa. O que o Vermes Do Limbo faz é destruir qualquer primeira impressão e implorar por segundas-audições que vão a cada vez confundir ainda mais.

Foi assim com o ótimo trabalho anterior, “Berne Fatal”, discaço assinado em parceria com Bernardo Pacheco e um trabalho ainda sem total compreensão (ouça aqui).

“O Sol Mais Escuro”, disco que a dupla Vinicius Patrial (baixo, voz e efeitos) e Guilherme Pacola (bateira, voz e efeitos), aliada agora a Fabio Fujita (guitarra, baixo e efeitos – Fujita fez parte do início da trajetória do Vermes), lançou em 20 de março de 2018, via QTV, é um destruição de (pré) conceitos que adornam os textos e as intenções da música jovem-de-guitarras-subterrânea brasileira atual. É “experimental”? Certamente, mas não dá pra reduzir a isso. A vanguarda paulistana dos anos 1970-1980 se encaixaria bem aqui na etiqueta do disco, e a gente poderia seguir tentando e haveria de nunca conseguir. Melhor parar.

Ou: melhor ouvir e reouvir. “O Sol Mais Escuro” oferece uma certa facilidade, incrivelmente. Não é uma “barulheira” desconstrutiva (pode encher de aspas aí), o ouvinte pra sua própria diversão vai conseguir identificar no labirinto da memória essa ou aquela relação sonora, entretanto pra além disso, pode de fato se divertir – especialmente com os temas que atendem por “Limbotron” e Limbotronic”.

Porque há embutido na música do Vermes um prazer adicional: a surpresa. O que os músicos vão conduzir a seguir é um mistério que está além da compreensão de “experimentalismo” ou “noise” ou “free music” ou o que quer que seja (que seguem alguns critérios, afinal). A banda está, como sugere nos seus temas, em “outra dimensão” que não segue as mesmas regras tampouco pra quebrá-las. É surpresa pois oculta.

Surpresa. Oculto. Ocultismo. O disco é baseado em “As Ciências Proibidas – Enciclopédia Do Ocultismo”. As tais ciências proibidas são “proibidas” por serem periféricas e escanteadas. O catolicismo e evangelismo brasileiro não aceitam o desaforo da controvérsia e o que sobra é a atuação de guerrilha, de subterrâneo. O que se resume bem no Vermes Do Limbo é, pois, o não-tradicionalismo e a improbabilidade.

A música está se construindo por baixo do que se vende, nos arredores, nas periferias do que se supõe. O Vermes Do Limbo expõe.

O disco foi gravado em dezembro 2017 e janeiro de 2018. Mixagem é de Adauto Mang (que também faz a guitarra em “Umbigo Do Mundo” e em “Espaço Temporal”), e a masterização é de Nick Smith. A produção é da banda, além de Luan Correia e Bernardo Oliveira.

Eis as faixas e a capa:

1. O Sol Mais Escuro
1.1. Vestígio Impossível
1.2. Enterrado Vivo
1.3. Mecanismo Desconhecido
1.4. Caso Dramático
1.5. Consciência E Possessão
2. Limbotron
3. Num Abismo
3.1. Orifício Sem Pestana
3.2. Num Abismo
3.3. Umbigo Do Mundo
3.4. Espaço Temporal
3.5. Dimensão Adicional
3.6. Desconcertante
4. Limbotronic
5. Sonambulismo Astral
5.1. Angustia
5.2. Denominador Comum
5.3. Violadores De Túmulo
5.4. Homem Como Presa
5.5. Boneco Vudu
5.6. Zika
5.7. Mensagem/Delírio
6. Limbobeat

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