VICTIM! – THIS IS WHAT YOU LOVE, YOUNG MAN, AND IT ISN’T BEAUTIFUL!

Dois discos em um ano. Só com o VICTIM!. E Cadu Tenório segue produzindo de baciada. Se o resultado continuar nesse nível insano de provocação, nã há do que reclamar.

“This Is What You Love, Young Man, And It Isn’t Beautiful!” é o segundo disco do VICTIM! em 2012. Foi lançado hoje, mais uma vez com download gratuito, via Sinewave e TOC Label. O primeiro foi o fortíssimo “Sexually Reactive Child”, de 30 de maio.

Essa nova peça foi gravada entre abril e setembro deste ano e está ainda mais impressionante, pesado, inquietante.

“Esse foi feito mais pesado mesmo. Tem um investimento maior em frequências graves”, diz Cadu. “O uso de sintetizador se restringe a apenas duas músicas, no outro quase todas possuía alguma linha de sintetizador em um momento ou outro”, segue.

Mas isso pouco quer dizer se você não ouvir. Há gritos angustiantes em algumas faixas. Parece alguém sendo torturado fisicamente dentro de um estúdio. Mas Cadu gravou tudo em casa e, claro, até onde pôde nos dizer, não torturou de fato nenhum ser vivo: “é, os gritos… Algumas das faixas, tomando ‘Bruxism’ como exemplo, foram desenvolvidas unicamente com um microfone de voz plugado aos pedais e passando-o por superficies como a parede, o chão, madeira, tudo de forma rítmica, procurando capturar certos loops com pedal; e a voz meio que funciona dessa forma também. Na maior parte do disco ela meio que funciona como desabafo primitivo, o ambiente se torna tão claustrofóbico que a idéia é que as vozes irrompam dali a qualquer momento, criando essa tensão; ora vocalizações, ora frases soltas. A intenção da voz nesse disco é libertação. Por conta das atmosferas sufocantes acho que ele realmente soa como dor, tortura. É repleto de emoção até porque na maior parte das vezes foi gravado de um único take e muitas deles como improviso baseado apenas em uma idéia”.

Após a primeira audição, não tem como não imaginar que o artista, ele mesmo, tenha sofrido fisicamente ao compor essas peças. Cadu concorda: “a fúria está mais canalizada, a confusão, o caos e a ruptura brusca, o inesperado, isso tudo é temática aqui, diferente do ‘Sexually Reactive Child’, que era de certa forma mais retilíneo nesse aspecto da voz, embora também tivesse seus momentos de extrema catarse”.

Por outro lado, ele salienta que não há só ferocidade: “os silêncios no disco são um conforto. Acho que ao mesmo tempo que é mais agressivo, o disco tem passagens muito mais leves que o antecessor, como o caso de ‘Morning Silence'”.

Cadu Tenório fez o disco todo em casa, exceto as faixas “By The Way, You’ll Never Understand” e a dupla “Hypatia I” e “Hypatia II”, que foram gravadas ao vivo – as “Hypatia”s são, na verdade, uma faixa só dividida em duas. “As performances são intensas (ri) (…). Perdi a voz algumas vezes no processo, alguns arranhões volta e meia, mas nada grave, me sinto de certa forma relaxado depois de uma performance/session de gravação, mais leve”, diz.

A masterização é do amigo Emygdio Costa e a arte da capa, linda como sempre, de Paulo Caetano e Thiago Miazzo.

Não é pra qualquer ouvido. Talvez você não consega ouvir de uma vez só. Mas tente. É como Cadu diz, “quanto a desgaste/sofrimento mental/psicológico, esse disco é mais ligado ao dia-a-dia, existe o desgaste mental, mas a catarse dele é menos delicada, mais embrutecida, busca uma brecha, desesperadamente, um conforto depois de compreensão”.

Ouça na íntegra – se conseguir:

1. Crowd
2. Morning Silence
3. Bruxism
4. I Know You’re Not Listening
5. Sleep Paralysis
6. By The Way, You’ll Never Understand
7. Hypatia I
8. Hypatia II

Foto que abre o post: Tay Nascimento

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