VÍDEO: LUPE DE LUPE – ÀS VEZES

Vi esse vídeo outro dia no Rock In Press, com texto da Jessica Figueiredo, e me impressionei. Mas ainda carregava um ranço do primeiro EP dessa banda de Belo Horizonte, que ouvi lá no começo de março: “Recreio”, lançado em 2011, não é ruim, longe disso, mas embora a mistura de My Bloody Valentine com Los Hermanos seja instigante e promissora, o EP pendia mais pra chatíssima banda do Camelo.

Até que ouvi novamente a canção hoje, na coletânea de dois anos do essencial site Hominis Canidae (que você pode baixar na íntegra e de graça aqui). E aí pude perceber que em “Às Vezes” a balança pende mais pras distorções e chiadeiras do My Bloody Valentine, com os vocais em português ao fundo, sussurrantes e melódicos.

É animador. “Às Vezes” faz parte do próximo EP, que levará o nome de “Sal Grosso” e será lançado em 2012, via Fórceps Discos. Seria um indicativo de que as distorções e as guitarras do My Bloody Valentine venceram essa imaginária queda-de-braço que o Lupe de Lupe apresenta em suas criações? Tomara. A banda mostra enorme qualidade quando trilha por esse caminho, deixando ao Los Hermanos e a outras influências correlatas uma mísera parcela em seu som.

Quem tem a ganhar é a audiência, afinal de contas o que não falta no Brasil é banda emulando aquela pretensão irritante dos Los Hermanos. Ninguém precisa de outra. Se o Lupe de Lupe seguir essa pegada, teremos um grande EP em 2012. Mas, caso contrário, ao menos os mineiros nos presentearam com uma das melhores músicas de 2011.

E isso não acontece todo dia.

O clipe, segundo Jessica, no Rock In Press, foi produzido a partir “das gravações em fita cassete do casamento dos sogros do Vitor Brauer, guitarrista da banda, (…) desde a cerimônia até a festa, com crianças brincando e tudo mais. Segundo o Vitor, a diferença deste clipe é que eles queriam mostrar mais da música e menos dos integrantes”.

Sim, o clipe também emociona. Não há quem deixe de remeter as imagens (dirigidas, produzidas e editadas por Jonathan Tadeu) ao próprio círculo familiar, normalmente tão distante, e que vira exceção no nosso dia-a-dia. O Lupe de Lupe acertou em tudo aqui.

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