ISABEL NOGUEIRA – METEORO-PHOENIX

Como sua cidade, sua vizinhança e suas memórias constroem o que você é? A musicóloga formada pela Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, e PhD em musicologia na Universidade Autónoma de Madri, Isabel Nogueira pode não querer fazer um estudo em “Meteoro-Phoenix”, seu segundo lançamento de 2017 (o primeiro é um ao vivo, “Mar De Tralhas”, pela Al Sand Rec), mas está argumentando. E sua base é que por onde quer que você caminhe ou viva, será impactado por aquilo que passa e está ao seu redor. No seu caso, a expressão é musical.

Munida apenas de um sintetizador, a estudiosa constrói um tema de exatos trinta minutos sobre essa viagem desconexa, em que a mente e a vida do indivíduo vão sendo constantemente bombardeados pelos acontecimentos ininterruptos da sua existência. Não há nada que pare o processo, ele é dolorosamente intransigente, incapaz de contrapor, segue seu rumo e vai condenar o indivíduo a mudanças que também acarretarão mudanças em outros indivíduos, como várias pedras que atingem o lago e suas ondas vão interagindo e criando novas ondas e novas oscilações e novas ondas.

A música de Isabel Nogueira – que já trabalhou com vozes, gravações de campo e ruídos gerais – é ambient porém é desconfortante. Não apazígua nada, em nenhum momento. O ouvinte pode até se sentir seguro em determinadas passagens, mas não é a intenção. A artista aplica poucos silêncios e muitas modulações. Os primeiros momentos até remetem ao Kraftwerk do lado B de “Autobahn”, mas logo a sensação tramita ao desconfortável do enfrentamento da realidade.

Não há escapatória ao indivíduo. “Meteoro-Phoenix” é uma peça objetiva quanto a isso: o mundo daqui a um segundo não será o mesmo. Você também não.

Ouça na íntegra:

O disco foi lançado dia 20 de abril de 2017, via Mansarda Records. A gravação se deu em abril deste ano, com criação, produção e mixagem da própria Nogueira.

A peça pode ser baixada de graça no site do selo, clicando aqui. Faça isso.

1. Meteoro-Phoenix

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