Berne, segundo o Houaiss, é “1. larva da mosca-do-berne (Dermatobia hominis), cujo desenvolvimento final se processa debaixo da pele de mamíferos, incluindo o homem, após ser depositada por mosca ou mosquito que lhe serve de hospedeiro numa fase intermediária; torcel, ura [Após permanecer 45 dias sob a pele dos animais, a larva cai e penetra no solo, onde fica por mais 70 dias, em estado de pupa, até completar o ciclo.] 2. tumor subcutâneo produzido em animais e no homem por ação da larva da mosca-do-berne”.
O Vermes Do Limbo é uma dupla formada por Guilherme Pacola (bateria) e Vinicius Patrial (baixo), que agora é “infectada” em estúdio pela guitarra nervosa de Bernardo Pacheco, eventual parceiro de palco da dupla.
Pacheco insere suas notas verminosas no subcutâneo da banda e ajuda a parir “Berne Faltal”, disco que é lançado em 18 de abril de 2017, de maneira independente, e que sucede ao bom e impactante EP “VRMSXX” (ouça e conheça aqui)
A adição de Bernardo na banda pra esse disco acabou criando a brincadeira que gerou o título. Com o guitarrista, o trio virou “Bernes Do Limbo”, mas é uma brincadeira que não é ao léu, visto que a guitarra acrescentou uma espécie de vírus na música do Vermes, um intruso bem-vindo.
“Eles vieram aqui no estúdio gravar cinco músicas novas, com espaço pra eu adicionar partes de guitarra que eu criasse. Aí, gravamos essas cinco só com baixo e bateria e no fim da sessão desse dia liguei a guitarra e gravamos vinte minutos de improvisações curtas.
No fim, ficamos com as cinco músicas compostas e sete improvisações. Misturamos tudo e virou o disco. Depois, coloquei guitarra nas músicas compostas”, conta Bernardo ao Floga-se.
Das doze músicas do disco, há portanto cinco compostas previamente e sete improvisadas em estúdio, que receberam o título de “Berne”.
“Na real, a gente já fez show de improvisação, Vermes e eu, várias vezes. Costuma dar bem certo, mas em estúdio essa foi a primeira vez”, diz. Rob Ranches acrescenta efeitos nas faixas “Fatal-Fatal” e “Encosto”. A produção é de Bernardo, que também mixou e masterizou a obra (exceto os vocais, que foram gravados no Manufatura Vermes).
No total, são pouco menos de dezesseis minutos do que se pode chamar de pós-jazz-punk caótico, cáustico e fervilhante.
A banda ainda fez dois vídeos pra acompanhar o disco. Primeiro “Berne 7”:
Depois, “Negócio”:
“Berne Fatal” sai, a princípio, em duas versões. A primeira é parte de uma coletânea, em cassete, pela QTV e Malware. Nessa coletânea, tem “Berne Fatal”, o EP “VRMSXX”, um improviso gravado no Hotelbar, em São Paulo, dia 13 de novembro de 2014, por Rob Ranches, que também já está no Bandcamp da banda (ouça aqui) e “uns barulhos lá”, segundo Pacheco. A outra versão é o disco sozinho, em formato virtual, provavelmente também pela Sinewave.
Ouça na íntegra na versão da QTV/Malware):
Essas são as faixas e a capa originais:
01. Berne 2
02. Esses Caras
03. Berne 4
04. Fatal-Fatal
05. Berne 7
06. Encosto
07. Berne 5
08. Berne 3
09. Negócio
10. Berne 6
11. Sai Do Ar
12. Berne 1