10 DISCOS NACIONAIS QUE FIZERAM 2010 SER INESQUECÍVEL

O Floga-se tem um certo problema com bandas nacionais. Preconceito em doses cavalares, por certo. Não acreditamos que alguém saiba fazer música alternativa boa aqui por essas playas. Ainda assim, o blogue mantém os ouvidos abertos para qualquer um que queira surpreender. Em 2011, houve quem conseguisse. E com louvor.

Porque aparentemente, pra fazer música “alternativa” aqui no Brasil, é preciso ser fiel na cartilha do Los Hermanos e afins ou esboçar misturas com ritmos regionais. É preciso parecer alternativo. Na lista abaixo, há quase nada disso. Aqui, foram pinçados aqueles que não estão preocupados com blogueiros-amigos ou jornalistas-parceiros. Ou, por outra, se estão, continuam fazendo sua música, dando seus murros em ponta de faca e, tomara, se divertindo. A maioria aqui não escolheu o caminho mais fácil.

Por isso, uma lista de respeito – nomes para aplaudir.

10. Marcelo D2 Canta Bezerra da Silva – Marcelo D2
Não, Marcelo D2 não é “alternativo” ou coisa que o valha. Da lista, é o único que faz tudo ao contrário do discurso acima. Mas não quer parecer nada, nem posa de nada. Quer fazer sua música, faz e, ainda bem, dá certo com o público. Na homenagem ao grande Bezerra, ao cair na roda de samba, acertou em cheio, de uma maneira que não conseguia desde o primeiro disco solo (“Tirando Onda”, um clássico). Se você tá torcendo o nariz por ter samba numa lista de rock, ouça “Pega Eu”:

09. My MIDI EP – My MIDI Valentine
A banda se define como “nostálgica”, mas é preciso ir mais além. O My MIDI Valentine, alagoano de Arapiraca, não é apenas a banda-de-uma-sacada-só: ela faz um eletrônico-experimental de dar inveja aos pretendentes da gringolândia, com aqueles sintetizadores e baterias sob medida para jogos eletrônicos dos anos 1980 – e, claro, pra fazer música pras pistas. “My Midi EP”, com cinco músicas, saiu pela Popfuzz Records e é o segundo lançamento da banda. Dá pra animar um bom pedaço da festa com ele. Ouça “ILUVU”:

08. Lost? – Modern Walls
Pois é, por problemas internos, a banda acabou. Lançou esse ótimo “Lost?” e acabou. O EP tem quatro músicas, homenagens sinceras ao Joy Division (e aos mais recentes Editors e Interpol). Evolução de banda-cover? Pode ser, mas funcionou muito bem. É dark! Ouça “In Vains”

07. Emicídio – Emicida
A segunda mixtape do rapper Emicida mantém o verbo. Segundo a brilhante resenha do Portal Fora do Eixo, “As faixas são emendadas como em uma história contada em crônicas urbanas narradas por diversos capítulos, alguns mais rancorosos, críticos e ácidos, contrabalanceado por outros momentos de maior tranquilidade, paixão e a busca por uma simplicidade, que ganha beleza no fluxo natural de sua poesia e ritmo”. Não precisa dizer mais nada. Ouça “Emicídio”:

06. The Neon Album – Neon Night Riders
Outra banda de Alagoas, o Neon Night Riders de Hugo Estanislau e Bruno Ribeiro compilou os dois primeiros EPs e acrescentou músicas novas pra finalmente montar um dos melhores discos do ano. Bateria eletrônica, sintetizadores, vocais sussurrados, climão pós-punk e, claro, muita distorção fazem de “The Neon Album” uma peça imperdível. Pra escutar alto. Ouça “New York Is Calling”:

05. Afecto – Uppsala Solemne
O Uppsala Solemne é uma dupla de brasileiros que mora em Buenos Aires e faz música para encantar. Simples assim, se fosse simples fazer música para encantar. O Uppsala Solemne conseguiu a façanha com seu EP “Afecto”: cordas, violão, guitarra limpa… As notas sobem e descem, vem e vão e o ouvinte se surpreende a cada audição. Belíssimo, pra dizer o mínimo. Ouça “Verso Mudo”:

04. Las Vênus Resort Palace Hotel – Cibelle
Cibelle é mágica na sua loucura. Com seu terceiro disco, ela incorporou o indie-pop matreiro, esquisito e belo que encontra parâmetro num CocoRosie, por exemplo (com quem, inclusive, fez alguns shows este ano). De São Paulo, Cibelle rompeu fronteiras e é possível que traduza com fidelidade, onde quer que for, com sua música internacional, o teor cosmopolita da sua cidade natal. Em “Las Vênus Resort Palace Hotel”, ela teria lugar não só em São Paulo, em Londres ou no resto do mundo, como em outros planetas. Cool! Ouça “Sapato Azul”:

Las Venus Resort Palace Hotel

03. Decompor – Sobre A Máquina
O caos das metrópoles, a barulheira, o inferno cotidiano… O mundo está se desmantelando aí do seu lado e há uma trilha sonora pra tudo isso. “Decompor”, EP de quatro músicas do Sobre A Máquina, tem o poder de acalmar no meio da balbúrdia ou de potencializar a desorganização da vida moderna. Não só o título é perfeito, como a música difícil desses cariocas, se ouvida com atenção, pode traduzir o seu mundo. Ouça “Rotina”:


02. Coward Soul – Loomer
Tirando o Pin Ups há anos e anos, nenhuma outra banda entendeu tão bem a cartilha do My Bloody Valentine aqui no Brasil. O Loomer (cujo nome vem de uma música do clássico “Loveless”, do MBV) preenche essa lacuna e o EP “Coward Soul”, de cinco músicas, chega à perfeição no intento. Da primeira à última canção, a muralha de som e os vocais adocicados podem até fazer o ouvinte derramar uma lágrima de emoção. Não é exagero e não é nostalgia: está acontecendo agora. O Loomer merece vida longa. Ouça “Rocket Fuzz”:


01. Repentina – Repentina
Não só o melhor disco nacional do ano pro Floga-se, mas como – pode cravar aí – a mais sensacional revelação do ano. Eliane Testone e seu Repentina fizeram um disco na raça e conseguiram captar ecos do Autolux e do Drugstore nesse seu primeiro trabalho. “Repentina” tem músicas em português e em inglês, tem canções acústicas, tem guitarras, tem pop, tem lindas (e grudentas) melodias… Tem tudo pra ganhar mentes e corações. O ano de 2010 não teria sido musicalmente o mesmo. Ouça “Sangue Dos Outros”:

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