A PLACE TO BURY STRANGERS NO BECO SP – COMO FOI

Após o show do A Place To Bury Strangers, um diálogo simples e inusitado pode resumir o que foi esse espetáculo. Um rapaz vira pro outro e diz: “uau, que porrada!”. E o outro: “hã? O quê?”.

É isso: é algo como “uau, estamos todos estupefatos… e surdos!”. O A Place To Bury Strangers elevou o conceito de barulheira ao máximo. Uma guitarra, um baixo, uma bateria e a sabedoria do que fazer com aqueles pedais todos. Uma aula.

Infelizmente pra poucos alunos. Ao contrário do desastre que foi o show do Radio Dept. sexta-feira passada, pouca gente se aventurou na quarta-feira à noite (dia de final de Copa do Brasil) a ir ao Beco. Não havia pouco público, mas a banda merecia mais.

Sem os indie-festivos que normalmente habitam a casa, a organização do Beco paulistano se comportou de forma exemplar, sem filas, sem atropelos e, acredite, com som razoável (embora a voz sumisse em alguns momentos), pros ouvidos conseguirem distinguir cada chiado. Nos fez lembrar que a casa é boa, sim, um dos melhores espaços de São Paulo, quando não infesta seu calendário de indie parties e bandas coveres (eventos que, é preciso dizer, dão saúde financeira e possibilitam eventos como o show do trio estadunidense).

Na plateia, pois, poucos aventureiros. A maioria sabia o que ia encontrar. Quando a banda começou “In Your Heart”, a audiência começou a pular, pra praticamente só parar ao final da apresentação. Com “Deadbeat”, a segunda, já dava pra entender o que se passava ali: o melhor show de 2012 até o momento.



Uma boa surpresa foi perceber ao vivo que a banda não é só sonora. Ela é visual também. O jogo de luzes aumenta o clima paranoico, sombrio, e a vontade de extravasar – algo que o público não se podou em fazer. A banda toca meio na escuridão, entre raios de luz, num efeito eficiente. Você acaba transportado pra outra dimensão, mais caótica ainda, onde é preciso não se furtar ao convite de tomar uns sintéticos antes da experiência. É quase mandatório – e tornará o espetáculo ainda melhor: em shows como esse, as drogas sintéticas não só deveriam ser liberadas, como distribuídas de graça.

Na falta delas, há “So Far Away”, “Keep Slipping Away” e “I Lived My Life To Stand In The Shadow Of Your Heart”. Essa última transformou a pista do Beco numa imensa roda de pogo, com a banda estendendo a canção ao máximo, enchendo-a de ruídos, e o baixista Dion Lunadon indo tocar nos braços do povo, literalmente. Ao fundo, o estrobo tirava profundidade e o senso da realidade: por trás do pisca-pisca intenso e da fumaceira, o trio parecia fantasmas atormentando nossos sonhos.

Ainda teve tempo pra “Ocean”, “Lost Feeling” e um baixo destroçado.

Foi intenso. Foi espetacular. Um “uau” define bem. Mas tem que ser um “uau” bem alto: os ouvidos ainda apitam.

Nota negativa: perdi o show do Single Parents, que, pelo o que relataram, foi sensacional. Foi por um bom motivo, mas é imperdoável ainda assim.

01. In Your Heart
02. Deadbeat
03. Ego Death
04. I Know I’ll See You
05. So Far Away
06. Why I Can’t Cry Anymore
07. Fear
08. Keep Slipping Away
09. Drill It Up
10. You Are The One
11. I Lived My Life To Stand In The Shadow Of Your Heart
12. Ocean

BIS
12. Lost Feeling

Veja “In Your Heart”:

E veja “Deadbeat”:

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