ASTRONOID – AIR

A ASTRONOID é uma banda que parece única, centrada em três pilares de guitarra: rifes, harmonia e atmosfera. O quinteto que nasceu em Lowell, Massachussets, e hoje está sediado na tão-pequena-quanto Groveland, no mesmo estado, tem três guitarristas, cada um exercendo um desses pilares.

Um deles é Brett Boland, também vocalista – e fundador, junto com o baixista Daniel Schwartz.

A banda começou em 2012, despretensiosamente, por conta de um trabalho musical que Schwartz tinha que fazer pro colégio. O resultado foram duas canções, “November” e “Astronoid”, no que acabou virando um EP chamado “November”, publicado no Bandcamp em 11 de maio de 2012 (ouça aqui).

Dessas coisas que acontecem em grandes mercados consumidores de música: o EP acabou circulando intensamente pelo meio do metal e a dupla meio que se viu “pressionada” a dar vida ao projeto. Chamaram Casey Aylward (guitarra) Matt St. Jean (bateria) e Mike DeMelia (guitarra, primo de Matt) e o Astronoid finalmente nasceu. Meses depois, em julho de 2013, lançaram o primeiro EP como “banda cheia”, “Stargazer” (ouça aqui).

Antes, porém, lançaram no Bandcamp uma versão que um tanto que definia as preferências musicais da bandas: “Only Shallow”, do My Bloody Valentine (do clássico absoluto “Loveless”, de 1991).

O que pegou os ouvintes do “metal-cabeça” foi justamente a união que resulta dos três pilares – rifes, harmonia e atmosfera. O Astronoid estava levando uns passos adiante o que o Smashing Pumpkins, o Deafheaven, o Alcest, o Mew e outros já haviam aplicado ou ensaiado ou imaginado: pegar aquele metal farofa ou ergométrico ou moderno, tipo Coheed And Cambria, com solos estridentes e acelerados, e colocá-lo sob uma base atmosférica de post-rock e shoegaze, tirando o tanto de pretensão que os estilos citados carregam.

Os EPs “November” e “Stargazer” já tinham esse metalgaze, darkgaze ou, como prefere a banda, “dream trash”. Mas foi em “Air”, o primeiro disco cheio, lançado em 10 de junho de 2016, pela finlandesa Blood Music, que o quinteto aprimorou a mistura.

Muitos críticos de metal mais tradicional viraram o rosto. Talvez porque o “novo” metal tenha se esforçado cada vez mais em parecer “estranho”, partindo pro “post-metal”, “avant-garde-metal”, “progressive-metal”, “math-metal”, buscando ser o mais torto possível. Os tradicionalistas obviamente não curtem.

A mistura exposta em “Air” é menos “metal” e mais etérea, aproximando-se do shoegaze, do post-rock e do space-rock, salvo por um solo mais acelerado e agudo e pela bateria realmente biônica. Os vocais não são gritados ou guturais. Não há demônios ou esterótipos do tipo.

É como um crítico escreveu: “é o casamento perfeito entre uma ideia estranha e uma execução perfeita”.

Quando se ouve “Violence”, uma faixa lenta e totalmente etérea, comparando-se com a faixa-título, percebe-se que há uma distância enorme entre elas, sem ser algo de fato brusco ou não-intercambiável. “Up And Atom” e “Trail Of Sulfur” são outros bons exemplos de como funciona o tripé da banda.

Não à toa, “Air” caiu nas graças de muitos resenhistas de sites de metal e sites indie. Há grande chance de vermos o disco nas listas de melhores de 2016 na gringolândia.

Apesar de não ser uma mistura exatamente original, “Air” apresenta um esforço de ser mais efusivo na proposta, mais despudorado. Não tem medo de desagradar esse ou aquele. E se sai muito bem. Causa estranheza pra esse ou aquele ouvido não versado nos estilos que propaga, mas essa sensação, com o passar das faixas, vai se esvaindo.

A grande questão é como vai sobreviver a mistura nos próximos trabalhos, quando já não haverá mais a surpresa e a novidade: ficará cansativo? Se sustenta no tempo?

Pra uma banda que não tinha pretensão alguma de nada, parece que tanto faz.

1. Incandescent
2. Up And Atom
3. Resin
4. Violence
5. Homesick
6. Tin Foil Hats
7. Air
8. Obsolete
9. Trail Of Sulfur

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