CABEZA DE PANDA

Puristas, tremei! Essa é uma banda nacional. Brasileira. Carioca.

O Floga-se abre pouquíssimas exceções para falar de bandas nacionais, porque a maioria tem aquela mania chata de “abrasileirar” a música, com um pseudo-samba (ou samba de universitário, como preferir), como se a música não devesse ser internacional…

A discussão vai longe e eu sempre toco no assunto quando vou falar de uma banda brasileira – e parece uma desculpa (talvez seja). Mas não é o caso aqui. Senão, perco o foco.

A pergunta é: a banda é boa ou não? No caso do Cabeza de Panda, a resposta é sim e é não. Não importa a minha resposta, importa o que você vai achar. E o Cabeza de Panda tem algumas qualidades que podem fazer você gostar do negócio. A começar pelo nome: Cabeza de Panda…

Nascida em 2007, no Rio de Janeiro, o Cabeza é formado por Lourenço Monteiro (voz, bateria e MPC), Alexandre Vaz (voz, guitarra, violão) e Mauro Berman (baixo e teclado). O som é… Bom, o som é uma mistura do se acostumou chamar de indie com alguma coisa boa que talvez, algum dia, sabe-se lá quando, o Los Hermanos já tenha feito de bom.

Descrevo assim porque não posso concordar com a apresentação da banda no MySpace dela: “Sombria e psicodélica, regressiva e progressiva, revisionista e visionária. As letras do Cabeza de Panda vão do completo cinismo à mais pura sinceridade e os arranjos alternam tranquilidade e peso, mas sempre a serviço de melodias e riffs envolventes, em canções que são ao mesmo tempo diretas e viajantes”. Pensado demais.

Se você ouvir “Verme (Tudo Vai Acabar Bem)” e “Veludo Azul” poderá chegar bem perto do que eu chamaria de psicodelia-pop (com um toque inocente dos anos oitenta). E essa talvez seja uma boa definição da banda. Bem simples e bem apropriado para a beleza de muitas músicas do Cabeza de Panda. Tá falado?

Se quiser uma boa iniciação, porém, vá de “Outro Dia, Outro Planeta”, que segundo Mauro Berman “é uma música em compasso composto 7/4, não muito comum na música pop”.

O Cabeza de Panda já foi banda de apoio do Marcelo D2 e o próprio Mauro Berman manda o verbo pro Floga-se: “Sou amigo do D2 há muito tempo; cheguei a tocar com o Planet Hemp no lançamento do disco ‘Usuário’ (1995); daí, os anos passaram, fui morar em Londres e voltei quando Marcelo estava começando a preparar ‘À Procura da Batida Perfeita’ (2003). Gravei baixos e teclados no disco e compus uma musica, ‘Pilotando O Bonde da Excursão’. Depois da gravação, comecei a tocar com ele pelo Brasil e mundo. Fui o diretor musical durante o ‘Acústico MTV’, onde o (Alexandre) Vaz participou como violonista. O Lourenço entrou durante a turnê do ‘Acústico’. Depois gravamos ‘Meu Samba É Assim’ (2006) e continuamos a viajar com ele pelo Brasil e pelo mundo. Daí fui co-produtor do último CD do Marcelo D2, ‘A Arte do Barulho’ (2008), onde compus três músicas e onde o Cabeza de Panda participa (além de termos gravado o disco todo) na faixa ‘Vem Comigo Que Eu Te Levo Pro Céu’ (uma das mais comentadas do CD e que fez parte da novela da Rede Globo, ‘Cama de Gato’). Outra música minha, ‘Ela Disse’, também entrou numa novela (da Rede Globo), a ‘Caminho das Índias'”.

A ligação embrionária com Marcelo D2 não é ouvida no trabalho do Cabeza de Panda. Embora eu seja realmente um admirador do trabalho do rapper, tenho que dizer que ainda bem. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, já diria o velho China.

A banda já tem um disco, “Cabeza de Panda”, de 2010, lançado por ela própria. É esse:

01. Café e Pasta de Dente
02. Melhor Amigo do Rei
03. Veludo Azul
04. Melhor Que Eu
05. Outro Dia, Outro Planeta
06. Sem Ar
07. Grande Boca
08. Au Revoir Cecile
09. Quanto Tempo Mais
10. Visita
11. Verme (Tudo Vai Acabar Bem)

Bom prestar atenção nas letras, de Lourenço Monteiro, como nessa “Café e Pasta de Dente”, o primeiro clipe da banda, lançado em junho passado:

Ouça mais, nessa sessão para o estúdio Oi Novo Som, gravado em agosto de 2009. Primeiro, “Veludo Azul”:

Agora, “Sem Ar”:

O Cabeza de Panda não é exatamente uma novidade. Quem acompanha outros blogues sobre música e rock nacional (bem mais “antenados” do que eu), além de ver os programas especializados e shows, já conhece há muito.

Mas o Floga-se não poderia deixar de abrir espaço pra um pouco de criatividade, certo?

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