DEZ MELHORES SELOS BRASILEIROS DE MÚSICA

Lá nos anos oitenta, havia alguns selos ligados a lojas de discos, que funcionavam em São Paulo, e que eram bastante conhecidos, como Baratos Afins e Wop-Bop. Eles não foram os primeiros, mas apontaram caminhos, principalmente por apostar em artistas à margem do “esquemão”. Lançamentos por selos não ligados a grandes gravadoras sempre existiram.

Mas veio a Internet e com ela esses selos ganharam força, projeção e visibilidade. As coisas facilitaram um bocado pros artistas: em teoria, qualquer um pode gravar e lançar seu trabalho, sem precisar de nenhum apoio logístico ou de um esquema por trás.

Entretanto, não é bem assim. Ainda há a necessidade de promoção, de conversar com a mídia, de, em muitos casos, buscar maneiras de imprimir em formatos físicos e vendê-los. Sem essa estrutura, mínima que seja, o artista pode até “lançar” seu disco (via Bandcamp, SoundCloud, blogue próprio etc.), mas vai “lançar pra ninguém”.

Há muita gente fazendo esse trabalho duro por aí, e ampliando o processo – não só lançando e promovendo os discos, mas estruturando festivais, shows e afins, de modo que o artista possa mostrar pra mais pessoas seu produto.

Nesse novo cenário, fora do esquemão dos grandes sites e mídias, o Floga-se listou alguns dos melhores selos onde a música torta, alternativa, ousada, intrigante, encontra espaço e pode ser achada em profusão.

Há outros ótimos selos além dos listados (como o Trama Virtual, o Senhor F, o Pisces, o Chippanze, dedicado à chipmusic, o Psicotropicodelia etc.), mas aqui estão aqueles mais atentos ao que de mais subterrâneo é feito no Brasil. Um bom guia pra você encontrar e desvendar grandes obras que poderiam continuar no subterrâneo, mas acharam uma boa via pra chegar ao público.

THE BLOG THAT CELEBRATES ITSELF RECORDS
Site: http://theblogthatcelebratesitself.bandcamp.com/
Facebook: https://www.facebook.com/TheBlogThatCelebratesItself
Twitter: não tem

Braço “corporativo-musical” do blogue The Blog That Celebrates Itself, de Renato Malizia, a TBTCI Records surgiu em 2012 como uma extensão natural do trabalho de seu criador, que além de escrever pro site, promove shows e pequenos festivais. Daí pra lançar algumas dessas bandas por um selo próprio foi um pulo. Apesar do pouco tempo de vida, o TBTCI Records já tem no currículo o relançamento da discografia do Bela Infanta, além de Robsongs, Infraaudio e uma série de coletâneas.

SINEWAVE
Site: http://sinewave.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/sinewavelabel
Twitter: @sinewave

A principal referência da MTB (Música Torta Brasileira). Desde 2008, lança discos essenciais de shoegaze, post-rock, experimental, drone etc., além de podcasts, coletâneas, festivais. À frente, estão Elson Barbosa, Lucas Lippaus e Luiz Freitas. No catálogo, pérolas da Loomer, Neon Night Riders, Sobre A Máquina, This Lonely Crowd, VICTIM!, HUEY, Chinese Cookie Poets, Herod Layne, Team.Radio, S.O.M.A., ruido/mm, lavalsa, Upsalla Solemne, Elma, Wry, I Buried Paul, Jennifer Lo-Fi, Dulectrum e por aí vai. O melhor catálogo de música torta feita no Brasil.

TRANSFUSÃO NOISE RECORDS
Site: http://www.transfusaonoiserecords.com/
Facebook: https://www.facebook.com/transfusaonoiserecords
Twitter: não tem

Lê Almeida fundou a Tranfusão Noise Records em 2004 e de lá pra cá colocou a Baixada Fluminense no mapa da importância do rock alternativo brasileiro – e mundial. Especializado em lo-fi, traz nomes como o próprio Lê Almeida, Babe Florida, Cretina, Wallace Costa, Badhoneys, Carpete Florido, The John Candy, Medialunas, Top Surprise, Looking For Jenny, Sin Ayuda, Hierofante Púrpura, Fujimo, Treli Feli Repi etc. Promove também vários eventos pros seus artistas tocarem (normalmente no Rio de Janeiro e eventualmente em São Paulo e em outros estados ao redor). O maior problema está na divulgação deficiente, mesmo que seja uma questão conceitual (de ser “lo-fi”, sem muita estrutura). O potencial é enorme e o catálogo, de fazer inveja a qualquer selo do mundo.

POPFUZZ RECORDS
Site: http://popfuzz.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/popfuzzrecords
Twitter: @Popfuzzrec

A Popfuzz é um coletivo da rede Fora do Eixo, mas embora isso queira dizer uma série de eventos voltados ao cinema, artes cênicas, shows, debates e festivais, importa saber que o braço selo musical, a Popfuzz Records, é importantíssimo e com amplitude muito maior do que a Alagoas onde está sediado. No catálogo, em parceria com outros selos, há Hierofante Púrpura, Sin Ayuda, Single Parents, My Midi Valentine, Capona, Katty Winne, Baztian. A frequência de lançamentos é pequena, mas importante.

MONSTRO DISCOS
Site: http://www.monstrodiscos.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/MonstroDiscos
Twitter: @monstrodiscos

Há mais de dez anos, o Monstro Discos é um selo que se consolidou como “um dos grandes” do alternativo nacional. Muito por conta de promover dois dos mais importantes festivais do país, o Bananada e o Goiânia Noise Festival (a produtora ainda cuida da TRASH – Mostra Goiana de Vídeo Independente; e das Noitadas Monstro, shows mensais na capital de Goiás); mas principalmente por ter um poderoso catálogo de artistas, que conseguem boa penetração midiática, como Ecos Falsos, Violins, FireFriend, Black Drawning Chalks, Jupiter Maçã, Walverdes, Macaco Bong, Lucy And The Popsonics, e estrelas consolidadas como Inocentes, Ratos de Porão e Mundo Livre S/A.

TOC LABEL
Site: http://www.toclabel.com/
Facebook: https://www.facebook.com/TocLabel
Twitter: @toc_label

Um exemplo a ser seguido. A TOC Label surgiu em 2012, pelas mãos de Cadu Tenório e Thiago Miazzo (ambos do Gruta), pra lançar os projetos tantos de Tenório e pra levar ao público trabalhos obscuros não só digitalmente. Os lançamentos acontecem em cassete. O selo é enxuto e tem no catálogo o VICTIM!, Gruta, Mortuário, Santa Rosa’s Family Tree, Bemônio, Gimu e Guerrinha (trabalho solo de Gabriel Guerra, do Dorgas). É outra casa que dá um bom alento à MTB.

MIDSUMMER MADNESS RECORDS
Site: http://mmrecords.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/pages/midsummer-madness/292733560745588
Twitter: @mmrecords_lariu

É o mais antigo desta lista. Começou em 1989 como um fanzine, mas lançou os primeiros discos em 1997. É capitaneado por Rodrigo Lariú, que já trabalhou na MTV e já trouxe pro país shows do Yo La Tengo e do Stereolab. Tem no catálogo nada menos do que Fellini e Second Come, além do Supercordas, The Gilbertos, Dead Poets e outros. O ritmo de lançamentos, infelizmente não é acelerado.

DISSENSO RECORDS
Site: http://dissensorecords.com/
Facebook: https://www.facebook.com/dissensorecords
Twitter: @dissensorecords

A Dissenso Records funciona como distribuidora, selo, produtora de eventos e estúdio na capital paulista. O foco é música experimental, post rock, drone etc. É música torta, em suma (“a nossa música é torta, estranha e obtusa”, diz o site). Mas não só brasileira. Há um espectro mais amplo. Entre os gringos, tem a ternura do Jeniferever, as loucuras do Thisquietarmy e do Ufomammut e muito mais. Entre os brasileiros, a Labririnto, banda do chefe do selo, Erick Cruxen, além de Bemônio, Ordinária Hit, Gimu, National etc. Os trabalhos são lançados em vários formatos: CD, vinil, digital, cassete. Além disso, promove vez por outra a Noite DIS Experimental, com bandas do selo. Profissionalismo total.

MANSARDA RECORDS
Site: http://mansardarecords.wordpress.com/
Facebook: https://www.facebook.com/pages/Mansarda-Records/397775263626705
Twitter: não tem

É um grande achado a Mansarda Records, selo virtual de Porto Alegre tocado “pelos músicos improvisadores, Diego Dias e Gustavo ‘Bode’ Muccillo, cujo objetivo principal é lançar gravações dos vários grupos dos quais são membros, principalmente os resultados das sessões de gravação do PROJETO BERROS”. O foco é basicamente a música de improviso, experimental, free jazz. Vale vasculhar o catálogo.

SUBMARINE RECORDS
Site: http://www.submarinerecords.net/
Facebook: não tem
Twitter: @noropolis

O selo existe desde 1998 e não se prende a um estilo só: o catálogo tem desde o Elma e o Hurtmold até o M. Takara e Rob Mazurek, passando por Againe e The Eternals. A produtora Noropolis, ligada ao selo, promove shows e tem um site bem atualizado, pra você acompanhar as datas. Não é apenas uma netlabel: lança também em todos os formatos físicos. Catálogo enxuto, mas importante.

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Comentários

comentários

10 comentários

  1. Bem legal a lista!
    Pergunta: vocês conhecem o selo O Bosque / Woodland (http://www.lastfm.com.br/label/O+Bosque+%2F+Woodland)?
    Sinceramente, até pouco tempo atrás eu mesma não conhecia, afinal, o selo não é conhecido no Brasil (o Cesar me disse que 99% dos seguidores e das vendas vem do exterior), a não ser pela galera da cena dos anos 90. Acontece que em 2010 o selo voltou na Inglaterra e conta com um cast foda (sempre no DIY), de bandas brasileiras e de várias partes do mundo!
    Por exemplo: sabe o Seapony? A primeira banda deles, Transmittens, foi lançada pelo Bosque.
    🙂

  2. po, fernando… nao é possivel! : P

    saca so o bandcamp: http://ob-w.bandcamp.com/

    mariana, voce é a outra metade da espiral, né? nos conhecemos no sp popfest, mas pouco conversei com voce…

    a espiral fez um crowdfunding pra prensar um split 7”, fernando. seria legal voce divulgar aqui no seu blog – se ja divulgou, eu (ainda) nao vi ; )

  3. Oi Alex,
    Sim, sou eu a outra metade, hehehe.

    O Cesar fala bastante de você e lembro que fomos apresentados no SP Popfest, mas realmente foi rápido e a correria estava insana naqueles dias.
    🙂
    Quando der, apareça no Walden!

    E obrigada por ter cutucado o Fernando pra divulgar A Espiral por aqui, deu certo! Hahahahahaha

    Valeu, Fernando! Ficou bem legal!

    Abs,
    Mariana

  4. queria ter ido no sorry shop + nebula, mas a preguica falou mais alto… : P

    mas pretendo voltar aí, sim – pena que eu estou meio longe…

    abracos pra voces : )

  5. Com certeza vcs não conhecem a Essence Music: http://www.essence-music.com

    O melhor e maior selo de música experimental BRASILEIRO (Minas Gerais). Boris, Nordvargr, Nadja, Acid Mothers Temple…. Só banda gringa de primeira linhagem. Eles não divulgam muito no Brasil. Foda!

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