E ASSIM FOI O PRIMEIRO SHOW DO STONE ROSES EM 16 ANOS

Bom, na verdade, foi o primeiro show com venda de ingressos, porque duas semanas antes, de surpresa, o Stone Roses tocou de graça no Parr Hall, Warrington, Inglaterra.

O primeiro show com venda de ingressos aconteceu no Razzmatazz, em Barcelona, dia 8 de junho de 2012, dezesseis anos após a última apresentação, no Reading Festival de 1996. O segundo também foi lá, no dia seguinte (por apenas 55 euros!).

O Floga-se já mostrou como foi o quinto show dessa nova leva, em Århus, Dinamarca. Mas a correspondente Marina Forato, fã declarada da banda, direto de Barcelona, esteve no marcante primeiro espetáculo e conta de um jeito especial como foi.

O STONE ROSES ME FEZ REVIVER A ADOLESCÊNCIA
Texto: Marina Forato
Fotos: Maurício Melo

O dia do show pra mim foi uma loucura, porque eu briguei pra caramba com os seguranças que me barraram na entrada duas vezes… Eu tentei entrar com a minha câmera e eles não deixaram. Eu falei que eles eram uns hipócritas porque minha câmara é grande como uma reflex, mas com certeza a qualidade de vídeos e de fotos de um iPhone é muito melhor. E tinha um montão de gente com umas camarazinhas dentro, filhos da puta. Não tinha nenhum aviso escrito na entrada, por isso levei a minha.

Não sei se foi o FIB quem proibiu as câmaras grandes ou se foi porque os Stone Roses estavam gravando algum vídeo oficial deles… Espero descobrir logo, logo…

Ver os shows na sala 1 do Razzmatazz é mortal pra mim desde a primeira fila, porque a barra “gorda” da grade fica justo na altura do foco de visão do vocalista quase sempre. Expliquei? Consegue imaginar? Ser pequeno é complicado, o mundo está feito pros altos (e os shows de rock também). É que desta vez a barra cobria perfeitamente a cara do Ian Brown. Ou seja, as soluções ou eram pular bem alto sem parar ou agachar um pouquinho, pra ver a banda inteira “quadriculadamente” entre as grades.

O Mani, o Reni e o John são ótimos, os solos eram quase idênticos aos dos CDs e John Squire tocou o rife de “Day Tripper” em um solo. Foi muito fofo. O Mani estava bem na nossa frente (ou nós que estávamos na frente dele) e trocou de baixo umas quatro vezes, um mais legal que o outro.

Eles puseram umas canecas em cima dos amplificadores. Tinha um balde no chão pro Ian Brown ir cuspindo, acho que ele estava um pouco resfriado. Mas isso não é desculpa pra desafinação dele, nem por cantar fora do tom.

No começo do show o som falhou um pouco, eles não puderam passar o som no Razzmatazz antes. Teve um momento que o microfone do Ian Brown não funcionou no começo de uma música e ele ficou puto. Foi em “Love Spreads”. Houve microfonia também. Os ecos que colocavam às vezes em sua voz eram desnecessários, além de reverb.

Brown dedicou “She Bangs The Drums” a todas as mulheres e depois perguntou se queríamos pedir uma música… Mas acho que isso era só pra parecer simpático, já que em todos os shows eles estão tocando as mesmas músicas. Na verdade, de tudo o que ele falava não entendemos nem a metade, porque o sotaque de Manchester é bem complicadinho…

Sei que embora tenha sido incrível, perfeito não foi.

Mas nem me importavam os problemas de som, nem as desafinações, nem a dor nas pernas, porque nada se compara a estar debaixo do alto falante ensurdecedor, cantando, gritando… E desejando que esse momento não acabasse nunca… E o Ian tocou a minha mão (tiete total)!

No fundo, acho que o mais mágico pra mim foi a oportunidade de poder vê-los na saída, de ganhar um beijinho, de sentir que algo que sempre esteve tão longe e tão impossível podia estar tão perto, na tua frente, e que são de carne e osso… Com seus cabelos brancos… Quero voltar ao 8 de junho de 2012!

E não foi como na Suécia, onde o Reni se levantou e vazou faltando o bis. O Ian Brown falou algo assim pra galera: “sinto muito, não vamos poder terminar o show hoje porque o baterista foi embora, ele é um filho da puta”.

Tinha algumas músicas a mais que queria escutar mas não foi desta vez. O show teve quatorze músicas. Saí de lá abobadíssima, mas que o meu normal, numa nuvemn sem saber definir o que eu acabava de ver, porque foi algo que pensei que nunca aconteceria. Mas eles já têm uma certa idade, vestidos de molecões com as músicas “antigas”. É algo estranhíssimo, e acho que o Floga-se definiu o que senti perfeitamente com a frase “o melhor show ruim da minha vida”. Mas eu voltaria àquele dia, sim. E mais de uma vez, se pudesse.

Fui no show só na sexta, dia 8, e na saída ficamos esperando a banda. Entre nós estavam umas menininhas de uns dezessete anos gritando: “Liaaaaam, Liiiiaaaammmm!!!!”. Eu e uma amiga pensamos: “essas minas tão viajando…”. Mas não era bem assim: o Liam Galagher estava lá, com todas as esposas dos caras (acho que eram esposas, ou loiras muito sortudas), porque todos ficavam entrando e saindo do camarim pela porta de entrada do Razzmatazz.

E enquanto esperávamos que saíssem os Stone Roses e ficava entrando e saindo o Liam, passou o Reni correndo, fez “tchau” com uma mão e entrou numa van. Que pena. Esse eu perdi. Depois saíram Mani e John ao mesmo tempo, uns fofos. Ficaram lá com a galera, distribuindo autógrafos e tirando fotos com o pessoal (a maioria do público era de britânicos). Foi quando eu tive a oportunidade de dar na mao deles minha boa e velha camiseta e pedi um beijo pro Mani. Ele me deu um beijinho e saiu rindo. Meu marido acha que ele riu da minha cara, pode ser, mas não faz mal!

O John é uma gracinha também. Mas eu estava lá delirando e me esqueci de pedir um beijinho pra ele também. O Ian Brown demorou pra sair, começou a garoar e nós lá, esperando como umas palmeiras. E todos gritando “Ian, Ian…!”. Até saiu o Liam e foi falar com a galera, blablablá, fotos mais autógrafos mais etc e de repente, passa o Ian Brown, acena, entra na van e vaza. ¡Cabrón!

Mas eu falei: amanhã volto na mesma hora! Faltavam-me dois autógrafos na camiseta. E foi o que fizemos: sábado à noite, depois do jantar, voltamos à porta do Razzmatazz (que está a menos de 15 minutos da minha casa a pé) e aconteceu quase o mesmo: o Reni foi o primeiro a sair, correndo pra entrar na van (por que ele é assim?); sairam Mani e John mas, por sorte, saiu Ian Brown também, que ficou conversando com o povo, tirando fotos, autografando, finalmente! E consegui um garabato mais na camiseta.

Sempre que olho as fotos não posso acreditar… Quantas emoções… Eu nem sabia que poderia voltar viver o “fenômeno fâ” depois da adolescência. O Stone Roses me deu isso.

Setlist
01. I Wanna Be Adored
02. Sally Cinnamon
03. Mersey Paradise
04. Ten Storey Love Song
05. Where Angels Play
06. Shoot You Down
07. Waterfall
08. Fools Gold
09. Standing Here
10. She Bangs The Drums
11. Made Of Stone
12. This Is the One
13. Love Spreads

BIS
14. I Am The Resurrection

Aqui, você pode ver um vídeo com o mix das duas apresentações, do dia 8 e do dia 9 de junho de 2012:

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