THE STONE ROSES NO FINSBURY PARK, LONDRES – COMO FOI

Foram dois dias de evento. O Stone Roses liderando seu próprio festival, no Finsbury Park, em Londres, sexta-feira e sábado, dias 7 e 8 de junho de 2013.

Não era uma escalação qualquer servisse apenas pra destacar os anfitriões. Não. No primeiro dia, havia Rudimental, The Courteeners e Dizzee Rascal abrindo. No segundo, o que o Floga-se acompanhou, havia nada mais, nada menos que Miles Kane, Johnny Marr e PIL (o PIL não tocava ali desde 1978).

A estrutura foi montada pra receber 45 mil pessoas. Era, sim, um festival e havia, sim, dois bons motivos pra isso. O primeiro era o lançamento do documentário de Shane Meadows, “The Stone Roses: Made Of Stone”, que acabava de chegar aos cinemas da Inglaterra, dia 5 de junho. O segundo é uma inacreditável nova stonerosesmania que se formou na Inglaterra no último ano, desde que a banda voltou aos palcos, em junho de 2012 (o primeiro show, em Barcelona, o Floga-se acompanhou também, bem como uma apresentação na Dinamarca, eleito o “melhor show ruim da minha vida”).

Trailer oficial de “The Stone Roses: Made Of Stone”:

Carolina de Carvalho foi ao Finsbury Park no dia 8 de junho e conta, com exclusividade ao Floga-se, como uma turma de agora respeitáveis pais de família invadiu o local e fez do evento uma enorme festa da “grande banda de sua geração”.

É um relato interessante não só pelo show em si, mas pra gente aqui no Brasil ter uma ideia do trato da organização ao público (volta e meia publicamos matérias sobre festivais lá de fora, por gente que vive no local, vide essa do Lollapalooza Chicago 2011). Ainda há diferenças gritantes na organização, que esperamos o tempo e a maturidade do mercado tratem de diminuir.

“NÓS VAMOS DOMINAR O MUNDO NOVAMENTE”
Texto e fotos: Caroline de Carvalho

O dia estava bem agradável, típico de uma primavera inglesa que custou a chegar, com o sol entre nuvens. Caminhando no sol eu até pensava em começar a suar, mas quando ficava na sombra a brisa “fresh”, como eles falam, dava arrepio que pra mim, e acho que pra muitos brasileiros, era obrigatório o uso de uma jaqueta, malha, casaquinho e se bobear os três juntos.

Saí de casa às duas horas da tarde e peguei o trem (sim, moro no subúrbio afastado do centro, zona 6) rumo à Waterloo station. A viagem leva aproximadamente trinta minutos. Coincidência ou não, o trem estava lotado, mas não um lotado-muvuca (como o trem pra Osasco – teve uma época em que eu pegava esse trem pra trabalhar!): era um lotado de primavera no ar, parque, pubs e, lógico, de Stone Roses!

Chegando em Waterloo, levei mais uns quinze minutos de metro (Tube) pra chegar ao Finsbry Park.

O público, assim como eu, estava começando a chegar. Sem tumulto algum, entrei no evento, recebida por um segurança bem simpático que me perguntou como eu estava, pegou o meu tíquete e disse: “aproveite o show e tenha um ótimo dia!”. E eu respondi: “obrigada, vai ser fácil ter um ótimo dia!”.

Comecei a tirar um monte de fotos das facilidades do local. A primeira foto foi a do bar, claro. Havia quatro em cada ponta do evento. Eles tinham aproximadamente cinquenta metros e pra chegar neles você tinha que passar por umas grades (que nem as filas dos brinquedos do Playcenter, mas sem a demora – nossa, por que fui lembrar do Playcenter?!). Tinha umas trinta ou mais pessoas trabalhando em cada bar, então era bem rápido e divertido pegar uma cerveja.

O preço era padrão pra todas as bebidas, 4,50 libras (cerveja, Echo Falls, Breezer – com a libra a R$ 3,4, faça a conta), 2,50 libras pra half pint e 2,20 libras pra refrigerantes e água. Pra comer, havia várias barracas de comida chinesa, hambúrgueres, pizzas etc. O preço variava de 3 libras a 10 libras.




O banheiro químico no começo do show parecia que ia dar conta. Tinham vários espalhados pelos quatro cantos do evento. Mas chegou uma hora que não suportava a quantidade de pessoas. E o pessoal começou a escolher cantinhos pra eliminar as cervejas consumidas. Ok, sem grandes novidades!

Depois de tirar algumas fotos e comprar uma cerveja, foi hora de curtir o sol, que nesta hora já estava mais parecido com o nossos dias quentes de outono. E ver o público. O público, ah o público… Como eles se descrevem, todo old school, bem mais maduro do que em 1987. Conversei com pessoas de cidades próximas de Londres, Manchester, Liverpool e por aí vai. A maioria foi pro show em bandos, grupo de quinze, trinta pessoas. Fiquei bem contente em ver alguns old school pais, trazendo seus filhos (de 13 ou 15 anos) pra curtirem juntos a banda. Me deu até vontade de ser mãe, mas depois quando fui pra mais perto do palco a vontade passou…

Assim como eles, eu não via a hora do show começar. Fui introduzida ao mundo do Stone Roses em 1997. Infelizmente, nessa época eles tinham parado de tocar e o Ian Brown estava lançando sua carreira solo. Vi o show dele num festival em 2000 mas pra ser bem sincera o som estava horrível e o próprio Brown não estava ajudando. Ficava fazendo ruídos estranhos no microfone, parando no meio da musica e falando um monte de abobrinhas, ele estava bem louco, isso sim. A galera que estava comigo adorou, afinal era o Ian Brown do Stone Roses. Eu estava meio que esperando esse tipo de performance aqui no Finsbury Park, mas felizmente me surpreendi com a qualidade dela.É, o rei da old school também amadurece.

O convidado Miles Kane começou a tocar às cinco horas. Foi ótimo pra poder escutar a qualidade do som no palco – e só! Não sou nenhuma expert, mas considerando que nesta hora eu estava longe do palco, sentada na grama, como a maioria das pessoas, a qualidade do som estava excelente. Já o Miles Kane, sei lá, uma mistura de Boy Zone e Take That com rock.

Setlist:
1. Give Up
2. First of My Kind
3. Better Than That
4. Rearrange
5. Taking Over
6. Inhaler
7. Don’t Forget Who You Are
8. Come Closer

(N.E.: Miles Kane fez jornada dupla esse dia: saiu do Finsbury Park e foi fazer outro show, na sequência, no Queen Of Hoxton)

O Johnny Marr entrou às seis horas e a galera começou a levantar da grama pra dançar um pouco, mas também só quando ele tocava as do Smiths. Algumas das músicas que fizeram o público cantar e dançar foram “How Soon Is Now?” e “Bigmouth Strikes Again”.

Setlist:
01. The Right Thing Right
02. Stop Me If You Think You’ve Heard This One Before (The Smiths cover)
03. Upstarts
04. Lockdown
05. The Messenger
06. Bigmouth Strikes Again (The Smiths cover)
07. New Town Velocity
08. I Want The Heartbeat
09. How Soon Is Now? (The Smiths cover)
10. There Is A Light That Never Goes Out (The Smiths cover)

Veja um grande trecho do show de Marr:

Johhny Rotten entrou no palco umas sete horas, acho eu. Pois é, desculpa aos punk roqueiros e afins, mas bem na hora do show dele eu estava em uma missão, tentando encontrar um amigo gringo, das antigas, indo ao banheiro, comendo, comprando mais cerveja. Mas eu dei uma paradinha quando ele cantou “Rise”.

Achei ele bem acabado, mas dou credito pra ele por ainda fazendo aquelas danças malucas de punk rock.

Setlist
1. One Drop
2. This Is Not A Love Song
3. Reggie Song
4. Warrior
5. Flowers Of Romance
6. Swan Lake
7. Public Image
8. Rise
9. Open Up (Leftfield cover)

Veja o vídeo de três canções: “This Is Not A Love Song”, “Public Image” e “Rise”:

Encontrei meu amigo, não o via há 16 anos. Conheci esse amigo na mesma época que fui introduzida ao Stone Roses. Ele me levou para o lado esquerdo do palco, a uns cinquenta metros de distância, o que foi bem bacana: estava no meio da galera e contando os minutos.

Às nove horas a banda entrou. E que entrada! Começaram com “I Wanna Be Adored”, o público de aproximadamente quarenta e cinco mil pessoas cantava em coro. Arrepio total!

A segunda música foi “Elephant Stone”, depois teve “Standing Here” e por aí vai. Na “Fools Gold”, o guitarrista John Squire e o baterista Reni fizeram um solo sensacional.

Parece babaca, mas o publico estava nostálgico, emocionado, as pessoas se abraçavam, dançavam aquela dança engraçadíssima que o Ian Brown faz, cantavam em coro, gritavam, assobiavam, principalmente nas “Love Spread”, “This Is The One”, “Made Of Stone”, “Breaking Into Heaven” e na derradeira “I Am The Resurrection”.

É, realmente foi sensacional participar deste evento…


Fato, The Stone Roses é uma das bandas, se não for a mais famosa da Inglaterra, é pelo menos dessa geração. E o Ian brown estava certo, quer dizer, meio certo, quando disse em uma entrevista em 2011: “nós vamos dominar o mundo novamente”. Pelo menos na Inglaterra está acontecendo!

A volta para casa foi meio tranquila. No evento, tudo certo. Eles abriram vários portões de saída de emergência. A multidão saía andando, organizada, mesmo que a essa altura com vários bêbados (mas felizes), em direção a sei lá onde. O ruim pra mim foi que as estações de metrô perto do parque estavam fechadas, por motivo de segurança. Então, tive que correr, o quanto deu, até um próximo ponto de ônibus, pegar o underground e depois um trem até Teddington. Levou umas três horas até a porta da minha casa. Mas isso é porque, como os gringos dizem, eu nao moro em Londres, more na zona 6, ha!

Setlist:
01. I Wanna Be Adored
02. Elephant Stone
03. Ten Storey Love Song
04. Standing Here
05. Going Down
06. Shoot You Down
07. Fools Gold
08. Something’s Burning
09. Waterfall
10. Don’t Stop
11. She Bangs The Drums
12. Love Spreads
13. This Is The One
14. Made Of Stone
15. Breaking Into Heaven
16. Elizabeth My Dear
17. I Am The Resurrection

Um vídeo caótico do meio do público pra sentir o clima na abertura, com “I Wanna Be Adored”:

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