GATA PIRÂMIDE & STEVE SHELLEY NO CENTRO CULTURAL SP – COMO FOI

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Se a pessoa não soubesse de nada, não fizesse ideia do que se tratava, poderia querer se dar ao luxo de deixar pra lá uma apresentação do “baterista do Sonic Youth” Steve Shelley, afinal “é só um baterista – de uma grande banda, mas só um baterista”.

Pensei em deixar pra lá. Domingo, diversas finais de campeonato rolando, frio e tals. Valia a pena?

Fui sem sabe exatamente o que encontrar. Não havia lido nada, não sabia que tipo de apresentação veria. Seria um baterista expondo suas habilidades com as baquetas? Seria ele sozinho no palco? O ingresso deixava claro: “Steve Shelley – Sonic Youth” e mais nada, pareceu-me óbvio que os holofotes e o palco eram dele.

Sorte minha não ter desistido. Descobri na hora que o baterista estava ladeado de uma banda interessantíssima ao vivo: Guilherme Valério, guitarra e voz, da ótima HAB e Valério; Paulo Kishimoto, teclados e baixo, da Forgotten Boys; e Jozé Barrichello, guitarra, vindo da Jennifer Lo-Fi.

Ou, por outra, a banda é um quarteto, com Steve Shelley na bateria e não um trio com a adição de Shelley, como supõe-se o título acima. A Gata Pirâmide são os quatro.

Entretanto, mesmo a atração inevitável sendo o gringo (como bem se imagina), é o conjunto como um todo que torna o resultado precioso. Canções climáticas e deliciosamente construídas, ora lembrando (perdoe-me o leitor pela forçação de barra) Violeta De Outono, ora lembrando o próprio HAB, temos um certo experimento apreciável, compreensível e acalentador.

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Durante as míseras três dezenas de minutos que o quarteto se apresentou, Shelley fez o que a banda e as canções esperavam dele. Não inventou, não buscou protagonismo com seu nome, foi um quarto da atração. Parece-me uma dose de humildade espantosa e que não poderia ser de outra forma. O astro é a música, o astro é a Gata Pirâmide.

Os fãs até tietaram o baterista após a apresentação e ele, solícito e sorridente com todos, fez o que se esperava, tirando fotos e autografando discos de vinil do Sonic Youth.

A Gata Pirâmide nasceu em 2015, quando Shelley esteve no Brasil acompanhando Lee Ranaldo num show gratuito no Largo da Batata, em São Paulo. Ranaldo foi embora e Shelley esticou sua estada, de modo que permitiu cumprir a promessa de tocar com Valério. Em 2013, quando esteve no Brasil, também com Ranaldo, Shelley conheceu Valério e disse: “quando precisar de um baterista, dá um toque”. Foi o que rolou agora.

Ele, Valério e Kishimoto ensaiaram um pouco e fizeram em setembro uma apresentação modesta na capital paulista. As de agora são reflexo extensivo da de 2015.

E foram uma agradável surpresa pra quem não esperava nada. Às vezes, a ignorância é uma benção. Porque essa é uma banda que não se vale apenas da estrela e da história de Shelley. Um outro bom baterista faria o mesmo. É uma banda pra se ter na mira.

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