JUÇARA MARÇAL – DELTA ESTÁCIO BLUES

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Setembro de 2021 se encerrou com a chegada de “Delta Estácio Blues”, primeiro disco de Juçara Marçal assinando solo desde o brilhante “Encarnado”, de 2014 (o melhor disco daquele ano).

Lançado pelo selo QTV no dia 30, é um trabalho solo de Marçal, mas não sozinha. Como de praxe, Kiko Dinucci está ali, ao lado dela, produzindo e dando a roupagem que contribuiu pra que a artista se elevasse pra além do Metá Metá, mas na mesma trilha.

Além dele, o disco tem Cadu Tenório (bateria eletrônica, sample, sintetizador e arranjo, em “Vi De Relance A Coroa”), Siba (composição, na mesma faixa), Romulo Alexis (trompete, em “Sem Cais”), Paulinho Bicolor (cuíca, na faixa-título), Thais Nicodemo (piano preparado, em “La Femme A Barbe”), Catatau (voz, sintetizador, programação, guitarra e arranjo, em “Lembranças Que Guardei”), Thiago França (sax, em “Iyalode Mbé Mbé”), Tulipa Ruiz (composição, “Ladra”) e Tantão E Os Fita (composição da mais estranha do disco, “Oi, Cats”). Douglas Germano é ainda um dos compositores de “Corpus Christi”. É como uma seleção de alguns dos melhores nomes da própria QTV e do entorno dos produtores Bernardo Oliveira e Mariana Mansur.

O Rio estranhíssimo se encontra com a São Paulo sempre estranha. E o encontro do Estácio, onde converge os nomes e os poemas idealizados por Marçal e Dinucci, surge bastante palatável, bem mais do que “Encarnado”. “Delta Estácio Blues” é um disco fácil de assimilar, oferecendo boas melodias pra, sem mais nem menos, se pegar assoviando por aí.

Seria difícil superar “Encarnado”, mas essa nunca foi a intenção. “Das tempestades, a força que adquiri / Não tem cais, onde hei de parar”, canta em “Sem Cais”, um resumo da força de Marçal e do próprio Dinucci, imparáveis, e cuja obra, querendo ou não, nos roubam a atenção. Façam o que fizerem, nossos ouvidos estarão dispostos a entender a dupla. Não é preciso nenhum trato com o diabo.

Também porque, ora, canções como “Sem Cais”, “Delta Estácio Blues” e as encantadoras “Lembranças Que Guardei” e “Iyalode Mbé Mbé” fazem o trabalho todo de cativar o ouvinte. O diabo é que busque mais o que fazer.

Assim, Bide, Baiaco e Ismael Silva deitam em berço esplêndido com Robert Johnson e com essa turma toda, onde os rios de criatividade e provocação sonora se encontram.

O lançamento de 30 de setembro de 2021 é pelas mãos do QTV, em parceria com a Natura Musical, a Mais Um Discos e a Goma Gringa.

São onze músicas no total, com Mariana Mansur coordenando a produção, tendo Luan Correia e Bernardo Oliveira ladeando. A mixagem leva a assinatura de outro grande nome da turma, Renato Godoy, da Chinese Cookie Poets. A master é do praticamente onipresente Felipe Tichauer.

01. Vi De Relance A Coroa
02. Sem Cais (clique aqui pra ver o vídeo)
03. Delta Estácio Blues
04. Ladra
05. Crash
06. Baleia
07. La Femme A Barbe
08. Oi, Cat
09. Lembranças Que Guardei (com Catatu)
10. Corpus Christi
11. Iyalode Mbé Mbé

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A foto que abre o artigo é de José de Holanda (fonte: Facebook da artista)

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