RESENHA: THE LATHUMS – HOW BEAUTIFUL LIFE CAN BE

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Wigan é uma cidade na grade Manchester, na Inglaterra. Ela é a casa do Wigan Athletic Football Club, campeão da Copa da Inglaterra na temporada 2012-2013 e atualmente na terceira divisão nacional (League One), tentando voltar pra EFL Champioship e, então, pra Premier League, onde habitou por oito anos na década passada.

É de lá também as bandas The Verve, The Railway Children e Starsailor. Agora, da The Lathums, a grande sensação britânica nos últimos dois anos, com uma ascensão rápida.

A Lathums foi formada em 2019 pelo vocalista e compositor Alex Moore, Ryan Durrans (bateria), Jonny Cunliffe (baixo) e Scott Concepcion (guitarra), que se conheceram na faculdade, em Wigan. Logo, impressionaram com sua proximidade sonora com os Smiths, com o Housemartins (que já era um sub-Smiths) e, mais distante, com o Coral e com o Arctic Monkeys do princípio (“I See Your Ghost”). Hoje, com os shows voltando aos poucos, depois da pandemia (quer dizer, a pandemia continua, mas a vacinação anda permitindo shows etc.), o Lathums esgota os ingressos como as vacinas esgotam nos postos de saúde.

O primeiro disco, com apropriado título de “How Beautiful Life Can Be”, é um apontamento otimista em tempos nem tanto. Embora, sem a genialidade dos Smiths ou sem a presença de Morrissey, que o vocalista-jeitão-nerd Moore não tem a menor chance de tentar igualar, a banda consegue um recado ou outro em uma época que o sucesso e o interesse musical duram o tempo de um vídeo boboca de TikTok.

O grupo não é “tão espirituoso ou culto como seus antepassados ​​indie“, lembra o Guardian, mas suas “letras são simples e muitas vezes vagas (a faixa-título é sobre desastres climáticos ou apenas as alegrias de uma xícara de chá?), Mas isso também lhes dá uma aparência de despretensiosa qualidade (‘Artificial Screens’, um protesto contra a obsessão por smartphones, é um bom exemplo)”.

Mais simples do que as letras ou o bucolismo da sua origem, ou mesmo a postura acanhada do quarteto, quase tímida diante do sucesso iminente, é a total falta de pretensão de parecer ou ser ou procurar ser original. As guitarras a la Johnny Marr indicam que, sim, o olhar revisionista prevalece e tudo bem, bola pra frente.

Assumir estar na terceira divisão em termos de originalidade sugere modéstia ou simples incapacidade de criar a “nova mudança na música jovem”, ou nada disso. E eu fico com o nada disso. O Lathums é só mais uma banda, só que “mais uma banda” que faz músicas deliciosamente retrôs e frescas ao mesmo tempo. Não é pouca coisa tal equilíbrio.

Ou, como sugere o Guardian: “sua sensibilidade retrô e seu tom sincero significam que ‘How Beautiful Life Can Be’ é o equivalente musical da guitarra à comédia romântica: pouco exigente, ligeiramente estonteante, mas imensamente animada ao mesmo tempo”.

01. Circles Of Faith
02. I’ll Get By
03. Fight On
04. How Beautiful Life Can Be
05. The Great Escape
06. I Won’t Lie
07. I See Your Ghost
08. Oh My Love
09. I’ll Never Forget The Time I Spent With You
10. I Know That Much
11. Artificial Screens
12. The Redemption Of Sonic Beauty

NOTA: 8,5
Lançamento: 24 de setembro de 2021
Duração: 38 minutos e 49 segundos
Selo: Island Records
Produção: James Skelly e Chris Taylor

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