KEVIN COSTNER ABRE PRA DUPLA SERTANEJA

Sei que parece estranho essa nota no Floga-se, mas a coluna de hoje da Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo causou-me espanto – se é que alguma coisa ainda espanta alguém hoje em dia.

O ator/diretor, ganhador de dois prêmios Oscar, com sua banda country, toca depois de Caetano Veloso e Maria Gadú (o que faz todo sentido do mundo) e abre pra César Menotti e Fabiano, uma das oitocentas mil duplas de sertanejo-pop que fazem a cabeça dessa gente bronzeada do interior do país, nesse sábado, em Bauru, interior do glorioso estado de São Paulo, do deputado federal Tiririca.

O cidadão estadunidense, como qualquer estrela de Hollywood, procura se meter no máximo possível de assuntos, tem opinião sobre quase tudo e fala um bocado de besteiras preconceituosas, do alto da enpáfia de uma sociedade que se vê eternamente como patrona do mundo.

Por exemplo, Costner tem uma máquina que separa a água do petróleo e quer fazer negócios com a Petrobras. Como ele sabe que “uma mulher foi eleita presidente aí”, ficou bastante impressionado (com o quê?) e quer “ajudar”. “Desejo sorte a ela e espero poder ajudá-la do meu jeito, protegendo os recursos do Brasil com a minha máquina”. Vou repetir, pra ninguém se perder: “protegendo os recursos do Brasil…”.

Essa mania dos estadunidenses de querer “proteger” as coisas dos outros não dá certo. Vide Afeganistão, Iraque, Kwait…

Sem contar essa mania de achar que moramos na parte de baixo do planeta. Vale lembrar que isso é uma convenção, feita por pessoas que moravam no hemisfério norte, obviamente, e que norte e sul não necessariamente ficam em cima e embaixo de coisa alguma, ainda mais na quase-bola em que vivemos. É uma questão de referência e, repito, convenção.

Lembre-se que na Austrália os mapas colocam a Oceania no canto superior esquerdo dos mapas, sempre, afinal esse é o sentido da leitura pros padrões ocidentais (e eles foram colonizados por ocidentais, certo?). A Austrália fica no hemisfério sul, sim, isso é ensinado corretamente aos autralianozinhos, mas não necessariamente na parte de baixo do mapa, o que também é correto.

Pior de tudo e mais importante para o leitor do Floga-se é a música horrorosa que o ator faz. Algo que você pode considerar aqui:

Abaixo, a entrevista completa da jornalista com o ator. Leia.

“O ator Kevin Costner (‘Dança com Lobos’) chega nesta semana a Bauru, interior de SP, para cantar com sua banda de folk e country, Kevin Costner & Modern West. Eles tocam no festival SP Onlive, no sábado (…). Por telefone, ele falou à coluna sobre o show e seus planos para o pré-sal brasileiro:

Folha – Muitas pessoas talvez irão ao show mais para ver um ator do que um músico.
Kevin Costner – Por mim, tudo bem. Acho justo. A curiosidade é parte disso, mas a música tem que prevalecer, e eu realmente estou muito confiante com a minha música. Sabe, minha única preocupação é com o inglês, porque não vão entender o que cantamos e, sem saber as letras, perderão parte do show.

F: Quantas músicas vão cantar?
KC: Acho que só vão nos dar uma hora no palco. Dá para cantar dez ou 11 músicas.

F: O que espera ver em Bauru?
KC: Eu não sei, é um mistério. Mas as pessoas da América do Sul que já conheci sempre foram muito calorosas comigo. Estou muito empolgado e espero uma boa receptividade das pessoas aí embaixo. É nossa primeira vez na América do Sul, mas sei que minha vida vai ser diferente quando eu voltar para casa. Meu coração está aberto.

F: Visitará outras cidades?
KC: Não faço ideia de onde estamos indo. Não faço planos, sou um livro aberto. Mas talvez a gente volte para tocar em outras cinco cidades no futuro. Já temos pedidos.

F: O senhor não faz mais tantos filmes quanto nos anos 90. A música está dando mais dinheiro do que o cinema?
KC: Ganho mais como ator. Tenho escrito muitos roteiros e pretendo dirigir muitas coisas em breve.

F: Um de seus últimos filmes, “Promessas de um Cara de Pau”, falava de eleições e foi lançado durante a campanha de Obama. Como avalia o governo dele?
KC: Quero que ele seja mais forte. Estou decepcionado com a forma como lidamos com o vazamento de petróleo [no Golfo do México, em abril], com a situação no Irã e no Afeganistão.

F: Na época do vazamento, o senhor tentou que o governo aprovasse o uso de uma máquina para separar petróleo de água, na qual investiu seu dinheiro. Conseguiu?
KC: Estamos firmando parcerias em Angola, Nigéria e Arábia Saudita. Um dos meus sócios vai falar com a Petrobras. Minha expectativa é que faremos negócio, porque é a coisa certa a se fazer. Sei que uma mulher acabou de ser eleita presidente aí e estou muito impressionado. Desejo sorte a ela e espero poder ajudá-la do meu jeito, protegendo os recursos do Brasil com a minha máquina.

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Comentários

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6 comentários

  1. Ele vai proteger os recursos do Brasil, ahhhh tá, agora eu cidadão da parte de baixo do planeta fico mais tranquilo.kkk.

  2. Não sou admirador do ator e não conheço sua musica. Não obstante, não entendi o óbvio vitriolismo contra essa pessoa. Será por ser Norte-Americano? Existe algum tipo de ódio aos cidadãos dessa origem?
    Estou de acordo em opinar contra decisões politicas Norte-Americanas, mas contra seus cidadãos é errado.
    Lá, como no Brasil, existem todos os tipos de pessoas: Os racistas (como no Brasil se encontram) assim como os que abraçam todas as origens, simplesmente apoiando seres humanos, como estou certo que tambem existam no Brasil.
    Fernando, deixe o racismo de lado, a menos que me possa descrever alguma decisão governamental Americana que tenha sido iniciada ou fortemente apoiada por esse senhor, que tenha prejudicado pelo menos o Brasil.

  3. Não é racismo – e longe disso, até porque os estadunidenses, como os brasileiros, não são “raças”. Você poderia alegar xenofobia, mas nem nisso haveria razão. O que eu quis alegar é o total desconhecimento do cidadão do post com relação às coisas fora do mundo dele, que vem a ser, coincidentemente, os Esteites. “Uma mulher foi eleita”: essa mulher, por acaso, tem um nome. E se alguém falasse “ah, fiquei sabendo que um negro foi eleito por aí”… Pombas, historicamente, num país racista como os Esteites, um negro ser eleito é histórico, mas não foi “um negro”, foi o Obama, um pessoa, que pode ser ruim ou boa na administração. Mais do que isso, dizer que quer ajudar a proteger os recursos do Brasil é um tanto papo-furado… Ou seria faturar em cima? Há uma certa reverência diplomática que diz que quando uma pessoa minimamente relevante visita outro país deve, ao menos, se informar para não fazer feio em entrevistas – ou ficar muda. Mas isso ele não pode fazer: ele canta.

  4. a musica dele é tão ruim quanto os filmes que ele faz… e acredito que não é racismo o que foi escrito, apenas uma forma de podermos manifestar a “superioridade norte-americana”, pois é assim que eles se sentem em relação ao resto do mundo, infelizmente! Se ele quer realmente ajudar porque não entra numa ONG e trabalha de graça ou doado dinheiro?

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