LOOMER NO SESC POMPEIA – COMO FOI

Depois de muito tentar e eventualidades diversas não permitirem, finalmente consegui assistir a um show da Loomer.

Por um bom tempo, achei que essa era a melhor banda brasileira da atualidade. Bem… esse tipo de percepção varia de humor pra humor, de tempos em tempos, mas os gaúchos sempre se mantiveram em alta conta comigo, mesmo nas frustrantes três oportunidades passadas quando não consegui de fato assisti-los ao vivo.

O projeto Prata Da Casa, do SESC Pompeia deu mais uma chance. E agarrei.

É curioso que mesmo achando a Loomer uma banda em tanto, devo confessar que não achei “You Wouldn’t Anyway”, seu primeiro álbum cheio, datado de 2013, um disco supimpa, daqueles irretocáveis. Havia alguma coisa ali, inexplicável, que não foi trazida dos EPs, “Mind Drops”, de 2009, e “Coward Soul”, de 2010.

Mas bastaram os primeiros acordes de “Slow Dream”, música que abriu a apresentação no SESC Pompeia, pra eu perceber que não estava equivocado: a Loomer é uma baita banda. E é melhor, muito melhor, ao vivo.

Mesmo sem poder tocar na altura desejada, como a Herod também não havia conseguido, por normas da casa – e ambas as bandas precisam tocar alto, bem alto – a Loomer conseguiu zunir os ouvidos dos mais de cem presentes à Choperia do SESC.

Isso só já é bom o suficiente pra quem aprecia o tipo de som que os gaúchos fazem, uma mistura faceira de grunge com shoegaze; mas, claro, não é suficiente: não basta tocar alto, não basta fazer barulho, não basta apertar os pedais certos. É preciso um pouco mais.

Atitude? Não, a Loomer talvez seja a banda mais tímida do Brasil. Ou do mundo. Eles não falam com a plateia por timidez, não por pose ou estilo.

Melodias certeiras? Também não. Não se pode dizer que eles sejam os melhores compositores que você já ouviu, embora suas canções sejam ao mesmo tempo deliciosas e brutais no equilíbrio entre doçura e porrada.

Grandes instrumentistas? Igualmente não. A muralha de distorções encobre a performance simples e suas músicas não exigem habilidades circenses.

Então, o que faz a Loomer ao vivo ser o que é? A resposta pode estar – e não tenho certeza disso – no fato de que juntos, unindo a timidez dos quatro e a capacidade de se expressar através da música, eles conseguem uma simbiose rara, não só através de ensaios e entrosamento, mas também pela pele, sorte, amizade, união cósmica, ou sei lá o que você queira chamar. Tudo isso faz com que aquelas quatro pessoas se entendam de uma maneira única e isso passa de alguma forma pelas caixas de som até os ouvidos alheios.

No SESC Pompeia, nesse dia 23 de setembro de 2014, foi possível perceber isso, a despeito da inexistente presença de palco (My Bloody Valentine e New Order, por exemplo, não fazem da presença de palco suas maiores virtudes e nem por isso seus shows são menos intensos).

Durante a uma hora cravada que tocaram, os quatro transformaram as músicas de sua curta discografia (um disco cheio e dois EPs) em algo que não se ouve ali. Talvez sejam os estúdios e técnicos que não foram capazes de captar o que a banda pode produzir. Talvez a qualidade de som e equipamentos do SESC propiciem aflorar tais qualidades na Loomer. Não é possível afirmar. Mas canções como “Slow Dream”, “Dark Star”, “Not So Wrong”, “Enough” e “Road To Japan” se tornam tão pesadas e doces e potentes ao vivo, que fica aquela impressão de que é preciso ver a Loomer ao vivo mais do que ouvir em casa.

Até mesmo a cover do My Bloody Valentine, “Never Say Goodbye”, que entrou no set na última hora, pareceu tão boa quanto a original.

Quem conseguirá captar essa força em disco? Fica o desafio. Enquanto ninguém consegue, vale a dica: sempre que a Loomer estiver na sua cidade, não faça como eu, aproveite a oportunidade e vá assistir.

01. Slow Dream
02. Mammoth Butterfly
03. Another Round
04. Then You Go
05. Jam
06. Valsa Grunge (título provisório)
07. Dark Star
08. Opinion (título provisório)
09. Not So Wrong
10. Stardust
11. Enough
12. Road To Japan
13. Never Say Goodbye (My Bloody Valentine cover)

Veja a banda tocando, respectivamente, “Slow Dream” e “Mammoth Butterfly”:

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  1. […] No Flogase: “Durante a uma hora cravada que tocaram, os quatro transformaram as músicas de sua curta discografia (um disco cheio e dois EPs) em algo que não se ouve ali. Talvez sejam os estúdios e técnicos que não foram capazes de captar o que a banda pode produzir. Talvez a qualidade de som e equipamentos do SESC propiciem aflorar tais qualidades na Loomer. Não é possível afirmar. Mas canções como “Slow Dream”, “Dark Star”, “Not So Wrong”, “Enough” e “Road To Japan” se tornam tão pesadas e doces e potentes ao vivo, que fica aquela impressão de que é preciso ver a Loomer ao vivo mais do que ouvir em casa” (continue lendo). […]

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