OS DISCOS DA VIDA: BEMÔNIO

Paulo Caetano é o Bemônio. O carioca parecia esconder seu talento criativo pra música, porque só em 2012, meio que de repente, sem mandar aviso, é que seu projeto ganhou corpo e um disco foi lançado. De cara, “Vulgatam Clementinam” pode ser considerado um dos melhores discos do ano.

Experimental, drone, ambient, herege, o disco é uma sucessão de bem montadas sequências de ruídos, colagens e provocações religiosas. “A trilha sonora do purgatório”, já me disseram. Pode ser: um filme de terror ganharia mais emoção com essas canções. Assim como uma missa comum de domingo. Ele conseguiu usar o tema religião como poucos no Brasil.

Como ele chegou até esse som? Esta edição de “Os Discos Da Vida” dá algumas discas. Os álbuns aqui listados mostram que o artista sempre passou por um terreno conhecido, mas o caminho que ele seguiu não foi comum – e isso faz toda a diferença. Escapando de ser “mais um metaleiro” estereotipado, Bemônio acaba como uma alternativa criativa e potencial na música torta brasileira.

Não é pouca coisa. Amém.

PAULO CAETANO

Melvins – “Houdini” (1993)
O álbum é foda, é co-produzido por kurt cobain e tem a música mais pesada que já ouvi na vida: “Honey Bucket”, só isso!

Ouça “Honey Bucket”:

Black Sabbath – “Black Sabbath” (1970)
Black Sabbath foi uma das primeiras bandas que gostei, e não só pelo peso, pois ouvia outras coisas também. Mas pelo seu peso tanto na música como na estética, que pra sua época é algo muito difícil de conceber, como eles fizeram… Resumindo, esse álbum traz todo o som denso e pesado – e apenas olhando pra capa, por isso comprei.

Ouça “N.I.B.”:

Faith No More – “Angel Dust” (1992)
Eu considero muito esse álbum, não só porque é foda e perfeito, mas pela ousadia de uma banda após um disco de sucesso (“The Real Thing”) e um estrelato absurdo, pareando bandas como Guns N’ Roses, lançar esse álbum extremamente experimental e nem um pouco com hits… Meio que uma ousadia à gravadora e aos fãs… Um soco na cara sequenciado de um chute no balde com a santa dentro! “Jizzlobber” é um marco no metal não tradicional.

Ouça “Jizzlobber”:

Godflesh – “Pure” (1992)
Foi por essa banda que comecei a ingressar no metal com batidas e uma onda industrial. E por esse disco, foi que comecei a gostar da banda Scorn. E depois de ouvir “Vae Solis” (do Scorn) é que comecei a curtir Napalm Death, devido a sua formação ser a mesma da primeira metade do álbum. Ou seja Godflesh só me levou a coisas fodas.

Ouça “I Wasn’t Born To Follow”:

Helmet – “Meantime” (1992)
Porque é foda, pesado, arrastado e influenciou muita banda a mudar o esteriótipo que existem nas bandas de metal.

Ouça “He Feels Bad”:

Naked City – “The Black Box” (1997)
Muitas bandas obscuras fui descobrir graças a um amigaço chamado Marcelo Schild. Ele na época vendia discos numa loja do Leblon, aqui no Rio de Janeiro. Com ele, descobri, em meados de 96/97, a Naked City. No caso, ele me apresentou logo um soco na cara que é essa versão especial contendo 2 álbuns numa caixa de CD duplo: “Torture Garden” e Leng Tch’e”. E isso foi o meu início, a descoberta do universo experimental, onde só de saber que num álbum, “Torture Garden”, tem 42 músicas em mais ou menos 24 minutos; e no outro CD, “Leng Tch’e” tem uma música de 31 minutos; é doido demais pra entender… Além de ser uma aula do grind, drone, doom. Só pra lembrar que “Torture Garden” é de 89! E “Leng Tch’e”, de 92! Haja culhão pra época!

Ouça “Leng Tch’e”:

Neurosis – “Through Silver In Blood” (1996)
Esse disco me fez ver um outro estilo de metal. Acho que é o disco mais pesado que já ouvi na vida…

Ouça: “Through Silver In Blood”:

Fudge Tunnel – “Hate Songs In E Minor” (1991)
É cru, sujo e isso sim é o verdadeiro grunge, sludge e tudo mais que você achar sobre coisa pesada… Obrigado, Chico Dub, por me apresentar essa pérola!

Ouça “Hate Song”:

My Bloody Valentine – “Loveless” (1991)
Foi a partir deles que comecei a ouvir drone. Esse disco tem o som das guitarras mais fodas que já ouvi em toda a minha vida. Pesado, de cortar os pulsos.

Ouça “Only Shallow”:

OLD – “Formula” (1995)
James Plotkin é um gênio só isso que tenho pra dizer. Tudo que ele toca vira ouro.

Ouça “Under Glass”:

Na edição anterior, “Os Discos da Vida: Jair Naves”.

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