OS DISCOS DA VIDA: GHOST HUNT

Essa é a minha banda portuguesa preferida da atualidade – e em muito tempo, pra falar a verdade – junto com os 10 000 Russos (que já listaram seus “Discos Da Vida” aqui). Isso levando em conta que a Ghost Hunt não tem sequer um disco cheio lançado.

Mas canções como “Shallow End”, “Space Race” e “Port Cities” (as três da única demo compilada até aqui) são hipnotizantes, um kraut deliciosamente envolvente, sintetizador que percorre a espinha e preenche o cérebro.

A Ghost Hunt (o nome é de uma série animada japonesa) são dois Pedros, o Oliveira e o Chau, e já frequentam um bocado as páginas do Floga-se, apesar da pouca produção. Agora, mais uma vez, mostrando os dez discos da vida de cada um, de modo que esclarecem um tanto como formataram esse som espacial. Por certo, é uma lista de vinte obras que poderiam estar na lista de qualquer um que tenha raízes no psicodelismo, no shoegaze e no rock, dos anos 1960 aos 1990.

Faz todo o sentido: a Ghost Hunt é o apanhado de todas essas brilhantes obras. Só podia sair coisa boa mesmo.

(foto: Ana Marques)

PEDRO OLIVEIRA (sintetizador, bateria eletrônica)

My Bloody Valentine – “Loveless” (1991)
É muito difícil escolher dez discos no meio de tantos que me marcaram. Começo pelo “Loveless”, um disco incontornável e intemporal. Neste álbum, Kevin Shields atinge a perfeição numa sonoridade que viria a ser imitada até à exaustão.

Ouça “What You Want”:

Ride – “Nowhere” (1990)
Umas das minhas bandas preferidas na adolescência, apaixonei-me por este disco por vários motivos. As guitarras ruidosas, o som da secção rítmica, as harmonias vocais… Um clássico de uma banda que só recentemente começou a ser devidamente reconhecida.

Ouça “Seagull”:

The Jesus & Mary Chain – “Psychocandy” (1985)
Um disco que mudou a minha vida. The Jesus & Mary Chain foi uma das bandas mais influentes de sempre e foi, sem dúvida, uma das que mais me influenciou ao longo da vida.

jesus-psychocandy

Ouça “The Hardest Walk”:

The Stone Roses – “The Stone Roses” (1989)
The Stone Roses tinha que vir nesta lista. Um álbum perfeito do princípio ao fim. Aliás, o final de “I Am the Ressurection” é, provavelmente, o meu final favorito de qualquer álbum que já ouvi.

Ouça “I Am the Ressurection”:

Spacemen 3 – “Playing With Fire” (1989)
Este é, na minha opinião, o melhor álbum dos Spacemen 3, uma banda de referência pra mim, liderada por dois músicos ultra-talentosos, Jason Pierce e Pete Kember.

Ouça “Revolution”:

The Smiths – “Meat Is Murder” (1985)
Morrissey e Marr formaram uma das melhores duplas que alguma vez ouvi. Foi uma das bandas que mais ouvi e que mais me marcou.

Ouça: “Barbarism Begins At Home”:

Primal Scream – “Screamadelica” (1991)
Apesar de já gostar de Primal Scream antes do “Screamadelica”, foi com este álbum que eles me conquistaram definitivamente. A mistura de rock com música de dança foi algo que ficou comigo até hoje.

Ouça “Come Together”:

New Order – “Substance” (1987)
A banda que nasceu das cinzas dos Joy Division e se transformou em algo muito diferente, mas igualmente interessante.

Ouça “Thieves Like Us”:

Daft Punk – “Homework” (1997)
O primeiro álbum de uma banda que me fascina não só pela música, mas como pela maneira de estar na música. Um dos melhores álbuns dos anos 90.

Ouça “Da Funk”:

The Chemical Brothers – “Dig Your Own Hole” (1997)
The Chemical Brothers foi uma das primeiras bandas eletrônicas que me fez pensar: “Como é que eles fazem isto?” Tom Rowlands e Ed Simons são uns dos grandes responsáveis por ter começado a usar sintetizadores pra fazer música.

Ouça “Don’t Stop The Rock”:

PEDRO CHAU (baixo)

Vários – “NUGGETS: Original Artyfacts From The First Psychedelic Era: 1965–1968” (1972)
A primeira edição do disco saiu em 1972 pela editora Elektra e foi ideia de Lenny kaye, que mais tarde viria a ser guitarrista do grupo de Patti Smith. Das mais vibrantes compilações de música sobre grupos dos anos 60 nos estados Unidos. Um disco de culto que principalmente no início do milênio ouvia com muita dedicação.

Ouça “Dirty Water” (The Standells):

The Velvet Underground & Nico – “The Velvet Underground & Nico” (1967)
Uma escolha que não surpreende ninguém, mas é real. Um clássico importantíssimo que apesar de pouco sucesso comercial na altura, viria a influenciar tanta gente.

Ouça “Sunday Morning”:

The Kinks – “The Kink Kontroversy” (1965)
Um disco que me trás boas memórias e que ouvia muito no início da década passada. Brilhante combinação de rock’n’roll, rhythm and blues e pop.

Ouça “Milk Cow Blues”:

Love – “Forever Changes” (1967)
Maravilha de disco. Felizmente ainda tive a chance de os ver ao vivo em Londres em 2004, antes do Arthur Lee falecer. Posso dizer que foi um experiência sublime.

Ouça “Old Man”:

Kraftwerk – “Radio Activity” (1975)
Das bandas mais fascinantes de sempre. Este foi o primeiro vinil do grupo que comprei e que mais escutei. Mas o meu primeiro contacto com a música deles chegou-me através de uma cassette áudio que a minha irmã me emprestava, que tinha o “Trans Europe Express”, outra obra-prima. Não só a música me seduziu, também a imagem.

Ouça “Radioactivity”:

Patti Smith – “Horses” (1975)
O rock’n’roll como um grande e poderoso veículo de criação artística, uma voz profunda e poética carregada de energia. Patti Smith foi uma espécie de beatnik na Nova Iorque dos 70s. Grande disco.

Ouça “Redondo Beach”:

The Ramones – “The Ramones” (1976)
Tinha de os mencionar. Durante muito tempo ouvi Ramones dia e noite, trilha sonora em casa, na discoteca, no carro dos amigos, nas festas de Ano Novo. Pura eletricidade e energia máxima do rock’n’roll, mas também baladas inocentes completas de emoção e drama, que tocam os corações mais sensíveis.

Ouça: “Today Your Love, Tomorrow The World”:

The Cure – “Faith” (1981)
Tinha uns 12 anos quando comecei a ouvi-los e desde aí fiquei fã. Apesar de alguma nostalgia, às vezes sinto um grande conforto em ouvi-los. Um dos grupos que mais adoro. Este disco representa bem aquilo que eu mais gosto no Cure. Um disco sombrio, profundo, com belas melodias.

Ouça “Primary”:

The Cramps – “…Off The Bone” (1983)
Outro disco que me marcou no início dos 90s. A celebração pais pura e fiel à essência do rock’n’roll, ao seu lado mais obscuro e selvagem. Esta compilação mostra o que os Cramps fizeram de melhor.

Ouça “Human Fly”:

Joy Division – “Closer” (1980)
Disco que comprei nos 90s. Mais uma obra-prima gravada na era do post punk que tanto gosto. Letras arrepiantes que demonstram o tormento de Ian Curtis. Musicalmente, o meu disco de eleição do grupo. Frio, existencial, entre a vida e a morte. Pra mim, um álbum muito sério.

Ouça “Heart And Soul”:

Na edição anterior, “Os Discos da Vida: Júlio Ferraz”.

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