RESENHA: GRITO – SWAMP THING

A proposta do GRITO não é apenas de contar certa história, mas sim de abordar o incrível fascínio perante o bizarro. Porque o fascínio perante o bizarro pode ser interpretado como medo ou aparição sinistra em mitos universalmente espalhados (o medo abdica de seu objeto de emissão e passa ele mesmo a ser a origem do evento). E, como diz Alan Moore na frase que é utilizada no release oficial da Sinewave (“There are people. There are stories. The people think they shape the stories, but the reverse is often closer to the truth”), o medo passa a moldar as pessoas e é a partir duma abstração derivada que todo simulacro de existência prossegue.

O gesto da GRITO, em “Swamp Thing”, é um movimento sonoro em que o fascínio pela possibilidade da existência de mitos e o medo originado desta possibilidade se manifestam num instrumental predominantemente mais obscuro em que as guitarras, principalmente, estruturam a narrativa.

A vantagem do EP é que ele parte do mero “descrever o objeto” e tenta, ludicamente, aplicar uma possibilidade narrativa para ele.

Ao declarar o próprio medo passível de ser significado narrativamente, a banda ultrapassa a mera representação estética e quebra as barreiras entre conceito e ouvinte. A enunciação do evento (do que é despertado pela música) é a reação e a interação com o ouvinte, um método muito mais honesto de abordar a subjetividade de outrem.

1. Thing
2. Swamp
3. Swamp Thing
(baixe de graça, clicando aqui)

NOTA: 6,0
Lançamento: 28 de janeiro de 2016
Duração: 14 minutos e 53 segundos
Selo: Sinewave
Produção: Rock Bruno

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