REVISITANDO: VELHA GUARDA DA PORTELA (DISCOGRAFIA COMPLETA)

Quatro personagens são importantes pra Velha Guarda da Portela. Um já morreu, outro é um gênio, outra é uma cantora de sucesso e o outro, um japonês. Todos eles deram sua contribuição pra que essa gema da música popular brasileira surgisse, sobrevivesse e tivesse sua importância destacada.

Comecemos com Paulo Benjamim de Oliveira, o Paulo da Portela. Ele, com Antônio Caetano e Antônio Rufino dos Reis, fundou o bloco (Conjunto Carnavalesco) Oswaldo Cruz, que deu origem à Escola de Samba da Portela (Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela). Era 1923.

Paulo da Portela morreu em 1949, aos 48 anos. Havia brigado com a diretoria da escola e, magoado, mandou sua verve em samba. O tempo tratou de reconhecer sua importância. Monarco até escreveu o samba “De Paulo A Paulinho”: “Antigamente era Paulo da Portela / Agora é Paulinho da Viola / Paulo da Portela, nosso professor / Paulinho da Viola, o seu sucessor”.

E assim chegamos ao segundo personagem, Paulinho da Viola, um gênio. Não só por todos os ótimos discos que lançou, mas Paulinho da Viola foi o responsável direto pelo surgimento da Velha Guarda da Portela como grupo e nome artístico.

Um dos maiores entusiastas do resgate da história do samba, o compositor fez o foi possível pra deixar em evidência aqueles que ele tinha como professores. Surgiu a ideia de colocar todos os velhos sambistas da Portela num só disco e, em 1970, é lançado “Portela Passado De Glória”, via RGE (e relançado em CD em 2002).

Nesse primeiro momento, o grupo era formado por Ventura, Aniceto, Alberto Lonato, Francisco Santana, Antônio Rufino dos Reis, Mijinha, Manacéa, Alvaiade, Alcides Dias Lopes, Armando Santos e Antônio Caetano.

O disco tem composições de Manacéa, Monarco, Alberto Lonato, Rufino, João da Gente e outros, sempre falando de amores, desilusões e do cotidiano da comunidade, em letras extremamente simples e diretas, além da exaltação dos únicos momentos que aparentemente aquelas pessoas tinham de satisfação.

“Se Tu Fores Na Portela”, de Ventura, é uma ótima propaganda da Portela: “Se tu fores na Portela / Tudo encontrarás / Alegria, tudo de bom, amor / Ouvirás as nossas poesias / E um turbilhão de melodias / Desaparecem suas mágoas, linda flor”.

“Cocorocó” é um clássico do verso cotidiano. Escrito por Paulo Benjamim de Oliveira, o samba traça um perfil do malandro, sempre preguiçoso, em atrito com a esposa sempre exigente, um estereótipo que o próprio Paulo da Portela tentava acabar.

A versão com as vozes masculina e feminina é a melhor, dando o sentido teatral da peça (mas abaixo você ouve com João da Gente): “(mulher) Cocorocó, o galo já cantou / Levanta nego, tá na hora de ir pro batedor / (homem) Oh, nega me deixa dormir mais um bocado / (mulher) Não pode ser / Porque o senhorio está zangado com você / Ainda não pagaste a casa esse mês / Levanta nego que só faltam dez pra seis / (homem) Nega me deixa dormir / Eu hoje me sinto cansado / O relógio da parede talvez esteja enganado / Oh, nega me deixa dormir / Eu hoje me sinto doente / (mulher) Deixa de fita, malandro / Você não quer ir pro batente”.

“Passado De Glória” é um resumo da ideia: resgatar e enaltecer o passado, não só da Portela, mas dos “rivais” também, com total respeito, do samba em geral. É de autoria de Monarco e repare que os nomes citados aqui aparecem em muitos outros sambas, um exercício constante de exaltação ao passado. O samba vive de passado, você sabe, mesmo no presente: “Portela, eu às vezes meditando, quase acabo até chorando / Que nem posso me lembrar / Em teus livros têm tantas páginas belas / Se for falar da Portela, hoje não vou terminar / A Mangueira de Cartola, velhos tempos do apogeu / O Estácio de Ismael, dizendo que o samba era seu / Em Oswaldo Cruz, bem perto de Madureira / Todos só falavam Paulo Benjamin de Oliveira / Paulo e Claudionor quando chegavam / Na roda do samba abafavam / Todos corriam pra ver / Pra ver, se não me falha a memória / No livro da nossa história tem conquistas a valer / Juro que nem posso me lembrar / Se for falar da Portela, hoje não vou terminar”.

Monarco interpreta a canção ao vivo num evento em 1994:

01. Quantas Lágrimas
02. Se Tu Fores Na Portela
03. Desengano
04. Sofrimento De Quem Ama
05. Vaidade De Um Sambista
06. Chega De Padecer
07. Levanta Cedo
08. Cocorocó
09. Tristeza (A Tristeza Me Persegue)
10. Vida De Fidalga
11. Ando Penando
12. A maldade Não Tem Fim
13. Alegria Tu Terás
14. Passado De glória

O disco fez sucesso e deu um gás na carreira desses sambistas que já estavam ficando pra história, mas ficou nisso. Foi o único registro da Velha Guarda da Portela até o tal japonês entrar em cena.

Antes, porém, a escola de samba passou por problemas. Em 1984, ganhou o que considera seu último título (a Mangueira levou o Supercampeonato). Depois disso, no máximo um vice-campeonato em 1995, com o samba-frevo “Gosto Que Me Enrosco”. Nesse tempo todo, a Velha Guarda da Portela voltou à sua rotina, com um show aqui e acolá, ainda nas rebarbas do disco de 1970.

Paulinho da Viola, por sua vez, tentava manter a chama. Na bela “Perdoa”, do disco “Memórias Cantando”, de 1976, ele recita a homenagem: “Esse partido é em homenagem à Velha-Guarda da Portela / Sr. Armando Santos, Alberto Lonato, Manacéa, falecido Ventura, falecido João da Gente, Santinho, Casquinha”.

O mesmo acontece em “Bebadosamba”, a música-título do bem-recebido disco de 1996, quando Paulinho “chama” seus ídolos, todos mestres de um samba de outrora, cujas agremiações ficavam em segundo plano: “Chama que o samba semeia / A luz de sua chama / A paixão vertendo ondas / Velhos mantras de aruanda / Chama por Cartola, chama / Por Candeia / Chama Paulo da Portela, chama / Ventura, João da Gente e Claudionor / Chama por mano Heitor, chama Ismael, Noel e Sinhô / Chama Pixinguinha, chama, Donga e João da Baiana / Chama por Nonô / Chama Cyro Monteiro / Wilson e Geraldo Pereira / Monsueto, Zé com fome e Padeirinho / Chama Nelson Cavaquinho / Chama Ataulfo / Chama por Bide e Marçal / Chama, chama, chama / Buci, Raul e Arnô Cabegal / Chama por mestre Marçal / Silas, Osório e Aniceto / Chama mano Décio / Chama meu compadre Mauro Duarte / Jorge Mexeu e Geraldo Babão / Chama Alvaiade, Manacéa / E Chico Santana / E outros irmãos de samba / Chama, chama, chama”.

O samba arruma sobrevivência criando tradições, nomes, alcunhas, músicas e, claro, auto-exaltação com tudo isso. É marketing puro, mas que não obteve resultados a curto prazo, pelo menos não no Brasil.

Se a população de baixa renda já havia comprado a ideia há muito tempo, a elite cultural, de jornalistas a executivos de gravadoras, essa não se entusiasmou, mesmo com o pupilo Paulinho Da Viola conseguindo ótimas vendas na década de 1970 (“Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida” foi a música nacional mais executada em 1971).

Entra na jogada Katsunori Tanaka, um apaixonado por samba. Ele tinha um problema logístico pra apreciar sua paixão de perto, no calor das rodas e das mulatas: ele morava no Japão. O produtor de discos resolveu ir ao Rio de Janeiro na década de 1980, a convite de Christina Buarque, irmã de Chico. Foi a Oswaldo Cruz algumas vezes, só pra ver a Velha Guarda desfilar sua poesia.

Christina lembra como foi o contato bem intencionado (ao UOL, em 2001): “eles ficaram meio ressabiados, porque uma porção de gente já tinha ido lá e prometido gravar disco, mas não acontecia nada. Entre o dia em que levei o Tanaka na Portela e a gravação do disco passou bastante tempo”.

Na mesma matéria, Tanaka conta sua motivação pra levar o projeto adiante: “foi a letra do ‘Hino da Velha Guarda’, de Francisco Santana, que diz ‘Estamos velhos / mas ainda não morremos'”.

Nessas visitas, conseguiu convencer Monarco e a turma a gravar um novo disco. Escolheram o repertório, entraram em estúdio, gravaram e prensaram o CD que, veja só, foi lançado apenas no Japão, em 1986. Assim nasceu “Doce Recordação”, colocado no mercado japonês pela Nikita Music.

“Doce Recordação” tem um problema sério na gravação: é amadorística, com problemas principalmente nos coros das vozes e na captação da “alma” dos intrumentos. Note quando todos entram juntos. Um bom exemplo é o samba-lamento “Fui Condenado”, de Mijinha e Monarco:

As letras ainda percorrem o cotidiano local, destacando personagens e tipos cariocas, como a mulher ingrata escrita por Nelson Amorim e Tompson José Ramos, o Chatim, no pout-pourri “Mau Procedimento / Mulher ingrata / Nega Danada (Que Mulher)”: “Mulher ingrata, mulher fingida / Assim não posso Ter sossego em minha vida / Com a outra eu não parava um instante / Vivia como um judeu errante / De bom tinha uma coisa, a nega não bebia / E você se embriaga todo dia”.

01. Hino Da Velha Guarda Da Portela
02. Você Não É A Tal Mulher / Para O Bem Do Nosso Bem
03. Flor Do Interior
04. Fui Condenado
05. Nuvem Que Passou
06. Doce Amor
07. Vai Mesmo
08. Madrugada
09. Mau Procedimento / Mulher ingrata / Nega Danada (Que Mulher)
10. Esqueça
11. Doce Recordação
12. Cidade Mulher

A relação de Tanaka com o Brasil tem início com a paixão dele por Cartola. Ao UOL, ele disse que quis aprender a falar português por causa do primeiro disco do cantor, de 1974. Mas Cartola morreu antes deles se conhecerem (faleceu em 30 de novembro de 1980).

Quando já estava trabalhando com Monarco, acabou conhecendo Carlos Cachaça e dessa relação saiu outro disco, esse da Velha Guarda da Mangueira, “Mangueira Chegou”, lançado em 1989, também pela Nikita Music, lá no Japão.

“Doce Recordação” só chegou ao Brasil, por incrível que pareça, em 2001, bem como o segundo registro feito por Tanaka. Em julho de 1989, ele levou novamente a Velha Guarda ao estúdio, agora pra gravar “Homenagem A Paulo Da Portela”, mais uma vez lançado só no Japão, via Nikita Music.

O avanço comparado com o anterior foi grande, embora ainda existam problemas na gravação, a qualidade melhorou e o principal é que aqui o resgate à obra de Paulo da Portela vale todo e qualquer entrave.

O repertório é primoroso, mostrando sua versatilidade pra escrever letras de exaltação à Portela e à cidade, sobre a malandragem, e outros tantos temas. Começa com sua “Cidade Maravilhosa”, a bela “Linda Guanabara”: “Como é linda a nossa Guanabara / Jóia rara, que beleza / Quando o nosso céu está todo azul / E anoitece, o céu se resplandece / Fica tomado de estrelas / Veja o Cruzeiro do Sul / Pão de Açúcar, poderoso / Fiel companheiro / Da nossa baía / Vigilante, não dorme um só instante / Guardando as riquezas / Que a natureza cria”.

Segue com um pout-pourri “Homenagem Ao Morro Azul / Para Que Havemos De Mentir / Cantar De Um Rouxinol”, tem a divertida “Teste Ao Samba” (brincando com o fato de ser “o professor”: “não pergunte à caixa-surda, não peça cola à cuíca”) e a parceria com Cartola, em “Deus Te Ouça”.

Mesmo sendo difícil destacar essa ou aquela, há a regravação de “Cocorocó” (bem melhor), há “Este Mundo É Uma Roleta”, que Monarco trabalhou sobre uma ideia inacabada de Paulo, a poética “Linda Borboleta” e a icônica “O Meu Nome Já Caiu No Esquecimento”, que Paulo da Portela fez cheio de mágoa ao sair da escola de samba (“chora Portela, minha Portela querida / Eu que te fundei / Serás minha toda a vida”). Preste atenção no recado dado por Monarco ao final da canção.

01. Linda Guanabara
02. Homenagem Ao Morro Azul / Para Que Havemos De Mentir / Cantar De Um Rouxinol
03. Teste Ao Samba
04. Conselho
05. Deus Te Ouça
06. O Meu Nome Já Caiu No Esquecimento
07. Quem Espera Sempre Alcança
08. Linda Borboleta
09. Cocorocó
10. Este Mundo É Uma Roleta
11. Ópio
12. Cantar Pra Não Chorar

E o japonês foi embora. A Velha Guarda foi ao estúdio, matou saudade, mas quem se deliciou foram os japoneses. Ficou um vazio. E por um bom tempo. Precisamente, dez anos, até 1999, quando o grupo conseguiu, enfim, realizar o seu grande e definitivo registro.

É “Tudo Azul”, o grande trabalho que Marisa Monte fez, com a mesma intenção de Paulinho da Viola, em 1999. O disco foi lançado em 2000, via EMI, e aqui pro Floga-se é um dos melhores discos de todos os tempos.

A escolha do repertório, a ordem das músicas, o cuidado na gravação, a direção musical de Paulão 7 Cordas (arranjador de Zeca Pagodinho, que também está no disco, em “Lenço”, de Chico Santana e Monarco), as participações especiais, tudo casou com tal felicidade que o disco reluz de ponta a ponta.

É o melhor registro dessa turma, que infelizmente já não era a mesma de 1970. Manacéia morreu em 1995. Aniceto, irmão de Manacéia e Mijinho, morreu em 1982. Alberto Lonato, em 1998. A distância entre um disco e outro foi grande demais.

Segundo o site da Velha Guarda da Portela, “com o passar do tempo, a formação foi mudando, integrantes idosos foram sendo substituídos, obedecendo a um valoroso critério fundamental de manutenção das suas principais características musicais. Segundo o compositor Monarco, para ingressar na Velha Guarda é preciso ‘ter passado’, e a escolha de novos componentes segue a tradição até hoje. ‘Tem que ser portelense e ter uma história na escola para ‘vestir o fardão”, completa Iranette Ferreira Barcelos, mais conhecida como Tia Surica”.

Marisa Monte, em “Verde, Anil, Amarelo, Cor De Rosa E Carvão”, de 1994, fechou o disco com a bela “Esta Melodia”, de Bubú da Portela e Jamelão, como se desse um recado e implorasse pela volta da Velha Guarda da Portela: “Eu tinha esperança que um dia ela voltasse / Para a minha companhia / Deus deu resignação / Ao meu pobre coração / Não suporto mais tua ausência / Já pedi a Deus paciência”.

Era um “teste” de empatia. A gravação deu certo e empolgou a Velha Guarda a mais uma empreitada em estúdio. “Tudo Azul” é uma extensão dessa participação. “Tudo Azul” não é um disco de Marisa Monte, mas há muito da paixão dela pelo grupo. Ela produziu e participou em várias faixas, como em “Vai Saudade” (coro) e “Volta Meu Amor” (vocalista principal).

A participação das “Pastoras”, Tia Eunice, Tia Doca, Áurea Maria e Surica, nos vocais de apoio, foi uma das grandes sacadas do disco. O clima roda de samba aparece por todo lado, como aconteceu em “Esta Melodia”.

E a escolha do repertório praticamente pedia esse destaque. “Benjamim”, de Josias, é um dos exemplos, com uma letra deliciosa sobre o amor entre um casal e dela com o samba: “Benjamim brigou com a Guiomar / Pra ela o samba abandonar / Ela chorou depois lhe falou assim / Se você gosta de mim cai no samba Benjamim / Ontem Benjamin, já ensaiou / Junto com a Guiomar de baliza e abafou / Teve que esquecer o que falou / Porque ela é o seu grande amor”.

“Sabiá Cantador”, de Alvarenga, com Jair do Cavaquinho no vocal é outro. Repare o início típico das rodas de samba, só com o cavaquinho, pra depois ser preenchido por palmas, as Pastoras e toda a cozinha:

“Corri Pra Ver”, de Chico Santana, Monarco e Casquinha, é um típico samba-exaltação, que e vai crescendo ao poucos, a partir da voz de Monarco: “Ouvi cantando assim / Ôôôô / A majestade do samba / Chegou chegou / Corri pra ver / Pra ver quem era / Chegando lá / Era a Portela / Era a Portela do seu Natal / Ganhando mais um carnaval / Era a Portela do Claudionor / Portela é meu grande amor / Era rainha de Oswaldo Cruz / Portela muito nos seduz / Foi mestre Paulo seu fundador / Nosso poeta e professor”.

O que dizer, então, da sublime canção de vingança, de uma simplicidade cruel e verdadeira. Ótimo pra corações destruídos, “Você Me Abandonou”, de Alberto Lonato, tem alguns dos melhores versos do disco (e, por que não?, da música brasileira), interpretados com precisão pelas Pastoras, com Monarco metendo o gogó rouco com parcimônia: “Você me abandonou / Ô ô eu não vou chorar / Mas hei de me vingar / Não vou te ferir / Eu não vou te envenenar / O castigo que eu vou te dar é o desprezo / Eu te mato devagar / O desprezo é uma arma perigosa / É pior do que uma seta venenosa / O desprezo para quem sabe sentir / Muitas vezes faz chorar / Outras vezes faz sorrir”.

Todas as músicas seguem essa acertada escolha de direção. “Tudo Azul” tem pouquíssimas variações e poucos destaques solos. Mas eles existem e são impressionantes, como Casemiro da Cuíca levando “Tentação”, de sua autoria e Ramon Russo, só na cuíca; Monarco cantando e tocando cuíca, com Jair do Cavaquinho no cavaquinho, e só os dois, em “Portela Desde Que Eu Nasci”, do próprio Monarco; David do Pandeiro, no vocal e no pandeiro, e Jair do Cavaquinho, no cavaquinho, acompanhados apenas de palmas em “Vai Saudade”, de David do Pandeiro e Candeia; e, mais uma vez, Jair do Cavaquinho no cavaquinho, acompanhado apenas de Casquinha, cantando e tocando pandeiro no samba de sua autoria, “Vem Amor”.

01. Portela Desde Que Eu Nasci
02. O Mundo É Assim
03. Nascer E Florescer
04. Vai Saudade
05. Sabiá Cantador
06. A Noite Que Tudo Esconde
07. Eu Te Quero
08. Volta Meu Amor
09. Falsas Juras
10. Tentação
11. Você Me Abandonou
12. Vem Amor
13. Benjamin
14. Tudo Azul
15. Minha Vontade
16. Sempre Teu Amor
17. Corri Pra Ver
18. Lenço

Esse é o registro definitivo da Velha Guarda da Portela. Mas não foi o último. Nem poderia ser.

O sucesso de crítica rendeu outros projetos ligados ao grupo. Zeca Pagodinho, Diogo Nogueira, Beth Carvalho (mangueirense histórica), por exemplo, seguem dando suporte, seja em participações especiais em shows, seja regravando temas dos integrantes.

A Velha Guarda chegou até o cinema. Lula Buarque de Hollanda (cunhado de Marisa Monte) e Carolina Jabor lançaram em 2008 o documentário “O Mistério Do Samba”, projeto que teve início junto com a produção de “Tudo Azul”.

O filme pode ser visto na íntegra aqui, mostrando vários desses personagens. É obrigatório, não só pela música:

Paulinho da Viola levou a Velha Guarda ao cinema antes disso, em 2003, no documentário “Meu Tempo É Hoje”, de Izabel Jaguaribe. É outro filme obrigatório.

Após “Tudo Azul”, ainda há a esperança de que algum registro surja. Segundo Christina Buarque, “pra selecionarmos o repertório do ‘Tudo Azul’ passamos por mais de 200 músicas ao lado da Marisa. Quando eles fazem shows, cantam sempre as mesmas músicas porque já estão ensaiadas, mas se futucar tem muita coisa boa escondida”.

Segundo site oficial, “hoje o grupo tem 10 componentes ativos em shows: as pastoras Áurea Maria, Surica, e Neide Santana; os compositores Monarco e Davi do Pandeiro; e os músicos, Guaracy 7 Cordas, Serginho Procópio, Marquinhos, Timbira e Dinho. O objetivo da Velha Guarda da Portela é dar continuidade à proposta inicial, que é ‘não deixar morrer os sambas despretensiosos, sem intenção comercial’, conta Serginho, o caçula da VG”.

Essa mina de ouro de grandes canções não pode ser fechada, desperdiçada, do jeito que está sendo nos últimos cinquenta anos, salvo essas exceções acima, que são muito poucas.

O nome da Portela – e do samba de raiz – não pode cair no esquecimento. Enquanto existir o espírito de pessoas como Monarco, a enciclopédia viva de Oswaldo Cruz, e os quatro personagens deste “Revisitando”, a história permanecerá viva. Mas eles passam. Pra música ficar, ela tem que ser resgatada.

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