GRIZZLY BEAR NO CINE JOIA – COMO FOI

A primeira impressão ao chegar na porta do Cine Joia não foi das melhores.

Cheguei por volta das 21:00h (o show estava marcado para as 22:00h) e havia uma fila de pessoas debaixo daquela garoa chata que caía na noite de domingo. Peguei uma gelada no boteco e, a contragosto, juntei-me aos mortais embaixo d’água.

Ainda na fila, pude notar que a maior parte do público, como já era de se esperar, era formada por indies-festivos, só que, pra minha surpresa, numa nova versão. Uma versão sazonal. Uma versão plus e ainda pior: o indie-folião! Por ser fim de semana de pré-Carnaval, com blocos e mais blocos desfilando por São Paulo, o público que adentraria o Joia comigo tinha quase todo chegado de algum bloco de carnaval da Vila Madalena. Só falava disso e aparentava realmente ter passado a tarde na folia, tais as caras de bêbados que estavam.

Emburrado, pensei: “a missão do Grizzly Bear não vai ser fácil. Essa galera tá querendo pular!”. O som dos caras não é definitivamente dos mais dançantes, às vezes introspectivo e lento: “os ‘foliões’ vão dormir”.

Entramos pouco antes das 22:00h. Com a casa cheia e mais de meia hora de atraso, começou o show.

“Speak In Rounds” não foi uma boa escolha pra abrir o show. Não com aquele público em ritmo de Carnaval. A galera, como eu esperava, ficou apática. Daí veio “Sleeping Ute”, um dos hits de “Shields”, último e aclamado disco do Grizzly Bear, de 2012. Se o público não se animasse naquela hora, o Grizzly Bear podia jogar a toalha.

Pra sorte de todos, o público acordou, vibrou com a música e a partir de então deixou o Carnaval de lado e “entrou no show”. Não é pra menos. “Sleeping Ute” é uma das melhores músicas do Grizzly Bear e, ao vivo, ganha mais peso e intensidade. Um dos momentos altos do show. Devia ter aberto o espetáculo.

O próximo bom momento viria com “Yet Again”, minha preferida dos caras. Teve um dos momentos mais barulhentos do show na parte final da canção e foi ovacionada.

O Grizzly Bear soube usar bem o palco do Cine Joia. Todos eles ficaram enfileirados na frente do palco, com exceção do tecladista, um músico de apoio, que ficou no fundoe de costas pro público! Por causa do formato do palco, afunilado no fundo, o tecladista colocou ali seu instrumento e dali criava diversas ambiências, climas e barulhinhos que serviam de cama pra que os demais desempenhassem com maestria suas funções.

São todos músicos muitíssimo competentes e talentosos. Todos cantam. O baixista, Chris Taylor, além de seu instrumento principal, tocou saxofone e clarinete. Edward Droste, além de ser o principal vocalista, tocou guitarra, violão, teclado e Omnichord; e Daniel Rosen, principal compositor da banda, tocou guitarra, violão, teclado e piano na apresentação. Mas é o baterista, Christopher Bear, quem mais impressiona ao vivo. Apesar de não “aparecer” tanto nos discos, ao vivo o sujeito é espetacular.

As três músicas que fecharam o show, antes do bis, também compuseram um belo momento do show. “Two Weeks”, provavelmente o maior hit da banda, colocou todo mundo pra cantar. Na sequência, vieram “Half Gate” e “Sun In Your Eyes”, mais lentas, introspectivas e emocionais, criaando um clima muito bonito pro fim da primeira parte do show.

No bis, tocaram três músicas, com destaque pra “On A Neck, On A Spit”, que funciona bem melhor ao vivo do que em estúdio – e foi outro bom momento do espetáculo.

Infelizmente, assim como erraram na escolha da música que abriu o show, erraram na música de encerramento. Senão na escolha dela, na maneira como foi apresentada. Tocaram “All We Ask” em formato acústico. Um erro.

Eu, apesar dos deslizes no início e no final do show, saí muito satisfeito com a apresentação do Grizzly Bear. Uma banda de músicos de primeira e músicas ricas em profundidade e inspiração. Músicas que, se podem ser chamadas de pop, acrescentam muito ao pop normalmente pobre que estamos acostumados a escutar.

SETLIST:
01. Speak In Rounds
02. Adelma
03. Sleeping Ute
04. Cheerleader
05. Lullabye
06. Yet Again
07. Shift
08. A Simple Answer
09. Foreground
10. Gun-Shy
11. Ready, Able
12. While You Wait For The Others
13. What’s Wrong
14. Two Weeks
15. Half Gate
16. Sun In Your Eyes

BIS
17. Knife
18. On A Neck, On A Spit
19. All We Ask

Fotos desta postagem retiradas do G1, por Guilherme Tosetto. Veja mais clicando aqui.

Veja “All We Ask”:

Vídeo por Ana Luiza Araujo

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