SETI – SUPERSIMETRIA

Depois do bom EP “Êxtase”, de 2015 (ouça aqui), a dupla de Campinas S.E.T.I. (Search for ExtraTerrestrial Intelligence) lança seu primeiro disco-cheio, “Supersimetria”, no dia 3 de agosto de 2018.

O disco apresenta dez faixas, onde Roberta Artiolli (voz e sintetizadores) e Bruno Romani (baixo e programação) se esmeram ao máximo pra criar um som sem fronteiras e identificável em qualquer parte do planeta. A ótima produção de Felippe Pompeo, com masterização de Luiz Café, deixa o som redondinho e palatável, música pop de qualidade, comercial e aceitável.

Há um conceito interessante por trás também. Supersimetria é (e aqui copio o texto da Wikipedia, desculpe-me), “em física de partículas, é uma simetria que relaciona uma partícula fundamental com um certo valor de spin com outras partículas com spins diferentes por meia unidade. Em uma teoria com essa simetria, pra cada bóson existe um férmion correspondente com a mesma massa e mesmos números quânticos internos, e vice-versa” (não que a gente vá entender muito, mas eis o artigo ou aqui algo mais aprofundado e com uma linguagem acessível).

No caso da S.E.T.I., “a banda transporta a ideia de pares subatômicos pro cotidiano humano, e observa como atitudes, por menores que pareçam, produzem resultados em algum ponto da existência – o que mantém o tecido do universo estranhamente simétrico. Dessa maneira, as dez músicas também se organizam em pares (a primeira canção se liga à décima, a segunda à nona etc.) e se conectam por temas, melodias, timbres, samples e ruídos – sempre há um ponto em comum entre elas”, de acordo com o informe oficial à imprensa.

À honrosa temática escolhida é de se lamentar o resultado propriamente dito. “Supersimetria” é disco pretensioso na produção, no sentido de buscar o melhor e mais refinado resultado, e frustrante na execução, no sentido de ter pouca inspiração, apesar de uma ou outra exceção indicar potencial, como é o caso da excelente “Popfobia”, a melhor faixa do disco.

As letras são interessantes, o vocal de Artiolli é delicioso, o instrumental pop-mas-não-mainstream tem seu magnetismo, mas algo não funciona.

Talvez seja a falta de ambição pra buscar o pop mais comercial e encarar o concorrido nicho com o potencial fracasso de quem se arrisca. “Supersimetria” ficou no meio do caminho, faltou fôlego. Com boa vontade, é possível enxergar a elegância que remete a alguma fase do Goldfrapp e Phantogram (“Desencanto” e “Alma”), mas constantemente fica a ideia de que a dupla enfrenta um conflito entre o que a sua música pode tentar ser e o que eles ideologicamente acham que deve ser (“Um Não-Viver” é uma balada deprimente, que acabou num limbo radiofônico dos anos oitenta por conta disso).

Mais do que simetria, o que a S.E.T.I. precisa é encontrar um equilíbrio.

01. Desencanto
02. Popfobia
03. O Ilusionista
04. Alma
05. Supersimetria Parte 1
06. Supersimetria Parte 2
07. 99 Dias
08. Um Não-Viver
09. O Quarto
10. Fúteis Imorais

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