SILVER APPLES NO TEATRO DO SESC VILA MARIANA – COMO FOI

No último dia do Festival Oscillation, o palco do Teatro do SESC Vila Mariana apresentou ninguém menos que Simeon Oliver Coxe III, o Simeon, ou Silver Apples, retornando ao país um ano e meio depois da passagem anterior, que, infelicidade das infelicidades, ocorreu numa sexta-feira de Carnaval.

Após a morte do baterista Danny Taylor, em 2005, Simoen assumiu sozinho o nome e, apesar das restrições impostas pelo acidente que sofreu em 1998, quando correu o risco de ficar paraplégico e acabou restringindo o movimento de suas mãos, consegue dar conta do recado com bastante desenvoltura até (do alto dos seus 75 anos).

Simeon se mostra bem disposto ao subir ao palco. O teatro nem está cheio, talvez com 60% da capacidade ou mais. Mas estar diante da sua invenção (uma parafernália que ele mesmo inventou e que por conta do acidente teve que ser simplificada e acrescida de bases de bateria pré-gravadas) o deixa bem mais animado. Está claro que aquilo ali é sua vida.

Seu show é praticamente o mesmo desde a volta em 2007. As bases são pré-programadas e ele segue rigorosamente um roteiro em papéis a sua frente, que possuem, inclusive, as letras das músicas. Quando há uma troca qualquer nas bases, ele se embanana. É o que aparentemente aconteceu aqui, mas não. Estava tudo certo.

Tanto que o setlist é idêntico ao do ano passado, com a exceção de incluir o novo single, lançado em 2012, “The Edge Of Love”. Quem viu aquele show, pois, viu o mesmo aqui. E isso é bom, porque durante pouco mais de uma hora a simpatia de Simeon, além das músicas que funcionam ainda melhor ao vivo, valem o espetáculo.

O destaque positivo é o “recado” que ele dá, ao tocar “Stream Of Sorrow”, do disco de 1999, “A Lake Of Teardrops”, que outras gerações se influenciaram e ficaram de olho nos seus movimentos musicais. O disco em questão foi gravado com o Spectrum, do Sonic Boom / Peter Kember, ex-Spacemen 3. Não sei se muita gente entendeu a conexão, porque de fato pouco importava, já que estar ali, vendo em ação aquele corte incalculável da história da música eletrônica e experimental, é o que realmente valia.

Simeon, dentro da programação, recebeu sua merecida ovação com a plateia em pé, ao final da “música que dá nome ao festival”, “Oscillation”, do disco homônimo de 1968, e voltou pro bis, pra tocar “You And I”. “Estava quase tirando uma soneca”, diz ele com bom humor. E, ao final, pediu pra ir dormir, sorrindo abertamente.

Seu vigor aos 75 anos talvez se justifique pela terapia que a música representa pra sua vida, o bem que ela faz. Ele se revigora ao voltar pra década de 1960, quando sua criação plantou sementes preciosas pra bandas experimentais e alucinógenas de hoje. Sim, olhar com respeito pro passado é um ótimo dever pra novas gerações. E uma bela terapia pra todo mundo.

01. Misty Mountain
02. Velvet Cave
03. A Pox On You
04. Streams Of Sorrow
05. Seagreen Serenades
06. The Edge Of Love
07. I Don’t Care What The People Say
08. Oscillations

BIS
09. You And I

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