THE ARCTIC FLOW – UMBRELLA

Esse é oficialmente o segundo disco cheio do Arctic Flow, projeto do estadunidense boa-praça Brian Hancheck. “Umbrella” saiu dia 10 de junho de 2017 e sucedeu o já longínquo “All The Way Until December”, de 2009 (clique aqui).

Não que Hancheck tenha ficado todo esse tempo sem produzir nada. Ao contrário, ele é até um tanto prolífico, com singles e EPs e homenagens natalinas nesse meio-tempo – teve até um lançamento que ele chamou de “micro-LP”, “Lost Wishes”, em 2014 (veja aqui).

Nas oito canções de “Umbrella”, o artista parece ter ficado satisfeito o suficiente pra “elevar” o status da obra. São oito músicas compostas, produzidas e gravadas por ele mesmo e que não saem do padrão Arctic Flow de ser: guitarras sonhadoras, vocais sussurrados, bateria eletrônica e melodias de ninar – é o C86 persistente e agradável.

O grande trunfo de Hancheck é não se importar com bobagens exigidas pela mídia especializada – que infelizmente talvez nem o ouça – tais como “evolução”, “inovação”, “sair da zona de conforto”. Bem, não são exatamente bobagens, a gente sabe, mas elas não servem a um artista que opera seu trabalho na mais absoluta cama da auto-satisfação. O som do Flow é exatamente esse e assim o será pro resto dos tempos, ao que parece (há exceções, como esse belo shoegaze ora lançado).

Em “Umbrella”, ele às vezes acelera, como na faixa-título e em “Perfume On My Pillow”, mas em base ele está quase sempre flutuando nas melhores nuvens do dream pop, com letras simples e convidativas ao lugar “onde as ondas quebram de graça” e onde amores são frustrados e vivem em memórias, desejos ou sonhos impedidos pela timidez – (a letra de “Umbrella” tem uma passagem singela, onde Hancheck canta como a encontrou na chuva e adoraria segurar o guarda-chuva dela, mas sempre que ela olha na direção dele, ele acaba desviando o olhar).

Os amores do Arcict Flow são inocentes, puros, literários, quiçá inalcançáveis. Em “Nothing Left”, ele diz que ela foi a escolhida e que há uma árvore, na margem do rio, onde eles passaram os dias de verão, à sombra, onde se beijaram e tomaram uma limonada, mas que na real foi tudo uma narrativa do que deveria ter sido e nunca foi. Em “I Can’t Decide”, ele fica na dúvida se quando ela sorri ela está sendo gentil, sendo simpática ou se de fato gosta dele.

Parece que ele nunca vai saber. A distância causada pela incomunicabilidade é intransponível e o melhor jeito de transformar isso em realidade é cantando, poetizando. Quando o coração aperta, cante, diria o melhor dos conselheiros.

Hancheck escolheu a simplicidade e ela ainda é uma grande arma pro encantamento. Hancheck não precisa mudar de direção, experimentar ou nada do tipo. Mas essas talvez sejam todas memórias de um Hancheck adolescente. É onde ele busca inspiração. Hoje, ele é um cara casado, com filhos e aparentemente bem feliz. Ao final, em “As Long As You’re Beside Me”, ele consagra o homem que é agora: “enquanto você estiver por aqui, eu não preciso estar sozinho, as memórias jamais vão me amedrontar”.

Ouça na íntegra:

1. Crashing Waves
2. Port Orange
3. Umbrella (clique aqui pra ver o vídeo)
4. Take My Heart (clique aqui pra ver o vídeo)
5. Perfume On My Pillow
6. Nothing Left
7. I Can’t Decide
8. As Long As You’re Beside Me

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